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Quero falar do acontecimento mais importante do dia: faz sentido. Mas tenho de o eleger. E devo procurar o momento certo para a eleição.…
Começo por tentar compreender e definir o que seja o mais importante. Para quem? Onde? Em que época? Importante no próprio País, no Ocidente? No meu grupo e no meu tempo?
Escrevê-lo-ei de uma maneira ou de outra de acordo com a forma como o sinto. E posso descrevê-lo do mesmo modo, com idêntico sentimento.
Não estou impressionada com os acontecimentos políticos nem com os desportivos. Não com o Casillas nem com o primeiro restaurante vietnamita no Porto. Não com o calor à beira-mar, neste princípio de Maio, nem com os turistas que já invadem a cidade e põem os nossos pequenos negociantes a tiritar de prazer.
O acontecimento mais importante do meu dia, aquele que eu deveria ligar a factos reais, apenas posso encontrá-lo ao fim do dia, naturalmente, quando o Sol se vai e me leva com ele o coração e eu sinto em mim o vazio ou o espaço para novos aconteceres.
Quando mergulha e se vai, é um globo incandescente, um mundo integralmente dourado e intensamente brilhante graças ao desejo de nos deixar fascinados, penso.
Por momentos, metade do meu horizonte fica dourado, cor de laranja e azul, como está. E é muito belo.
As gaivotas e os outros começam a passar para penates, a temperatura baixa e tudo se aquieta.
Escurece lentamente e talvez as estrelas venham a decorar o céu, torná-lo deslumbrante mais tarde. No momento, é azul claro com amarelo e com alaranjado, com rosado...
“O conhecimento diminui a amargura da velhice” parece ter dito Leonardo da Vinci.
Se ele disse deve ser verdade, ele sabia pensar. E porque acredito, tento adquirir, um pouco à pressa, os mais variados e valiosos conhecimentos. Consegui alguns hoje.
Por exemplo, houve um acontecimento importante de manhã, muito informador, provocado por mim: prestei homenagem àqueles que muito estimo, que continuo a estimar, que me amaram e mesmo se sacrificaram para que eu tivesse o melhor. E que agora estão finalmente serenos.
Levei-lhes flores brancas e deixei-as em água fresca. Varri as folhas secas e promovi o silêncio no lugar. Ficou um silêncio tão peculiar quando saí! Um silêncio tão sorridente!
Desejei que estivessem bem, eu fiquei bem. E a saber que é possível tirar excelente proveito espiritual de um quase nada, de um pequeno intervalo…
O outro acontecimento foi a visita à exposição de Escher, o grande artista gráfico holandês, na Alfândega. Fiquei a reflectir no interesse e na beleza do seu surpreendente e inteligente trabalho que será uma pena não ser visto por um enorme número de pessoas no Porto, como tem sido noutras cidades.
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