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As ondas do lugar, nem pacíficas nem ameaçadoras, avançam para mim… na praia, a observá-las.
Vêm de longe sobre a água, com o sol todo do meio-dia a luzir nelas, em pedaços de espelhos de formas e tamanhos vários.
Avançam em diagonal, por isso, não têm força para me derrubar, chegam-me de rastos, (querem levar-me, vou com elas? Talvez fosse interessante, uma vida diferente!).
Elas vêm de muito longe, erguem-se o mais possível (parece-me), e com grande entusiasmo atiram-se contra as rochas, duramente e há muito, fixadas na areia aqui e ali, perto de mim.
E dissolvem-se.
Subitamente são espuma branca rendada que se expande e cobre tudo. E todo este mundo que observo na tarde de Outono fica brilhante e húmido e indefeso. Diferente. Limpo.
É quando olho o mais distante, a linha, o que será o horizonte, o fascinante limite que conheço entre mar e céu e que desejo ultrapassar, ver para além.
Descobrir.
É para mim o lugar do mistério, o espaço vazio ou em branco. O lugar do silêncio.
Admito: não estou cá, talvez lá.
Na realidade, não sou sequer daqui.
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