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“Queria, em vez de viajar pelas capitais embandeiradas, viver num tempo limpo e sem exasperação, em que eu pudesse ler os versos de Neruda sem me ocultar daqueles que têm o coração alvo demais; ou que pudesse entrar numa igreja sem que me chamem reacionária.
Porque é que uma rã, de ventre redondo e húmido canta livremente nos arrozais e não lhe dizem:”Qual é o teu partido, o teu credo, o teu clã?” Eu não quero ser outra coisa senão esse pequeno verde, sem gramática demasiado oficial, sem copiosos sentimentos além das estações, o medo das águias imorredoiras ou das cobras meio adormecidas.
Estou em Portugal, as mesetas sombrias e onde cheira a fumo parecem mover-se com o vento duro e triste. Vão-me fazer perguntas, meu Deus, vão-me fazer perguntas”!
Com o silêncio de pedra, os olhos baixos, vão-me fazer perguntas. Direi que encontrei amigos e coisas belas, que os países são invejáveis com o seu pão delicado, as suas gentes frias, os portos onde vemos sempre um homem esfarrapado voltando as costas ao mar. Se eu trouxesse um frasquinho azul rescendente ainda do velho veneno florentino, então como me receberiam com orgulho! Talvez me convidassem para..."
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