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“Um Congresso Internacional sobre Ética e Política na obra de Agustina Bessa-Luís vai realizar-se em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, em 14 e 15 de Outubro próximo.
A propósito, gostava de transcrever aqui, se me é permitido, um trecho do livro recentemente publicado pela Guimarães, babel, 2013, Caderno de Significados, em que Agustina define
O Português.
“Prefere ser um rico desconhecido, a ser um herói pobre. É melhor do que parece. O homem português é dissimulado, e fez da inveja um discurso do bom senso e dos direitos humanos.
Mas é também um homem de paixões moderadas pela sensibilidade, o que faz dele um grande civilizado.
Gosta das mulheres, o que explica o estado de dependência em que as pretende manter. A dependência é uma motivação erótica.
É inovador, mas tem pouco carácter, como é próprio dos superiormente inteligentes tanto cientistas como filósofos e criadores em geral.
Mente muito, e a verdade que se arroga é uma culpa inibida. Vemos que ele se mantém num estado primitivo quando defende a sua área de partido, de seita e de família, à custa de corrupções e de crimes, se for preciso.
Gosta do poder mas não da notoriedade. Não tem o sentido da eternidade, mas sim o prazer da liberdade imediata. Não é democrata, excepto se isso intimidar os seus adversários.
Não tem génio, tem habilidade.
É imaginativo mas não pensador.
É culto mas não experiente.
Não gosta da lei, porque ela desvaloriza a sua própria iniciativa. É místico com a fábula e viril com a desgraça.
Admira mais a Deus do que tem fé Nele.”
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