Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Estive na Quinta do Casal do Condado, em Ponte de Lima e, sem dúvida, a beleza do espaço fez a diferença entre o presente e qualquer dos recentes dias.
O Outono na Quinta é definitivamente fascinante em termos estéticos. E não estou a exagerar: pode confirmá-lo se por lá passar, quem por lá passar, nesta época.
Tudo se revela muito acima do alguma vez esperado: a inconfundível beleza das árvores e dos arbustos e dos cactos exóticos; e os lagos, e as águas dos riachos que correm, que caem e que logo continuam a despachar-se por entre as pedras, produzindo os pequenos sons agradáveis e macios das cantigas de todos os bem aventurados e felizes realizados. São as águas que entram e saem e se esvaem mais longe, já fora do terreno, no rio Torto ou Tinto ou não sei.
A Quinta é um lugar de cultura, onde o gosto pela natureza determina o trabalho a realizar nela, cada dia.
E cada árvore é particularmente relevante nalgum aspecto: algumas na cor e nos matizes da folhagem, outras e as mesmas na forma das copas e na pele dos troncos, no perfume dos frutos maduros a intumescer, e na finalidade, naquele espaço, de cada uma e de toda
Ainda estão por ali os frutos vermelhos silvestres, as muito aromáticas ervas, as flores roxas, os inúmeros botões fechados e apertados de camélias das japoneiras, as roseiras a quererem florir…
E há, do mesmo modo, aquelas sonoridades muito filtradas e que, por isso, se não definem de todo. Não encontrei o meu amado silêncio, não, não o houve. Os sons, os pequenos sons macios de que falei, são os da água que canta e se prolonga e não se cansa porque é isso que ela faz. E porventura de qualquer coisa que se não define ou que não sei definir…
Venho de lá sempre comovida, mas tão confortada! Tão aberta ao mundo. A sentir que talvez tenha uma alma razoavelmente contemplativa que se apercebe da perfeição das coisas, apaixonada por elas, capaz de descobrir, de ver, de transmitir a partir delas imagens reluzentes!
Daí a pouco em pleno campo, desatou a chover, acordando-me daquela realidade. E depois abriu o sol. E depois voltou a chover aquela chuva obliqua, sabem?
Que dia diferente! Que dia tão diferente!
Fotografia de Gabriela Gonçalves.
(Tenho vindo a falar de dias desiguais. Registo que hoje foi um dia muito desigual, mais do que qualquer dos anteriores).
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.