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Change your mind

por Zilda Cardoso, em 21.01.11

Encontrar um começo inteiramente novo, pode ser uma solução.

Sou cada vez mais atraída pelo desafio possível da novidade. Folheio um livro emprestado há tempos e que, logo comigo, submergiu num mar de papeis… É o Guia da Meditação, ou Change your mind, de Paramananda. Na introdução, o poema  A Porta, de Miroslav Holub, poeta checo, prendeu a minha atenção.

 

Vai e abre a porta.

       Talvez lá fora haja

       Uma árvore, ou um bosque,

       Um jardim,

       Ou uma cidade mágica.

 

Vai e abre a porta.

       Talvez haja um cão a vasculhar.

       Talvez vejas uma cara,

Ou um olho

Ou a imagem

                        De uma imagem.

 

Vai e abre a porta.

       Se houver nevoeiro

       Dissipar-se-á.

 

Vai e abre a porta.

       Mesmo que nada mais haja

       Que o tiquetaque da escuridão,

       Mesmo que nada mais haja

       Que o vento surdo,

       Mesmo que

                            Nada

                                     haja,

Vai e abre a porta.

Pelo menos

Haverá

Uma corrente de ar.

 

(não sei quem traduziu o poema)

 

A ideia que dá é que vale sempre a pena abrir a porta. Quando for impossível abrir para fora, podemos abri-la para dentro, é a porta de que nos fala Holub, diz Paramananda. A meditação é um meio de abrir essa porta e é o que nos revelará “as nossas necessidades mais profundas e as nossas aspirações mais elevadas”. O abrir da porta, é o primeiro passo para um despertar, para a aventura. É o “grande “mito” humano da auto-transcendência.”

Não sei nada disto, mas se a meditação é uma abertura, um tomar consciência do e de quem somos para depois nos integrarmos na vida, com amor, é certo que não podemos nunca mais estar descontentes com a vida. Participamos da  corrente e estávamos inexplicavelmente separados dela.

E o  

                                “senta-te simplesmente aí”

 

é assim tão simples?

A meditação é a arte de se estar consigo mesmo. E de estimular o que há de melhor em nós. Podemos mudar, se quisermos, não somos apenas vítimas das circunstâncias. É um pensamento que nos deve ocorrer continuadamente, pelo que entendo.

Tenho esperança, porque sei que é possível,  que possa um dia mudar e sentir-me feliz com os novos hábitos e com a nova sensação de liberdade e de felicidade. Segundo nos conta Paramananda, eu tenho a oportunidade de abandonar todos os papéis que representei na vida, quando me sento a meditar.

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publicado às 19:50


16 comentários

De Ana a 22.01.2011 às 00:25

Completamente verdade. Felizmente sei-o por experiência própria...

De Zilda Cardoso a 22.01.2011 às 14:26

Sei que fez a experiência de mudar a sua vida e que resultou bem. É preciso muita coragem e outras capacidades. Quem me dera tê-las! É capaz de nos falar sobre isso?
Muito obrigada.

De Ana a 23.01.2011 às 00:08

Encontrar um começo inteiramente novo, pode ser uma solução.
Assim começou o seu "post" .E a primeira pergunta que me ocorreu foi: Solução para quê?
Para mim ,porém, não é solução para nada é antes sim a certeza de que podemos e devemos ser aquilo queremos.
Não existem portas, apenas o Universo que está ali mesmo á nossa frente para sermos felizes. E o nosso SER faz parte integrante desse Universo.
E temos 2 caminhos :Ou abrimos a porta e entramos somente pela sua abertura ou derrubamos a porta e parede que a suporta e seguimos por onde queremos... Evidentemente que a 2ª opção dá muito mais trabalho...

De Zilda Cardoso a 23.01.2011 às 16:28

Foi essa a sua opção? Não entrou pela abertura da porta, mas derrubou a porta e a parede que a suportava... Então havia portas, mas já não há, para si. É isso?
Seguiu por onde quis, depois de derrubar a porta e a parede. Seriam esses os obstáculos que teve que derrubar para encontrar o caminho que queria. E foi essa a solução para o seu problema que era o derrubar os obstáculos para ser capaz de ver o caminho que lhe interessava. Para ser capaz de ser o que queria ser, teve que derrubar obstáculos. Teve que encontrar o caminho novo para chegar onde quer ou para estar onde quer.
São soluções de conflitos que surgem quando não estamos onde queremos e não fazemos o que desejamos. Solução que surge quando temos coragem de derrubar obstáculos ao nosso caminhar na direcção certa.
E lhe dá a si a certeza de que "podemos e devemos ser aquilo que queremos". E assim sermos felizes.
No entanto, lembro que o Universo, de que sem dúvida participamos, não contém só caminhos para a felicidade; estão lá também os outros e temos que escolher e isso pode ser extremamente conflituoso. Mesmo contra nossa vontade, pode haver lugar a muito sobrimento.

De Ana a 23.01.2011 às 18:55

Tenho quase 50 verões e como todos nós tive muitos sofrimentos. Marcantes. Para toda a Vida. Hoje a uma distância confortável vejo-os como crescimento. Aprendi que o importante, não é esquecer o nosso tão precioso passado, mas antes aprender a conviver com ele .
As paredes que me referia eram os meus medos. De falhar?! De sofrer?! Hoje nem sei bem do que tinha medo!!!
Porque só nos faz falhar, o medo de tentar.
Hoje tb os tenho, mas são aqueles medos saudáveis...
E aprendi uma grande lição : " É muito, mas muito difícil ser SIMPLES."

De Zilda Cardoso a 23.01.2011 às 19:47

Agradeço muito a sua contribuição que foi valiosa. Espero que continue.

De Marcolino a 22.01.2011 às 07:19

Olá, Zilda!
Belo pensamento, que me levou a recordar aquilo que fui, e a minha evolução diária, para atingir aquilo que sou, na minha realidade actual.
Abraço de bom fim de semana,
Marcolino

De Zilda Cardoso a 22.01.2011 às 15:12

Conte-nos alguns episódios da sua evolução...
Recordei-me agora, não sei por quê do n/amigo Augusto Kuttner de Magalhães que há muitos meses não nos escreve nem diz uma palavra. Que terá acontecido? De algum modo, a vida mudou radicalmente para ele. Que acha?

De Marcolino a 22.01.2011 às 22:47

Olá, Zilda!
A minha vida é daquelas vidas transparentes de quem veio de familias humildes, ascendeu sem qualquer esforço, nem ambição, mas por mérito próprio, sem alguma vez ousar ser mais daquilo que Deus o dotou.
Por qualquer motivo, não lhe sei explicar, fui sempre muito querido, e desejado, por todos, familia, vizinhos, companheiros de estudo, colegas do desporto, e colegas de profissão.
Mesmo alguns que, por qualquer motivo, não me encaravam muito bem, mais tarde chegavam à conclusão que eu era mesmo bem diferente da maioria.
Apesar das minhas origens humildes, criei laços de amizade profunda com outras familias cujo estatuto social elevado, as obrigavam a escolher as companhias acertadas, do mesmo estatuto social.
Nunca fui de me impor, pelo contrário, fui sempre reservado e educado, não por educação, mas sim, por indole.
Sei que sou assim, por isso, nem faço força para ser mais, nem menos...

Quanto ao nosso amigo Augusto, também estranhei a sua ausencia, mas como ele nos havia revelado, estava em tratamento do Hospital da Prelada, será que piorou, ou a sua doença o desmotivou para escrever?
Olhe, no meio deste meu pensamento outro me ocorreu: Terá sido uma «birra» muito prolongada? Antes isso, do que uma falha na sua saúde!

Por aqui está muito frio. Saí de casa pelas 8 e 30 e regressei já tarde, depois de almoçar com uma amiga, bem mais nova que eu, num restaurante dos arredores. Semanalmente vem-me buscar porque precisa de companhia quando vai «arejar» o seu velho Porsche, e como sabe que adoro aquele carro, conta sempre comigo para a acompanhar.

Amanhã não se esqueça de votar «em consciência». Já desmontei a minha; arejei-a, lubrifiquei-a, afinei-a, e poli-a, para colocar o «X» no meu lugar preferido. E como votar, para mim, foi sempre dia de festa, irei almoçar fora, um belo olvo à Lagareiro, bem regado com «Frei João» (gosto muito deste frade) para, quando chearem os resultados provisórios das 21 horas, não sofrer muito e poder dizer assim: Já que errei, ao menos comi e bebi melhor, e sem tino algum...!
Abraço
Marcolino

De Marta M a 22.01.2011 às 19:48

Zilda:
Descobri o yoga há mais de 3 anos e...mudou radicalmente a minha vida.
E,mais recentemente, há 9 meses, pratico meditação todos os dias e...mudou novamente a minha vida.
Não sei dizê-lo de outro modo :)
Partilho aqui este texto que escrevi a propósito:
http://domeulugar.blogs.sapo.pt/24726.html
Bom fim de semana
Marta M

De Vicente Mais ou Menos de Souza a 24.01.2011 às 15:31

que maravilha de poema

De maria a 24.01.2011 às 21:58

olá Zilda! há cerca de 1mês agradeci-lhe a partilha que faz connosco e teve a amabilidade de responder. Nesse dia senti que nunca mais a perderia. Hoje quero continuar a manifestar-me consigo, que acho interessante! Abrir portas é bom e tb é bom saber fechá-las qdo e se necessário. Penso que a tomada de decisão e a firme vontade é que é dificil. Obviamente este meu comentário vem no seguimento da "mudança da mente". Gosto muito de viver e tenho aprendido a conformar-me com o pouco que tenho, para efetivamente, viver! senão vegetava. Um abraço, se me permite e, até breve! maria

De Zilda Cardoso a 25.01.2011 às 08:52

Muito obrigada pelas suas palavras. PF continue a escrever e a dizer-nos de si. Calculo que tenha uma vida que merece ser contada e conhecida. E concordo consigo: abrir portas é bom, ser capaz de tomar decisões e ter vontade firme de as tomar e persistir é difícil. Um abraço para si, até mais logo.
ZC

De maria a 25.01.2011 às 20:43

Sim Zilda tenho uma vida intensa que poderia revelar algum interesse para muitas pessoas mas, de momento, não sinto necessidade de o fazer. Gosto muito de conversar e partilhar ideias com alguem com quem me identifique. É isso que me faz falar consigo. Existe o senão da falta de privacidade que, por enquanto, é um entrave a mais abertura. Chega de lamechices, os blogs não são para isto. Lá chegaremos.
Jinhos,
maria

De João Nuno a 29.01.2011 às 03:12

...e como faz bem mudar. Às vezes tenho vontade, talvez irreverência da idade, de mudar tudo. Completamente. Pintar o céu de amarelo, as paredes de lilás, o sol de vermelho e os dias de magia. Se os meus desejos fossem hinos...este mundo era uma desorganização de cores:)
Agora, falando, escrevendo, a sério, parece-me eloquente esta noção de mudança e esta necessidade partilhada entre todos nós. Com a certeza de que o mais complicado não é pensar em mudar, mas acreditar piamente nessa mesma fé de mudança. Entende-me?
Um abraço de luz
João Nuno

De Isabel Maia Jácome a 29.01.2011 às 15:18

"Vai e abre a porta."!
beijinho,
Isabel

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