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Convenci-me, esta manhã, de que o mundo era constituído por camadas de folhagem de muito diversas cores e formas. Cores distintas.
Quero dizer, todas verdes mas de muitas tonalidades, sombras e transparências, pela razão de observar da janela do meu quarto que é um largo rectângulo desenhado pelo Siza e… É isso. Camadas verdes sobrepostas, camadas e camadas. Séries, talvez possa dizer, layers.
Vem um vento leve e as folhas dançam, detêm-se e logo voltam a bailar. Modificam as suas posições nas árvores e nas ramadas.
No abacateiro, as folhas duras e compridas sentem o vento a um ritmo forte e dançam com tal entusiasmo que, por vezes, caem pesadamente. Que digo? Pesadamente? Até tilintam no chão, como vidro!
O mesmo vento nas folhas da vinha é sentido com moderação, a dança poderá dizer-se nostálgica. Será um tango dengoso, meio argentino, meio uruguaio.
Alteram-se as sombras.
Há-as de folhas projectadas nas folhas de outra camada de folhas. E todas elas cabriolam: as folhas e as sombras. Vê-se o céu azul, muito azul, em minúsculas figuras geométricas por entre as camadas/estratos verdes.
Então não é só verde, parece que o vento tem cor e empresta-a. Ou modifica a cor do mundo, aqui, na minha frente e na minha presença.
Logo vem o sol e dá-lhes pitorescos coloridos e mesmo novos perfumes. Corro a cortina e admiro a projecção dos ramos sobre ela, através do vidro. Miro do outro lado, de dentro do quarto.
E tento adivinhar o que está a acontecer.
Fotografo para que vejam e me possam ajudar a descobrir e a inventar.
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