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Não olhei o mar, não reparei se as ondas se elevavam em enigmática vertigem, em cascata de espuma, até ao céu, ou se enlaçavam as rochas negras num pequeno e magoado desejo de conciliação.
Não vi turbilhões nem tampouco clarões dissimulados….
Abreviando e simplificando… se elas (as ondas) eram amorosas ou furiosas; se ele (o mar) estava zangado ou tranquilo ou divertido, enfim.
Não sei nada dele, não o olhei sequer.
Mas ele é o principal.
Saí ao princípio da tarde. Passeei na avenida, aproveitando o sol esplendoroso e uma temperatura acolhedora. Encontrei-me com uma amiga, passeamos, conversamos… e quanto a mim, não desanuviamos de problemas.
Sentamo-nos na esplanada do BH e um solícito empregado veio dizer-nos claramente que não estavam a servir. Pois. Não fez mal. Estivemos. Não nos consumimos por demorarem tempo infinito a servir, foi ideal.
E quando tivemos tudo desconversado, separámo-nos e seguimos a pé em sentidos contrários, apesar de com o mesmo objectivo, para nossas casas.
Estava cansada e quase adormeci quando cheguei. Duas horas de caminhada e um longo intervalo, sem o mar de apoio e estímulo…
Na realidade, senti-me descomprometida, demasiado descontraída e incapaz de testemunhar o que senti, o que vi e o que não vi, sobretudo o que não vi, e de arriscar pensamentos universais, lúcidos e aptos a salvar o mundo.
Eu queria um dia diferente apenas, o que aconteceria se não tivesse o amparo da minha principal fonte de emoção. Seria diversa a paisagem, o mesmo lugar. E tive-o facilmente: bastou não olhar o mar onde tudo acontece, desprender-me dele e da sua magia irradiante.
Para mim, sem bons resultados.
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