Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Tanto quanto posso estar certa de alguma coisa, afirmo que as minhas (e as nossas) decisões são difíceis e criadoras de problemas.
São difíceis porque há sempre vários caminhos, todos bons e todos maus, cada um com as suas inconveniências, cada um com incríveis conveniências, todos rigorosamente possíveis e literalmente impossíveis.
Tudo isto soa a irracional. E é assim que me convenço de que a parte emocional das nossas decisões é, pelo menos, tão importante como a racional. Se não, não poderíamos chegar a estes resultados absurdos.
Mesmo conhecendo tal, opto pela resolução que me parece mais lógica, sabendo que nunca é apenas racional. Porque não somos assim… não somos esses, não seríamos capazes.
Em geral, opto pela solução mais racional… porque é tranquilizante, dá-me maior esperança de estar próxima da verdade que desejo, ainda e apesar de tudo, entender.
É fascinante pensar que sabendo que não chego lá e sobretudo não sabendo o que isso é, continuo a querer estar próximo e mesmo tocar (como se fosse verdade).
Se soubéssemos distinguir o racional do irracional não teríamos dificuldades na escolha dos nossos caminhos – os mais acertados, convenientes e possíveis seriam decerto os racionais, os que seguiríamos. A solução que a razão descobre é a verdade apenas enquanto a mesma razão não descobre outra solução ou outra verdade que anule esta.
O que necessitamos é encontrar uma nova designação mais apropriada para a resposta a que antigamente chamaríamos verdadeira ou científica e agora podemos apenas chamar equilibrada, isto é, a que contem boa dose de um e de outro dos ingredientes que se podem classificar de racionais ou de irracionais. Serão essas as soluções aceitáveis como verdadeiras.
É certo que há as máquinas inteligentes que inventamos e são apenas racionais e que devem resolver todos as nossas dificuldades, calculamos. Segundo os Damásio, não é possível atribuir-lhes sentimentos como parecem desejar agora… quem? Os seres humanos têm sempre que ir mais longe, que ambicionar, que desejar, que querer; temos que nos emocionar - será ainda o que nos distingue delas, das máquinas inteligentes. É assim que progredimos nas nossas actividades e demonstrações culturais.
Será uma frustração se, em relação a essas máquinas, tal como são no presente, não conseguirmos passar da lógica e do raciocínio que usamos para as construir e para as usar, e conseguirmos criar nelas, a vontade, os desejos, as alegrias, as frustrações, o sofrimento, a dor?
Não iriamos complicar incrivelmente mais a nossa vida se tivéssemos que usar “robots” com sentimentos e emoções?
Não espero viver para ver: chega de guerra!
Vou continuar a ler o livro dos Damásio “The strange order of things”. Vou ver bem como eles explicam que as culturas (filosofia, arte, moral, religião, política, instituições, tecnologia, ciência) criadas pelo homem o foram graças aos sentimentos e às emoções e não somente ao raciocínio.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.