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Nostalgia do Paraíso

por Zilda Cardoso, em 08.11.16

Às vezes, perguntam-me se sinto nostalgia do paraíso.

Suponho que se referem a este paraíso de que falo no meu livro, mas possivelmente também ao outro, ao que se escreve com maiúscula.

Vem a propósito, agora que vai ser reeditado “A Rua do Paraíso”, vem a propósito saber o que penso de ambos e se gostaria de lá voltar (no caso do primeiro) ou de o conhecer (no caso do outro).

Nostalgia do Paraíso será o desejo de cada um de nós de se encontrar sempre e facilmente no coração do mundo. Que é o espaço sagrado, acessível e inacessível, único e transcendente, ambivalente e repetível sem fim, símbolo de imortalidade, labirinto. Tudo o que podemos imaginar de perigoso e útil, atraente e repelente, belo e guardado por monstros… eu sei lá.

Sim, se não tivesse medo, gostaria de o conhecer.

E há a nostalgia deste paraíso que me é familiar, que não tinha nem tem nada de sagrado, na minha opinião, mas que se tornou para mim, com o tempo um lugar sagrado, mítico.

Não gostaria de regressar ao lugar que já não existe, de resto, mas sempre quero voltar àquele que se encontra guardado na minha memória e que será mais o que inventei sem querer inventar, sem ter qualquer intenção de forjar ou de compor fosse o que fosse, do que o que alguma vez existiu. A esse voltaria sempre, ao paraíso da minha lembrança.

A nostalgia dele existe em mim enquanto metamorfoseado pela imaginação e pela sensibilidade em verdadeiro Paraíso.

E como aconteceu e acontece sempre com todos os paraísos, quando me libertei deste e emigrei para outros lugares, senti-me verdadeiramente punida: liberta e presa para sempre.

Aquele lugar era realmente único.

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publicado às 20:30


4 comentários

De Anónimo a 11.11.2016 às 20:28

É sempre bom voltarmos aonde fomos felizes...nem que seja numa "viagem" interna...nem que seja num sonho...nem que seja num momento muito breve...!

De Zilda Cardoso a 12.11.2016 às 07:43

De acordo, obrigada pelo comentário.
Foi um período da minha vida em que houve momentos felizes e outros infelizes como em todas as vidas. Mas ligamos sempre muita importância a acontecimentos da infância e da juventude e eu estava atenta. Conheci pessoas inesquecíveis a quem estimava e que me estimavam. Nunca poderei falar delas sem me comover . A Srª Magnífica ou a Srª Quitéria que me favoreciam com a excelência dos seus produtos e sobretudo com a sua atenção, o seu carinho eram algumas das favoritas e representavam um mundo que já não existe e que gosto e tem interesse relembrar.
A rua do Paraíso é um lugar... como hei-de dizer?... emblemático duma época, apreciaria que fosse visto como tal. Porque já não existe.

De Victor a 12.11.2016 às 17:25

...um lugar com esse nome "paraíso" só pode dar vontade de lá voltar sempre...por isso deve ser preservado...na memória...no coração...onde criou raízes...!

De Zilda Cardoso a 13.11.2016 às 19:03

Obrigada, Vitor. Sim criou raizes saudáveis. Ficará.

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