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Pistas culturais
para portuenses antes de 2001
de Jorge Cardoso
Tenho tido a sorte e o privilégio de assistir a inúmeros espectáculos/manifestações culturais no Porto, com maior intensidade nos últimos anos.
Alguns tiveram assistências satisfactórias; no entanto, os mais estimulantes e originais foram presenciados por um reduzido número de iniciados.
Obviamente, não ocorreram nos espaços mais conhecidos (Rivoli, Serralves, S. João…) nem tiveram divulgação generalizada.
Em certos casos tive a sensação de que era o único espectador (no sentido rigoroso do termo) porque as poucas pessoas à minha volta ou estavam ligadas à organização ou eram amigas dos actores ou conheciam a encenadora ou…ou…
Aliás o embaraço das improvisadas portarias/bilheteiras em encontrar trocos levavam-me a concluir que devia ter sido o único a comprar bilhete!
E, no entanto, assisti a pequenas maravilhas… momentos não registados (não filmados, não fotografados, não gravados) e que se vão perder no tempo… (esta frase é de um replicant no Blade Runner) a não ser o que restar de forma subjectiva e esfumada na memória de alguns…
Depois vai-se criando o hábito… o gozo de continuar a descobrir e participar nestes eventos marginais… Alguns lugares (antigos pavilhões industriais, casas abandonadas…) são fundamentais para o efeito pretendido.
Os espetáculos são naturalmente híbridos: não é só dança, não é só teatro, mímica ou videoarte. Há muito que, felizmente, se quebraram as barreiras entre as artes. Por outro lado, nestes locais também não há uma distinção entre espaço cénico e plateia. Compete-nos circular, procurar onde as coisas estão a acontecer (…”happening”?...).
(continua)
Texto de 30-10-2000 gentilmente cedido pelo seu autor.
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