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Preparamo-nos durante horas, fazendo sacos e saquinhos para dois dias fora de casa com uma caçada pelo meio. Caçada a perdizes inocentes que se vêem envolvidas sem quererem num combate desigual. Escrevi imenso durante anos sobre o meu desgosto de caçadas. Não é esse o meu propósito hoje.
Na realidade, fui com gosto, como acompanhante, para rever amigos e para passear por terras, para mim, não muito conhecidas.
Voltando um pouco atrás… Enchemos o carro com bagagem sem fim. Começámos bem cedo, porque queríamos chegar com dia. Pusemos o cinto logo, ao contrário do costume, mas tudo devia estar dentro das regras para que corresse pelo melhor no melhor dos mundos.
E quando ele rodou a chave da ignição, o carro fez um estranho ruído.
“Que esquisito”, diz, “já ontem à noite, depois que meti gasolina, fez um ruído semelhante.”
“GASOLINA! Será que meti gasolina em vez de gasóleo?! “
O motor continuou a fazer um barulho cada vez mais duro.
Tinha sido isso mesmo.
Foi um desmoronar… um desacreditar... Tinham sido 51 litros: gasolina de mais para um motor não preparado.
- Como vamos fazer? O que acontece...? O que pode acontecer? pergunto eu.
“Não anda!”, responde ele. “Não funciona enquanto lhe não tirar o combustível errado.”
- Que complicado e que demorado. Então vamos no meu, abandonamos este.
Tivemos que retirar do carro toda a tralha ali colocada criteriosamente na mala pequena e nos bancos de trás e por baixo dos bancos (não imaginam a quantidade de utensílios necessária para uma caçada). Estivemos uma hora naquela mudança, inquietando-se ele excessivamente em descobrir por que razão tinha feito aquilo. Nunca se perdoaria uma falha destas, nunca.
Começámos a viagem desmoralizados, mas decidimos, ainda antes de chegar à Ponte, contar-nos umas anedotas bem divertidas, e rir como bom remédio – o que funcionou.
Chegámos ao fim da tarde e fomos recebidos pelos amigos de lareira acesa e copo de vinho branco fresco ou tinto mais caloroso. Muito aconchegados naquele calor, quase esquecemos o incidente.
Para o jantar, estava preparada uma surpresa: as senhoras foram convidadas a ficar numa mesa redonda, um degrau acima do nível normal da maior parte do pavimento do chão. E os homens... a ficar numa grande mesa rectangular na mesma sala um degráu abaixo.
Eu apenas perguntei - por quê? A resposta não foi satisfatória e eu continuei a interrogar o anfitrião amavelmente responsável.
Na verdade, todos sabiam por quê. Eles queriam discutir política, situação financeira, corrupção em termos sérios e nada amáveis, de modo que entenderam muito bem que as mulheres, se bem que muito interessadas, não estavam dispostas a estragar o convívio e o jantar com temas e termos corrosivos.
Elas têm uma sabedoria que eles não atingem!
Talvez nunca venham a saber o que perderam. Divertimo-nos todo o tempo com histórias engraçadíssimas, rimo-nos em abertas gargalhadas enquanto eles sorumbáticos continuaram a discutir sem qualquer resultado os seus temas predilectos, aparentemente, muito masculinos.
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