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A moral da vulgaridade

por Zilda Cardoso, em 17.03.19

 

Qualquer novidade tem características interessantes - mesmo que seja o que chamamos má notícia ou novidade má. Por ser novidade é diferente. E como diferente é inesperado e dará gosto conhecer.

O que acontece pela primeira vez traz mais benefício do que o que é repetido. Se houver curiosidade, que é muito diferente de bisbilhotice, pode levar a um conhecimento sério, a um melhor conhecimento.

Mesmo a linguagem fica antiga a partir do momento em que é repetida, diz Barthes.

Sem dúvida, estamos sempre a repetir palavras. Em princípio e porque temos o desejo de comunicar e de nos entendermos uns com os outros, temos de repetir as palavras que toda a gente conhece, o que aprendemos desde o berço, senão como nos entenderíamos? Falando a mesma língua, não é verdade?

Parece ser possível que a repetição dê fruição, mas não é comum nem é o meu caso, não é o caso das pessoas que melhor conheço. Por vezes, desperto de manhã com um ritmo repetitivo excessivo, uma música encantatória que se repete na minha cabeça e não consigo calá-la: dá-me cabo do entendimento… E ando todo o dia naquilo, repisando a litania enfadonha que talvez se repita no dia seguinte, ultrapassando o que contei como intervalos de teatro ou da vida em que nada acontece.

Ninguém tem nada com isso, apenas eu, não é? Só me incomoda a mim. Sofro, não tenho nenhum prazer.

O que acontece na televisão é que é vergonhoso: repetem-se sem fim conteúdos e esquemas ideológicos, repetidos em diferentes canais e programas, variando apenas as formas de apresentação... que são superficiais. O sentido é sempre o mesmo.

Esses programas não têm nada de inovador nem de imprevisível e a linguagem que usam é estereotipada ao infinito.

Seduzirão a maioria dos espectadores? Só aqueles que por razões de saúde e outras não têm diversa forma de entretenimento.

A televisão é um meio privilegiado de aprendizagem seja do que for, por isso, faz pena que não seja aproveitado devidamente. Quero dizer, também com um fim cultural um tanto superior.

Não posso deixar de pensar que o que é apresentado é um abuso: é um considerar que os espectadores não merecem mais.

E que não vale a pena.

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publicado às 19:32




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