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(imagem da Internet)
Semear ou plantar um jardim e pensar que vai nascer ou crescer alguma planta peculiar, ou sequer aquilo que é suposto e podemos esperar que nasça… é saber muito pouco de jardim e sobretudo acerca de pensar. Não nascerá o que sonhamos, mas o que as sementes ou as pequenas plantas têm capacidade de fazer nascer ou crescer. E nunca sabemos até que ponto o ambiente tem influência ou é decisivo…
Assim se torna difícil desenhar um jardim formal em frente a uma grande casa de família, um jardim organizado para satisfazer gostos e eventualidades, talvez lugar sossegado para borboletas visitarem, para pássaros fazerem os seus ninhos não definitivos - lugares efémeros de cantos e brincadeiras.É delicado.
Já nos tem sido solicitado desenhar um jardim com diversos canteiros para flores coloridas, apenas três cores e a branca, e perfumadoras, e também com um grande lago recortado a reflectir a montanha, um tanque com peixes azuis e sorridentes e agapantos por perto, árvores e arbustos de belas folhagens e ao longe um riacho com pedras graníticas para a água saltar e trautear.
Já nos tem sido solicitado.
Ocorrerão belos pensamentos nesse jardim. E o que acontece com aqueles colocados no jardim interior?
Pensamentos ainda inocentes plantados e talvez semeados na nossa cabeça, no que chamo jardim interior, raras vezes nascem como desejaríamos ou crescem, por mais que os acarinhemos (não sabemos como acarinhá-los).
Há uma analogia: tal como no jardim formal desenhado no papel próprio... a maior parte desaparece, não chegam a nascer alguns ou não hão-de crescer outros.
Eu disto tenho larga experiência.
Não há dia em que não me ocupe a persegui-los antes mesmo de saber se são ou não relevantes. Por mais interessada que esteja em conhecê-los, eles fogem, somem-se.
São como bolhas de sabão, bolas de sabão, frágeis como elas, nem precisam de ser tocadas para se desfazerem, vejo-as ligeiramente coloridas cada uma com todas as cores do arco-íris, transparentes, cristalinas, tentadoras.
Tento apanhá-las, mas, ai, estalam, espatifam-se, desaparecem de todo, julgo que para sempre: não as reconheceria se voltasse a vê-las.
Ficarão uns salpicos? Que serão em breve absorvidos? Pelo quê?
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