As pequenas casas restauradas pelo arquitecto Álvaro Siza continuam a funcionar bem como turismo rural, mas a casa da família e a piscina, uma jóia inestimável, sofreram algumas alterações.
O tempo só por passar degrada e muitas vezes não é possível recuperar. E por muito que se lamente, por muito doloroso que seja, torna-se necessário alterar.
Um acidente de Inverno, uma inundação, um derrube de muro, fendas na parede, levaram a fuga constante de água da piscina, constante e impossível de continuar do mesmo modo para sempre. E aquele objecto de culto, deixou de o ser.
A escassa semana em Moledo, na Casa da Eira, em Agosto último, levou-me a recordar tempo de vida, horas e horas que devem somar anos, ali passado com tanto prazer que me é difícil aceitar a nova versão.
(Ernesto da Veiga desfolha a vinha junto da casa)
No lugar sagrado, aquele tanque era … um altar.
Gosto, como é natural, de viver o mais perto possível dos objectos sagrados. O "sagrado está saturado de ser", é a "realidade por excelência", "equivale ao poder". É o ponto fixo absoluto, o centro.
No entanto, no tempo presente, quando estou na Casa, descanso, apanho sol, fico num lugar outro. Não preciso descalçar as sandálias: o local está des-sacralizado.
Compreendo como é necessário cultivar pensamentos positivos tal como me é recomendado no pequeno cartaz oferecido um dia pelo Pedro e colocado no vidro da estante.
Nele, vejo imagens de belíssimos amores-perfeitos e leio as legendas: Profiter de chaque instant, sourire interieurement, accepter le changement, faire confiance à la vie, être joyeux, remercier, ouvrir son coeur…
Obrigada, Pedro, por me lembrares a importância disto.