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NUNCA ESTOU SÓ

por Zilda Cardoso, em 24.11.19

 

Devo repeti-lo: na minha contemplação deste mundo, tal como o vejo hoje, há motivos suficientes para o amar.

Lamento estar só quando estou só, mas a maior parte das vezes, afortunadamente, mesmo só, tenho com quem conversar! E converso porque discorro com proveito para alguém e para mim própria.

Não se trata da “grande conversa universal” de que fala Steiner, não chego lá, essa não é para todos os dias, mas de uma conversa minimamente ampla e reflectida, concentrada e cuidadosa, disciplinada, que aceita que a sua criação, mais ou menos filosófica, pode ser tão difícil como a composição de um quarteto de Beethoven. Para mim... seria muto mais).

Fico atenta àquilo que me rodeia e ensaio compreender e explicar.

Apesar de que não preciso de descobrir o sentido da realidade. Seria absurdo. Mas é pertinente procurar o sentido da ficção.

Porque isso é o que nós inventamos, logo é incerto como tudo o que fazemos.

Mas se inventámos, mais ninguém inventou. É desconhecido.

Outros criarão com o mesmo propósito coisas totalmente diversas. Então é melhor pensar nelas, procurar entendê-las.

Não apreciaria um mundo caótico, mas um em que a minha alma estivesse envolvida e em que pudesse envolver a alma de quem me lê ou me ouve ou me vê.

Gosto de estar só até ao ponto ou ao momento em que não descubro mais respostas nem desafios, quando se esgotaram as contestações possíveis.

Tem ficado muito por dizer e transmitir no que digo. Tem sobrado muito que talvez não chegue a ser noção, informação, conhecimento.

Será intuição que talvez possa ter mais valor.  Um clarão de vez em quando seria benvindo!

Na verdade, não sei o que de puramente racional queria dizer hoje.

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publicado às 16:59





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