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Há os que não sentem o apelo do transcendente
que “vivem” num lugar determinado
e não abrem o olhar para o longe…
que não procuram “um país inocente”.
Trabalham de olhos na terra e não têm tempo
não prezam o sabor do sol
não conhecem os nomes que falam de amar
não gritam, não cantam, não se despem nunca.
Não enxergam as uvas em cachos verdes
na ramada a frescura do vento o espaço
dançando aberto e cheio de perfume de algas
e de mel do favo.
Não vêem as luzes da bruma da manhã
pousadas nas árvores ou a boiar na água
não ouvem a vibração do mar distante
não procuram captar o NADA,
o centro imóvel do mundo, o secreto absoluto.
Nada sabem de eterno retorno, de formas
de palavras tão leves que não magoam o silêncio.
Não se sentem nunca respirar em uníssono com o universo.
Cegos, mudos, surdos, insensíveis às presenças intocáveis
trabalham de olhos na terra e apontam só os vermes
os buracos, as pedras escuras, as ervas secas
e o que está por-fazer.
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