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Vento desabrido faz bater portas e janelas. Sopra nas frinchas. E lá fora não é agradável caminhar.
Mas o dia não fica completo sem esse passeio à beira mar. Então, o que faço?
Não me apetece ler nem escrever nem sequer olhar a paisagem e fazer descobertas. Nem admirar o mar e os seus carneiros brancos, as nuvens aos caracóis bem definidos, com madeixas de cores claras, nem sobretudo as árvores parcialmente cortadas, já de troncos nus, feridas embora resistentes naquilo que foi um jardim. Que sorte de casa belíssima, património municipal e tal e ali abandonada, suja e sem abrigo, Sr. Presidente de Câmara! Por favor.
Que dia mais estúpido!
Não quero pensar. Porque pensar… que é nisso que gasto o meu tempo… é muito complicado quando as condições de silêncio ou de ruído não são favoráveis. Quando os espaços agradáveis a preencher por pensamentos bons e construtivos não existem nem se inventam. Quem sabe pensar com o vento a assobiar nas janelas como em caso de vendaval? E a dita deprimente calamidade de interesse nacional e municipal esfrangalhada diante do nariz?a
A casa projectada pelo modernista Viana de Lima, um dos mais importantes arquitectos portugueses dessa época, Grande Prémio de Arquitectura em 1961, está há anos a degradar-se. É evidente que não sei o que está a acontecer com ela, há de haver razões.
Mas por quê classificar bem um objecto e depois entregá-lo às ortigas? Ao mau tempo e ao nitro desaforado? Só interessa a classificação se for para fazer história, quero dizer, algum bem. Uma casa de que os portuenses se deviam orgulhar!
Entretanto, dentro do jardim, os arbustos ficaram árvores gigantescas impróprias de jardim. Tapavam a casa, agora é tudo lixo: a casa e as árvores… e o quê? O que mais?
É preciso inventar dinheiro para se gastar nela, para organizar aquele jardim que é da cidade como os outros.
É melhor virem ver.
(Pode ver no m/blog o post A casa de Maria Borges, em dezembro de 2012 com boas fotografias).
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