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A Feira do Livro do Porto tem este ano um interessante programa de actividades: concertos, cinema, debates, exposições, leituras, oficinas… Homenageia-se Agustina Bessa-Luís como escritora de génio entre 4 a 20 de Setembro.
Ontem fui assistir à apresentação de um livro pouco conhecido de Agustina de que foi feita uma nova edição - Crónica do Cruzado Osb. Vou gostar de o reler tantos anos depois da sua primeira publicação e minha leitura em 1976, apenas alguns meses após a Revolução de Abril.
Pedro Mexia apresentou o texto como uma reflexão sobre a revolução portuguesa que Agustina tenta perceber. Não é uma revolução abstracta mas uma que está a acontecer, é seu e nosso privilégio poder reflectir sobre ela como um acontecimento. É vista como uma libertação, mas a liberdade é uma qualidade do espírito, não resulta só da luta de classes. Talvez tivesse havido uma revolução pessoal para alguns de nós, para muitos de nós; a reflexão sobre a revolução real pode ter-nos dado uma visão antropológica do acontecimento que foi nitidamente ostentatório.
Vou ler o livro.
Saí do Palácio e desci à marginal do rio para regressar a casa. Passavam por mim os carros a toda a velocidade, buzinando com quase fúria sem pensarem por que razão aquela estrada da beira-rio era tão estreita, deixava tão pouco lugar para a circulação automóvel. Era assim para que pudéssemos gozar a beleza do sítio, agora, enquanto somos vivos e sabemos fruí-la.
“Se têm pressa, vão pelo centro da cidade! E deixem a beira-rio para os apreciadores! Depois de mortos não venham ensombrá-la!” - gritava eu sem que alguém me ouvisse.
Não venham como fantasmas, não os queremos. Este é um lugar de sol e de reflexos brilhantes, de cores vivas e de suavidades, de verdes apetitosos e de dourados, de azuis, de prateados…
Não venham como sombras!
Tenho de fixar este cartaz em todas as entradas deste caminho marginal.
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