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Espírito olímpico

por Zilda Cardoso, em 14.08.16

Não acreditem se algum dia lhes disser que este é o mesmo sítio que desde há 2 semanas me entusiasmava com o seu brilho, o calor, os risos e as correrias de miúdos e de graúdos, os movimentos vivos de tanto viver com alegria, os gritos das gaivotas e o ar insuportavelmente quente e difícil de respirar sem queimar por dentro…

Hoje não há vento e essa espécie de neblina de cor lilás que caiu sobre este tipo de mundo e me prende nele em passeio por aí, como teia de aranha astuta que não me deixa sair limpa, e eu quero sair…

As poucas pessoas que se passeiam pela esplanada estão murchas: não falam umas com as outras nem fazem gestos expressivos como seria de esperar de surdos-mudos, não sorriem nem se animam.

A praia está deserta e… não foi para isso que se fez a praia. Lamento.

A neblina ou a teia ou o que quer que nos cobre começa neste momento a mudar de cor, talvez alguma coisa vá suceder afinal. Porventura, as gaivotas estejam prestes a sair do retiro e as pessoas despertem e se animem.

Sempre pensei que o silêncio fosse propício à meditação, à concentração, ao pensamento ordenado que nos aproxima do que nos importa saber.

Este não é. Isto é. É preciso muito mais do que silêncio para lá chegar, mas o silêncio é necessário, é a base de qualquer tentativa de conhecer. Um certo silêncio, não este: este aqui, agora, assim, que é apenas ausência de condições ruidosas adversas e talvez nos permita um dia compreender o nada.

Não me interessa conhecer o nada, detesto o nada.

Nestas circunstâncias, o que podemos pensar, pensar muito e até da forma perdulária que nos é habitual, como diz Steiner, mostra um “consumo ostensivo no seu pior” consumo de pensamentos, é evidente, para nada. Que outra coisa poderia ser?

De modo que assim consumida, voltei para casa e resolvi pensar no espírito olímpico e ver alguns jogos de excelência, com alegre superação pessoal dos jogadores e bem demonstrado apreço de uns pelos outros.

O valor do bom exemplo e respeito pelos princípios éticos fundamentais levará à união entre os povos dos cinco continentes.

Acho que aprendi umas coisas.

 

(imagem da Net)

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publicado às 21:59





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