A razão porque se chama assim esta rua, que se tornou uma das mais importantes do Porto, pode estar ligada ao facto de ter belas casas, moradias do século XIX pertencentes à antiga burguesia portuense. Algumas são palacetes rodeados de jardins magníficos, onde se vivia muito ao gosto dos ingleses e de outros estrangeiros que vieram negociar, se ligaram a famílias portuenses, e ficaram por aqui.
Essas casas e os jardins que restam dão ao local um ar mais aberto e menos poluído, mais alegre, sem dúvida. Recordo a casa dos nossos amigos Perkins e o seu jardim esplêndido, destruídos para ali se instalar uma secção da Universidade; recordo os Burmester, os Gilbert e sei que moraram neste lugar os Andresen, talvez a Sophia de Melo Breiner, a família O’Neil... A Faculdade de Letras, o Jardim Botânico, outros departamentos da Universidade, o Clube Universitário, o Cricket Club estão ainda ou já não estão ali instalados.
Logo no princípio, quem vai da praça do Império, corre uma meia rua ao longo de uma parte da do Campo Alegre, chamada do Montebelo; à direita existe uma capela restaurada em 1941 e re-restaurada em 2001; foi feito um largo empedrado, uma fonte de pedra, espaço de jardim com liquidambers agora de boa dimensão e bonitas cores.
Logo a seguir, tem resistido ao tempo um elegante aqueduto que levava a água dali para o Mosteiro de S. Francisco (?).
Quase todos os dias, passava e entristecia com o estado a que chegara a peça arquitectónica, que penso ter grande valor histórico e estético, a cair, pedra a pedra, sem que isso parecesse incomodar alguém. Falei a muita gente e cheguei mesmo a sugerir na Fundação Cultural que vai ter sede nas imediações, que patrocinasse um restauro: não iam querer ver um objecto daquele valor, todos os dias, mesmo defronte dos seus olhos, em avançado estado de degradação.
Imaginem agora: passei por lá esta semana e
andavam operários a reconstruir o aqueduto!
Fiquei fascinada. Deambulei um pedaço por ali, fui tocar no objecto em questão, dei umas voltas, esfreguei os olhos às vezes embaciados e… tive que acreditar.
Falei para a Câmara Municipal, mas não obtive respostas satisfatórias.Parece que ninguém sabe de nada: existe um aqueduto na cidade do Porto?! A ser reconstruído? Não terá alucinações?!
Assim, de novo preocupada, penso: como irá ficar depois das obras?
Acredito que a ignorância que há acerca delas, não significa que não estejam entregues a pessoas bem qualificadas.