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Foto de J.N.
Na casa do Pedro, é evidente o seu interesse pelo budismo. Há magníficos livros sobre o Himalaia, o Tibete, o Bali... com as mais belas imagens destes lugares que é possível imaginar, e que não é possível imaginar. Há almofadas de meditação, um certo ambiente de tranquilidade que não deixa dúvidas apesar do ruído dos aviões que passam sobre a casa de tantos em tantos minutos, e da estridência das ambulâncias-ao-longe que entra pela sala dentro. Os pensamentos dos mestres estão recolhidos nas 365 páginas com imagens coloridas de um livro que está sempre sobre a mesa da sala de estar. As fotografias do Dalai Lama aparecem um pouco por toda a parte à mistura com as pinturas e as fotografias de arte que mais aprecia.
Há alguns anos que o Pedro estuda com gosto a filosofia, a ética e as técnicas de meditação dos mestres tibetanos. Procura seguir os seus ensinamentos e, sem dúvida, a sua visão do mundo - a maneira de pensar, de entender, de sentir, de experimentar - alterou-se.
Ele não pensa só em si, e também não pensa só nos outros, aprendeu que "não existe felicidade individual" e que há uma ligação entre a felicidade interior que procura e a dos que o rodeiam.
Faz o possível por não perder o seu laço com a natureza apesar dos computadores e de todas as outras máquinas que tem de utilizar. Interessa-se pelas plantas, pelo seu jardim que neste momento sofre a sua ausência (pediu-me que o regasse). As copas altas das árvores recortam-se permanentemente no céu azul e é isso que avistámos da sua sala, lugar onde há luz vinte e quatro horas por dia.
No presente, o Pedro tem consciência clara de muitas coisas de que não se apercebia antes, e sabe que é preciso uma disciplina constante para renunciar aos velhos hábitos mentais.
Continuará, julgo eu, à procura da sua paz de espírito, mas agora reconhece que ela "tem raízes no afecto e na compaixão". E que é necessário praticar muito para se ser mestre nesta arte de viver feliz. O segredo pode ser aprender a dominar as emoções dolorosas - a cólera, a ambição desmedida, o desejo, o orgulho, o ciúme, o ressentimento... Além de que é apaziguante saber que "um inimigo é uma coisa rara".
Ele procura o equilíbrio entre duas culturas: uma que não quer abandonar de todo e a outra que o atrai.
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