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As janelas do meu quarto estão sempre abertas, a luz entra a todas as horas, mesmo de noite.
Estou deitada e repousada, desperto várias vezes, muitas. Sei que é hora de levantar quando o brilho da luz tem certa cor.
Dou-me muito conta da luz da noite. É uma luz apagada que não sei de onde vem; é murcha, sem perfume. Enquanto a do dia, a cor do brilho do dia, difere com o decorrer do dia e depende da altura do sol, vem do sol. Que não pára quieto durante horas e horas. Nem se desassossega quando surge uma nuvem ou outro objecto no seu caminho. A luz do dia…
A luz é primeiro indecisa, há o véu da madrugada ainda, depois a manhã matinal que é a que mais aprecio e a que traz felicidade às minhas palavras. E silêncio. Nesses momentos, o mundo é inteiramente juvenil, nunca me aconteceu não descobrir alguma feição diferente; é puro, asseado, acabou de nascer.
Receio sempre que o Sol um dia, envelhecido, se esqueça do caminho que é seu hábito seguir e me contempla a mim e a outras pessoas, vá por outro, e nos deixe às escuras, magoadas, ressentidas. É isso, pode ser questão de memória e não de ter um compromisso duvidoso connosco. Sempre acreditei nele.
À hora a que me devo levantar ou me quero levantar, a cor do dia… não digo que é igual todos os dias à mesma hora… mas é uma certa cor que me desperta, me entusiasma, sobretudo, quando deixa adivinhar um mundo brilhante e um céu sem nuvens, perto de nascer.
A minha actividade física, a clarividência do meu raciocínio e a lucidez da argumentação que me compete, dependem muito dessa clareza do mundo e da sua transparência.
Não há fórmulas mágicas. E se nevasse?
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