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Às vezes, perguntam-me se sinto nostalgia do paraíso.
Suponho que se referem a este paraíso de que falo no meu livro, mas possivelmente também ao outro, ao que se escreve com maiúscula.
Vem a propósito, agora que vai ser reeditado “A Rua do Paraíso”, vem a propósito saber o que penso de ambos e se gostaria de lá voltar (no caso do primeiro) ou de o conhecer (no caso do outro).
Nostalgia do Paraíso será o desejo de cada um de nós de se encontrar sempre e facilmente no coração do mundo. Que é o espaço sagrado, acessível e inacessível, único e transcendente, ambivalente e repetível sem fim, símbolo de imortalidade, labirinto. Tudo o que podemos imaginar de perigoso e útil, atraente e repelente, belo e guardado por monstros… eu sei lá.
Sim, se não tivesse medo, gostaria de o conhecer.
E há a nostalgia deste paraíso que me é familiar, que não tinha nem tem nada de sagrado, na minha opinião, mas que se tornou para mim, com o tempo um lugar sagrado, mítico.
Não gostaria de regressar ao lugar que já não existe, de resto, mas sempre quero voltar àquele que se encontra guardado na minha memória e que será mais o que inventei sem querer inventar, sem ter qualquer intenção de forjar ou de compor fosse o que fosse, do que o que alguma vez existiu. A esse voltaria sempre, ao paraíso da minha lembrança.
A nostalgia dele existe em mim enquanto metamorfoseado pela imaginação e pela sensibilidade em verdadeiro Paraíso.
E como aconteceu e acontece sempre com todos os paraísos, quando me libertei deste e emigrei para outros lugares, senti-me verdadeiramente punida: liberta e presa para sempre.
Aquele lugar era realmente único.
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