Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
foto de J.Cardoso
O que podem ser dois dias na vida de alguém cuja esperança de vida ultrapassa os oitenta? Podem ser algo muito importante e impossível de esquecer. Tive esses dois dias, esta última semana: tentei compreender a vida de jovens muito especiais, olímpicos. Eles andam aí, cruzam-se com qualquer nas ruas, nos cinemas, nas discotecas, nos festivais de música, mas... são tão diferentes!
As qualidades do Salvador Mendes de Almeida estão fora das características que definem a cultura dominante em Portugal, segundo José Miguel Júdice a propósito de Pequim (artigo do Público, na última 6ª feira). Nessa cultura, que é a da maioria de nós, temos direitos e não deveres, o esforço e o sacrifício não são valorizados nem o trabalho nem a formação, o sucesso só cria invejas, somos pouco ambiciosos, desistimos quando não podemos ganhar e somos incapazes de autocrítica já que a culpa dos nossos fracasssos é sempre dos outros, etc. etc.
Porém, o Salvador e os seus amigos contrariaram a cultura dominante ao transformarem para mim aqueles dois dias no tempo maravilhoso do melhor dos mundos. Ouvir os seus pensamentos e apreciar os seus sorrisos, não de protocolo, foi o que de melhor e mais agradável realizei nesse pequeno tempo.
Porque eles estão de bem com o mundo apesar de tudo o que acontece - e muitas coisas nada boas já lhes aconteceram.
Não ficaram à espera: deram o primeiro passo; e valorizam o esforço em geral, trabalham, interessam-se, persistem, acreditam que são capazes.
Enfim, vêem o sol e sabem que ele, que agora se põe, vai voltar a nascer amanhã e a iluminar tudo. Para nosso benefício.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.