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Não estava ninguém nas ruas com olhos de festa como é costume quando o sol brilha por aqui e é dia de pequenas tarefas.
Os brilhos estavam todos no mar, extraordinário, no rio, precioso, nos carros dos que não queriam caminhar, nas casas lindas, não nas outras, e até nos capacetes dos “motoristas”.
Os brilhos estavam lá, o céu era liso e azul, o horizonte limpo, os barcos à vela deslizavam suavemente e os outros fixavam-se ao longe, imperturbados.
Havia muito movimento, o vento fazia dançar as folhas frescas das árvores de Maio e os estudantes exibiam a capa negra com orgulho e tranquilidade, sem pensar em praxes loucas.
Mas os sorrisos não estavam nos rostos dos passeantes.
Vi um desfile de carros electricos do Museu de diferentes épocas, o da frente puxado por um cavalo, cheios de gente e os autocarros amarelos e os vermelhos a abarrotar dos que estariam felizes embora estrangeiros.
Não vi os sorrisos nos olhos das pessoas.
Tinha estado no jardim do Palácio de Cristal onde um palhaço vermelho se esforçava por animar e trazer os risos aos semblantes de cada um. E na Miguel Bombarda havia inaugurações simultâneas.
A exposição da Vantag, perturbadora, colocava problemas e provocava reflexões. Talvez seja isso a arte destes dias. Muito interessante a ideia do jogo de Jorge Cardoso. Da folha de sala, permito-me traduzir, talvez mal, o último parágrafo. “ A metamorfose desta exposição num jogo… é a maneira de celebrar a fruição de simples e complicadas coisas… para ver… para ponderar… para escolher… para decidir…ser arte.”
Voltei ao Palácio para a exposição de Vieira da Silva, uma beleza infinitamente reencontrada, com textos de Sophia e uma parede enorme de excelentes fotografias da artista e de Arpad Szenes
Mas não vi nunca alegria nos olhos de Maria Helena.
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