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O outro: diferente mas igual

por Zilda Cardoso, em 17.10.10

 

 

 

Fui dar o primeiro passeio com a K. que gentilmente se ofereceu para me acompanhar no necessário

e estimulante acontecimento.

Caminhámos devagar, com segurança, olhando os outros, sentindo-os passar apenas, sem cálculo, sabendo que participam da mesma realidade.

É o começo da tarde, há uma ligeira brisa, o sol brilha entre os arbustos sempre verdes e plácidos e redondos da avenida. Sinto-me bem acolhida no lugar, nestes dias sem vento desesperado, sem chuva em torrentes, sem ondas imensas assustadoras já que o mar agora conquistado, um pouco mais além, nos olha porventura com desilusão porque nunca acreditámos, nós, que a sua fúria de há dias fosse para nos destruir. Era apenas uma sua fantasia.

Passeio com a minha amiga que me conta as mais recentes ocorrências da sua vida e da dos amigos comuns de quem eu não tinha notícias há muito. Devolvo-lhe a amabilidade com outras histórias e penso no que Agustina disse sobre o confidente.

“O confidente é a testemunha da nossa realidade; sem ele a vida seria insuportável e limitada e uma experiência sem consequências”.

Se eu não tiver a quem contar as minhas aventuras, se não as contar, é como se elas não tivessem acontecido. E eu quero que “tivessem acontecido”. Por isso, conto. Por isso, a ouço contar. E por uma vez, não me interesso e não escuto “uma cigarra que canta, uma pedra que rola, uma flor que morre”. Ouço a voz da minha amiga e ouço a minha. E regresso satisfeita.

 

Porque compreendo que ela é diferente de mim e eu sou diferente dela, somos ambas distintas dos que nos cruzam, mas precisamos deles, preciso deles e dela para sentir que existo. São esses que me dão o ser. A minha existência é real a partir da sua visão de mim –  isso lhes dá importância aos meus olhos. E eles precisam que eu lhes dê importância.

 

A atitude, os seus gestos, o comportamento da K. têm uma qualidade insuperável, um valor enorme para mim, porque ao falar-me dela própria, faz-me ver a diferença que há entre nós. Conhecendo-a… conheço-me.

Procurei nela conforto e segurança, ela sentiu-se responsável. Nenhuma de nós é estrangeira para a outra. Ela é apenas a outra, a que faz de mim o que eu sou.

 

Fico a saber o que pode ser o outro e,  do mesmo modo,  que ninguém existe nem quer existir isolado no mundo. Somos responsáveis uns pelos outros e tudo nos diz respeito - o que se passa nas minas do Chile e nas da China, em Paris e no Porto, em New York e em qualquer outro lugar. E não apenas consideramos os efeitos dos desastres, mas ainda as sequelas das festas.

 

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publicado às 07:11


40 comentários

De Marcolino a 17.10.2010 às 11:05

Bom Domingo, Zilda!

Parabéns porque já pode andar calmamente a tagarelar com essa senhora, sua Amiga, numa zona tão bonita e tão convidativa ao passeio, principalmente em dias de calmaria!

Retive este seu belo pensamento, desta sua partilha: «Porque compreendo que ela é diferente de mim e eu sou diferente dela, somos ambas distintas dos que nos cruzam, mas precisamos deles, preciso deles e dela para sentir que existo. São esses que me dão o ser. A minha existência é real a partir da sua visão de mim – isso lhes dá importância aos meus olhos. E eles precisam que eu lhes dê importância.»

Continuação de uma óptima recuperação!

Abraço
Marcolino

De Zilda Cardoso a 18.10.2010 às 08:09

Agradeço muito os seus bons desejos.

De Vicente Mais ou Menos de Souza a 17.10.2010 às 16:02

Que bom Zilda, fico muito contente por sabê-la no bom caminho da recuperação.

Gostei muito deste texto.

De Vicente Mais ou Menos de Souza a 17.10.2010 às 18:18

Sim bastante! Com este país, com os políticos deste país, com a falta de horizontes e de futuro.

Hopeless! Nos próximos dez ou quinze anos vai ser uma vida de inferno, sem qualidade de vida e já nem me refiro só ao aspecto material, mas a falta de meios de um estado falido afecta a cultura, o prazer de conviver, cerceia o avanço do progresso, cria infelicidade nas famílias aonde se deve encontrar o último bastião de recarga de energias...mas como é isso possível se o desemprego ameaça não só a sobrevivência pecuniária mas e sobretudo o equilíbrio emocional?

Vou partir, vou para outros horizontes...bandeirantes, emigrantes...

De Zilda Cardoso a 17.10.2010 às 18:57

Não, não vá! Então...!? Se todos forem embora... como ficam os que ficam?

De Vicente Mais ou Menos de Souza a 17.10.2010 às 19:30

Este é um povo mole e sem espinha dorsal que aceita tudo sem vir sem se opor, e mudar se preciso o poder, com golpes de Estado e há anos, séculos que caminhamos para a mediocridade.

Fomos perdendo tudo Angola, Brasil, sem saber fazer parcerias para progredir, numa cegueira de pequenas intrigas de corte, de partidos, sem grandeza, sem "THINK BIG"!

Estou farto e tenho lutado na política, na vida empresarial, na sociedade civil. Sou pequeno demais para ser indispensável, por isso vou para novos rumos, se conseguir!



De Zilda Cardoso a 18.10.2010 às 08:40

Agora sou eu que fico desanimada. "Este país" somos nós todos, nós é que o fazemos assim. Por que não vamos trabalhar em vez de abandonar? Vamos trabalhar com inteligência e sensibilidade e ditar algumas leis. Não somos todos burros nem sequer é a maioria, estou convencida disto. Há ocasiões em que é preciso saber fazer contas - precisamos de matemáticos e economistas que as façam bem feitas sem interesses políticos que não sejam os do interesse COMUM. Temos essas pessoas, devemos procurá-las e convencê-las a trabalhar. Não vamos deixá-las fugir.
Será isto bla blá?
As contas de estado, às vezes me parecem contas que qualquer dona de casa à antiga sabia fazer correctamente. Há um deve e um haver e possivelmente um saldo. Ou não há saldo porque as receitas e as despesas se equilibram, o deve e o haver. Aquelas donas de casa não pediam dinheiro emprestado, não gastavam mais do que recebiam. É tão simples, mas as coisas simples causam confusão como diz Agustina. E mentes retorcidas e interesseiras complicam.

De Vicente Mais ou Menos de Souza a 18.10.2010 às 10:40

Nesta fase do campeonato, querida amiga Zilda, é um pouco blá, blá, blá, I'm afraid, como dizem os ingleses!

Não viu o oeçamento que nos propõem? Com a certeza da recessão, o que significa mais desemprego, mais falências, mais pobreza?

Como podemos resolver os problemas? Com os estafados slogans do costume?

A dívida dos bancos privados ao Banco Central Europeu cifra-se já em cerca de 89 biliões de euros e o déficit exterior do Estado Português em cerca de 300 biliões de euros!

Nem 20 anos de intensa produtividade darão para pôr as "coisas" em equilíbrio, com a agravante de uma recessão confirmada!

Claro que não há buracos no mapa e Portugal não desaparece pelo esgoto abaixo, mas fale como eu tenho falado com empresários gregos e da islândia, e pergunte-lhes o que é viver num país em bancarrota?

Eu acho que a maioria dos portugueses ainda não realizou o que vem aí, pois estas medidas ainda não são suficientes.

É claro que o Sócrates já nem interessa, porque um dia destes será substituído e só enjoa pensar no que continua a dizer com mentira e culpa. Mas o senhor que se segue será um mandarete ou do FMI, ou da UE ou pior, dos nossos credores.

Hopeless mesmo! I'm sorry!

De Zilda Cardoso a 18.10.2010 às 11:29

Reprimo os soluços e vou retomar a história do nazismo e do J. Freudenthal.

De Vicente Mais ou Menos de Souza a 18.10.2010 às 12:45

Como curar os seus soluços, dando uma boa gargalhada...

A freira vai ao médico:

-Doutor, tenho tido um ataque de soluço, que não me deixa viver. Não durmo, (hic) não como, e tenho muita dor no corpo de tanto movimento compulsivo involuntário (hic).

O doutor disse:

- Tenha calma, irmã, que vou examiná-la.

Ele a examina e diz:

- Irmã, a senhora está grávida.

A freira se levanta e sai correndo do consultório, com cara de pânico. Uma hora depois o médico recebe uma chamada da madre superiora do convento:

- Doutor, o que o senhor disse pra irmã Carmem?

- Cara madre superiora, como ela tinha uma forte crise de soluço, eu disse que ela estava grávida. Espero que com o susto ela tenha parado de soluçar!

- Sim, a irmã Carmem parou de soluçar, mas o padre Paulo pulou do campanário!!!

De Zilda Cardoso a 18.10.2010 às 13:27

ah, ah, ah...! muito divertido! ah ah ah (nunca sei como isto se escreve)
tb está menos choroso?
bom, boa
já não vai embora?

De Vicente Mais ou Menos de Souza a 18.10.2010 às 14:32

olha aí Dona Zilda, se você me pedir com jeitinho, até que posso reflectir e retornar meus pensamentos de partida, ficando a viver às suas sopas...ótimas, aliás, pois já provei:-)

A sopa dos pobres!

De Zilda Cardoso a 19.10.2010 às 08:12

Repartirei consigo... o que tiver. Sopa, não sei, mas pão pode ser partido até ao infinito, não é verdade? E afinal as pessoas podem sustentar-se com muito menos do que imaginam. Têm é que aceitar o que lhes dão.
THINK!

De Zilda Cardoso a 19.10.2010 às 08:20

"Aceitar o que lhes dão" é muito triste. não queria dizer isso. Pensarei noutra fórmula mais sorridente.

De Vicente Mais ou Menos de Souza a 19.10.2010 às 10:00

A sopa dos pobres.

À mesa
O que resta
São côdeas
Do resto
-
Côdeas
De fome
Sem um
Protesto
-
Alguns
Engolem
O pão
E a fome

-
Outros
Ignoram
A ira
Que sobe
-
Por aí
Calada
A dor
E a raiva
-
Nos olhos
Calada
Essa dor
Esmaga
-
Talvez
Notícia
A morte
No esgoto
-
Se for
Macabra
A foto
Do morto
-
Apenas
Um número
Há-de
Restar
-
Passou
Por aqui
Vagou
O lugar

De Isabel Maia Jácome a 19.10.2010 às 14:02

Agora Zilda fui eu que me deliciei com esta troca entre os dois.
Ao Manuel, as minhas desculpas... outro dia, de certa forma "menti" quando disse que já não estava triste e omiti a razão... (estava demasiado envolvida nessa tristeza para poder desfiá-la e não quis continuar a preocupar ninguém, muito menos depois de ler um, comentário tão agradável e aconchegante como o que o Manuel escreveu)... mas essa tristeza, que já se arrasta faz tempo, agudizou-se por aqueles dias estando precisamente relacionada com o estado do país, com o estado da saúde em Portugal, com a forma como, sem escrúpulos estão a mexer connosco, profissionais de saúde e utentes... assim como com a vontade enorme que o meu marido tem também de "partir daqui", para não sei bem onde...
... confesso que há momentos em que, não é que eu não queira também... mas,... e aqui agradeço à Zilda esta comunhão de ideias, ou ideais, há um qualquer "bichinho" que me rói... e que aumenta essa "roedura" precisamente quando sentimos que ainda existe alguém que nos incita e anima... a ficar, a lutar, a permanecer com as m«nossas crenças", com a nossa postura... pensar... que se vamos todos embora, então é que nada muda mesmo!!!...
...não estou na política nem nunca estive, mas tenho pensado tanto na forma de poder intervir à minha maneira pelo nosso país, por nós pessoas e Portugueses que amo e em quem acredito..., ainda... ou apesar de tudo!...
De qualquer forma obrigada aos dois.
Acho que já disse e repito agora que têm sido bem mais importantes para mim do que podem pensar..., os dois... a zilda, o Manuel...
...quanto à troca de palavras, partilha de desesperos, desânimos e ânimos... as palavras podem ser fantásticas, de facto... e ontem, só os dois para me conseguirem fazer dar uma valente gargalhada!
Pena só hoje ter conseguido partilhar do momento.
Ânimo para o Manuel... faço coro com a Zilda, e não vá embora por favor!... se quizer mais uma sopinha... é mais uma que a partilha com muito carinho.
Ânimo para a Zilda também, para que nos mantenha animados, confortados e com a importante certeza de que continua "aí"... e no fundo, "aqui", bem perto de cada um de nós!
...Aceitar, receber o que é partilhado de forma genuína, pode ser fantástico! Para quem recebe. Para quem dá!!!
Abraço apertado aos dois, tentando não magoar a nossa querida Zilda.
Obrigada!
Sempre,
Isabel

De Vicente Mais ou Menos de Souza a 19.10.2010 às 18:49

Meninas Zilda e Isabel, se têm dúvidas para onde emigrar eu convido-as ( logo se verá após uns anitos, se chega a "grana") para um bate-papo ao fim da tarde no calçadão de Copacabana ao pôr-do-sol a beber umas caipirinhas e afalar sobre o tema que quiserem...

Depois jantar num belo restaurante, ida a um dancing com música forró...eheheeh...ou ir a um concerto de Caetano ou Maria Bethânia...o que quiserem...

A propos, trouxe um dvd de um concerto no natal do ano passado, com músicas do Tom Jobim, num mano a mano fenomenal entre o Caetano Veloso e Roberto Carlos. Uma beleza mesmo, é impossível ficar triste.

De Zilda Cardoso a 20.10.2010 às 10:58

Eu aceito. Olhe que se está muito bem em Copacabana, tb sei isso. Mas não chega.
É um bom programa para um fim de dia, mas os dias têm 24 horas que é necessário preencher. Mesmo dormindo muito, ainda sobra tempo... para quê?

De Vicente Mais ou Menos de Souza a 20.10.2010 às 20:28

catar cafuné, ler, trabalhar nas favelas ajudando os favelados, aperalquitar-se e ir a chás de dondocas, tudo programas que sei que adora....ahahahahah

De CC a 17.10.2010 às 17:33

Zilda,
Que boa notícia!
Um bom Domingo

De Zilda Cardoso a 18.10.2010 às 11:32

Estou a recuperar e a agradecer a todos os m/bons amigos a acompanhia que me fizeram as s/palavras.

De Ana Perez a 19.10.2010 às 16:27

“O confidente é a testemunha da nossa realidade; sem ele a vida seria insuportável e limitada e uma experiência sem consequências”.

Como vai Zilda?
Gostei do seu post. Pôs-me a pensar...
Não sei bem se concordo com o que a Agustina expressa nesta frase, de resto muito interessante como tudo que ela escreve.
Não penso que possámos empenhar a nossa individualidade e existência ao julgamento ou validação dos outros.
Porque razão, por muito metafísica que se pretenda, o plural, dois na cofidência, catapultam uma vivência individual para uma realidade existencial???
é só uma questão muito individual e intimista! :9
beijo e saudades.
Ana Perez

De Zilda Cardoso a 19.10.2010 às 17:37

Ana
Hesitei muito antes de reproduzir a frase de Agustina sobre o confidente. Receei que pudesse ser atribuida àquela palavra a velha conotação. Mas não creio que fosse isso que ela quis dizer. Ela estaria a pensar essencialmente no outro, aquele que nos ouve e nos não hostiliza; aquele a quem ouvimos e não hostilizamos. Aquele que nos permite existir. Em paz, acrescento. É apenas isso.
A L. Alves fotografou para o s/ blogue um cartaz que viu em Bruxelas que diz
"Un homme existe lorsque sa voix est écoutée"
No fundo, é a mesma ideia. Se ninguém nos ouve é como se estivéssemos calados, é como se não existíssemos. Mas é tb como se aquilo que contamos como tendo acontecido, não tivesse acontecido. Muitas coisas importantes e muitos pensamentes se perdem porque ninguém sabe que alguma vez ocuparam o pensamento e as energias de alguém.
Então é melhor falar disso não em confidência,mas para que todos saibam

De Zilda Cardoso a 20.10.2010 às 09:18

Acho que esta questão do outro e de existir através do outro não pode ser tomada num sentido muito pessoal para não cairmos nas complicadas questões do confidente etc. Trata-se realmente de o outro validar a n/existência mas não de a julgar. Trata-se também de aceitar isto que acontece (esta nossa existência e a existência daquilo que vivenciamos através do que contamos ao outro e ele ouviu) como uma realidade sem porquês.
Apenas podemos experimentar.

De Maria João Brito de Sousa a 20.10.2010 às 15:37

Valha-me Deus! Devo confessar que estou há meia hora a deliciar-me com os seus comentários, Zilda... e olhe que há mais de um ano que perdi o hábito de ler qualquer comment que não estivesse num dos meus blogs! Se calhar é por isso que nunca me sinto só... tenho o Sigmund Freud - um dos meus gatos que me adora de forma particularmente intensa - e tenho os meus sonetos que, mais tarde ou mais cedo, serão lidos pelo "outro" (s)... não tenho grandes hipóteses de falar dos meus poemas com as senhoras com quem tomo o cafezinho... elas não me entendem minimamente nesse aspecto, é como se falássemos diferentes línguas... mas vai dando para rir um pouco... às vezes muito! Não existe uma grande linearidade neste meu processo de relacionamento com o outro, mas acaba por se completar de forma a tornar-se satisfatório e a fazer-me sentir que existo. É isso mesmo! Ainda bem que tive este "ataque de cusquice" e me deixei levar pela leitura dos commnts! :)
Abraço gde!

De Zilda Cardoso a 20.10.2010 às 21:48

Mas as senhoras suas amigas lêem os seus poemas? Tentam entender? É que ouvir a música deles já é muito agradável e não é preciso entender a música. Ela embala-nos a alma e ficamos felizes. Emocionados de qualquer modo.
E isso também é uma forma de existirmos. A M. João é uma criadora de emoções que partilha.
Muito obrigada

De Maria João Brito de Sousa a 21.10.2010 às 15:44

Não lêem muito, Zilda... e eu produzo muito. Estou a lembrar-me do meu avô, a ler-me os poemas acabadinhos de fazer às duas, três ou quatro da madrugada :) Para elas a poesia é e será sempre qualquer coisa como um hobby e que não deve ser levada muito a sério. Mas eu gosto muito delas e já demos muito boas gargalhadas em conjunto.
Já está restabelecida?
Abraço grande!

De Isabel Maia Jácome a 22.10.2010 às 14:07

ih... como acho que a entendo bem!... e mais não sou poeta, embora desejasse sê-lo...
... é que, de facto é tão bom dar a ler o que se escreve a quem não considere uma tolice e apenas um hobby, esta necessidade de escrever...
Espero que esteja melhor!
Força! Precicamos dos seus poemas!
beijinho
Isabel

De Maria João Brito de Sousa a 25.10.2010 às 16:15

É mesmo essencial, Isabel! Assim que um poema está feito, é como se nos não pertencesse mais do que a si mesmo e aos leitores.
Já estive no seu blog... blogue... olhe, eu estou dividida a respeito disto... gosto - gosto mesmo muito! - da palavra BLOG que, para mim, é redonda e amarelinha como um sol... a palavra BLOGUE já não tem exactamente a mesma cor. Para mim, as letras e os dígitos estão, desde que me lembro de ser eu, profundamente associadas a formas e a cores e essas formas e cores, por sua vez, encaixam-se com maior ou menor harmonia nos padrões com que defino o "gostar" ou "não gostar". Honestamente, gosto mais de Blog do que de Blogue!
A Zilda já está completamente recuperada?
Um grande abraço para ambas!

De Isabel Maia Jácome a 25.10.2010 às 23:23

blogue... blog...:)... acho que tem razão.
Tenho-me preocupado com a vontade de aportuguesar... mas esqueci-me da importância que tem, ou pode ter o que se sente com as palavras!
A Maria João associa às palavras, cor... os seus quadros são outra importante forma de se exprimir... e lindos, por sinal.
... se eu olhar para mim, percebo que o som, o ritmo e movimento são para mim muito significativos,associada como me sinto à música e à dança...
Faz sentido.
Uma observação bonita, simples e terna.
Gostei da associação e do que ela me fez reflectir e sentir.
Este bolgue da Zilda tem sido fantástico para mim.
Obrigada à Zilda e a todos os que aqui intervêem.
Obrigada a si, poeta, também. É um prazer este conhecimento.
beijinho,
Isabel

De Maria João Brito de Sousa a 26.10.2010 às 15:13

Eu é que fico muito agradecida! "Funciono" desta forma desde pequenina e estou sempre a ver se descubro alguém que partilhe comigo esta peculiaridade...
Beijinho!

De Isabel Maia Jácome a 26.10.2010 às 22:27

Poeta
Acho que "aqui" encontra quem partilhe consigo!... e creio que da forma que lhe é peculiar, acredita e sente.
Que BOM!
:)
Beijinho amigo...
Isabel

De Sofia Freudenthal a 30.10.2010 às 19:18

Não sei por onde começar....
De facto, hoje, há uma nova forma de comunicar com os outros. Muito interessante, a meu ver....Trocamos pensamentos, ideias, sentimentos, ânimos e desânimos, preocupações e também alegrias e boas gargalhadas.
Este novo mundo, acaba por nos tornar mais próximos do outro...
Não posso deixar de começar por me sentir completamente em sintonia com o seu amigo: Miguel, não o conheço, não sei o que faz nem o que vai querer fazer, mas eu também quero ir...Para Copacabana, de preferência. Há quem lhe chame Sonhar, para mim, os sonhos podem ser reais, se lutarmos por eles. E eu quero que este se torne real, preciso de renascer e recomeçar a sentir que estou viva...noutro lugar onde haja alegria de viver...
Não tenho medo de recomeçar tudo de novo e trabalhar para isso. Prefiro a ter que viver nesta mediocridade. Sem dúvida Zilda, que todos em conjunto fizemos este país. Mas eu nunca me senti de cá, talvez pelas minhas raízes, pela forma como cresci e com quem cresci. Mas a verdade é que "Home is where my heart is..." e assim me sinto, com energia, força, coragem para recomeçar uma outra vida com a minha família, ou parte dela. São escolhas que se fazem e isso torna os sonhos realidade.
Agora, o seu tema principal e igualmente importante: O outro e a importância do outro e das suas diferenças.
Sem o outro e as suas diferenças, não éramos nós, não era Eu. Se não houvesse chuva, não dávamos valor ao sol. Se não houvesse tristeza, não dávamos valor à alegria and so one....Mas é na diferença que está a descoberta de nós próprios, da nossa identidade.
Por isso, a criança precisa da mãe e do pai para se (re)conhecer como o outro, com identidade diferente deles.
Obrigada Zilda

De Zilda Cardoso a 07.11.2010 às 07:26

Sofia, bom dia
Aqui também está sol e bom tempo. Também há alegria e ânimo e boa-vontade. Copacabana é um lugar bom para passar férias, mesmo que sejam muito prolongadas. É um lugar para ir e voltar. Admiro a sua coragem de estar disposta a recomeçar tudo de novo. Admiro. Mas, Sofia, não tem tudo aqui? Todo o material com que se constroem vidas? Há momentos de desânimo em que as coisas correm mal, em qualquer lugar do mundo. Aquele é o lugar do desejo, mas será bom que continue a sê-lo, a permanecer desejo.
É tão bom ter capacidade de desejar e de sonhar!
A sua família, as gerações passadas, sempre conseguiram ultrapassar as dificuldades e vencer, mas as circunstâncias pediam atitudes decisivas, radicais, eram questões de vida ou de morte. Não é o caso.
Sofia, não tem uns restosinhos de férias para gozar? Uma possibilidade de viagem para o Sul, para longe desta Europa do nosso descontentamento? Para conhecer ainda outros diferentes mas iguais?
Um grande abraço.

De Sofia Freudenthal a 07.11.2010 às 13:44

Tivesse eu o verdadeiro sentido de coragem, força e ânimo que teve o meu pai. Diferente dele, em muita coisa...
Algum do material terei, sem dúvida e por isso, não vivo infeliz todos os dias. Mal de mim, se não vivesse com ânimo e coragem todos os dias.
Talvez não sejam coisas explicáveis, estes desejos de recomeçar de novo e optar por uma vida diferente.
São apenas escolhas que se fazem na vida...e se dependesse apenas de mim, o Anselmo sabe que lá íamos nós para terras do Sul....e levava a minha mãe comigo.

De Zilda Cardoso a 07.11.2010 às 15:55

Por qualquer razão, fico mais descansada. Quando se parte... ainda que seja para o Sul, para o Sol, é porque alguma coisa não está bem onde se está. E pode ser grave. Ou não. Pode ser apenas cumprir um desejo.

De Sofia Freudenthal a 07.11.2010 às 17:55

Pode ficar descansada Zilda. A minha vontade de partir em direcção ao Sol, era apenas a realização dum desejo que gostava de concretizar. Algo que sinto poderia fazer diferente. Uma escolha de vida diferente. Um futuro com mais calor. Mas nada de grave. Só vou onde vai o meu amor....
Por isso digo sempre à Alice que realize os seus sonhos. E ela realiza. se realiza...

De Sofia Freudenthal a 06.11.2010 às 18:26

Queria apenas fazer uma rectificação no nome do seu amigo Zilda, que não é Miguel mas sim Vicente.
As minhas desculpas pelo engano....

De Vicente Mais ou Menos de Souza a 07.11.2010 às 10:53

Olá Sofia,

Muito obrigado pela confiança demonstrada na qual dá a entender que se divertirá comigo em Copacabana. Naturalmente também com milhares de brasucas passeando no calçadão.

Gostei das suas reflexões e por isso proponho-lhe que passemos as tardes a beber caiprinhas, caipiroscas, água de côco a conversar diletantemente sobre o desemprego, a boa vida e o dolce far niente, a lonjura, o bocejo de não sabermos realmente o que fazer na vida, nesta vida que quer no Brasil ou aqui está tão carregada de problemas de futuro...

Tenho no meu blogue ou blog, uma correspondência com o Além através de um primo meu que já "feneceu" há uns aninhos.

Vou-lhe perguntar o que há de verdade quanto ao fim do mundo ser em 2012. Isso muda toda a perspectiva...fartar vilanagem, gastar à tripa forra e morrer quando calamidades extinguirem parte do planeta...nanja que eu não quero ir na arca do Sr. Noé, primeiro porque tenho claustrofobia e depois pode haver encontros socráticos indesejados...é bem capaz de arranjar uma vara para poder entrar...

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