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Castelo Branco: Camilo e outros

por Zilda Cardoso, em 29.08.08

 

O Jorge Nuno convidou alguns dos seus amigos para um jantar na Quinta. Quiseram que fosse no jardim, mas a iluminação exterior... De modo que, como se fazia escuro, levei-lhes uma dúzia de velas de diversas cores e tamanhos dentro de um copo de metal pesado. Acendi-as todas (vela acima vela abaixo, parecia uma trapalhada com  design artístico) e coloquei sobre a mesa das vitualhas. O ambiente  com aquela luz dourada ficou discretamente festivo, misterioso, sedutor.

Ouvi-os rirem-se, falarem alto, calculo que se divertiram pela noite fora, contando e recontando as suas histórias, sobretudo depois que os jactos de água da rega automática inundaram literalmente a mesa, alagando os que a ela se sentavam. E a comezaina!

Tinha sido um súbito desabar não se sabia de onde, assustador, mas um dos jovens - trabalhador  liberal ou empresário -  habituado a descobrir, a raciocinar célere e a decidir, pediu-me com que  tapar os aspersores. Era só isso.

Deitei mão do que encontrei - uns cestos de cobre de desenho sofisticado, muito impróprios, mas eficazes. Foi o instante do apaziguamento.

Arrisquei então sentar-me  no banco molhado com os da geração recente, e apercebi-me de que havia um Castelo Branco que descendia do par mais conturbadamente romântico que conhecemos:  Camilo e Ana Plácido. 

Ofereceu-me um exemplar do livro feito a partir de quatro cartas de Camilo a um seu amigo de Coimbra.  As cartas pitorescas, respeitantes a um exuberante negócio de burro, são muito joviais, o assunto parece uma anedota sem fim.

 

 

 

 

O escritor que estava a viver em S. Miguel de Seide, pensava que os burros minhotos eram mais interessados em questões eróticas do que os coimbrões e ele não queria suportar os excessos passionais e os altos zurros amorosos dos seus vizinhos burros. De modo que, como precisava de burro, encarregava o amigo de lhe comprar um daquela região onde seriam mais intelectuais e tranquilos já que a Universidade devia exercer a sua influência por ali. 

 

 

 

 

Mas eu queria saber outras coisas, como...  se haverá algum traço que ligue o actual Castelo Branco ao seu famoso avô?! Voltarei para lhe perguntar.

 

Fotos da Quinta do Casal, de J.N.

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publicado às 18:40


5 comentários

De José Manuel Correia Alves a 30.08.2008 às 11:24

Muito bem, Dª Zilda.
Parabéns pelo aspecto gráfico e pela, constante, qualidade dos textos.
Gostava de ver um texto sobre as suas, possíveis, recordações de Moimenta da Beira, desde lá,

Cumprimentos,

José Manuel Correia Alves

De zilda cardoso a 30.08.2008 às 11:57

Foi uma completa surpresa o seu nome no comentário. Fiquei muito feliz, julgava ter-lhe perdido o rasto e o contacto com Moimenta, embora receba regularmente o jornal da biblioteca. Sim, vou pensar no que me sugere. Quer dar-me novidades da vila?

De José Manuel Correia Alves a 30.08.2008 às 12:19

A Vila continua, cada vez mais, em dois ritmos e duas
iguais vivências; a Vila que eu gosto e onde nasci, que continua com as pessoas conhecidas, com nome próprio, com as suas casas e vidas ali fundadas, com os odores e tons imutáveis; com a calma e simplicidade do que é verdadeiro e, depois, há a outra face do espelho, com gente anónima, sem raízes naquela Terra, que apenas vivem ou passam lá sem terem ou deixarem o encanto de quem gosta realmente dela e, por isso, não conseguindo ver o que tem de bom, apenas tentam trazer para lá maneiras e formas de vida que lhe são alheias e nunca serão as próprias e adequadas...é a face de que não gosto e tenho dificuldade em aceitar como Moimenta.
Mas dar-lhe-ei notícias, sempre das coisas boas.
Até lá.

De restelo a 31.08.2008 às 19:07

D.ª Zilda Cardoso li com gosto o seu post , mas penso que esse mundo infelizmente já não existe.

De zilda cardoso a 31.08.2008 às 19:30

Muito obrigada pelo seu comentário, mas gostava de perguntar-lhe a que mundo se refere e já não existe: o de Camilo ou o dos tetranetos?
Podemos falar do assunto e iniciar uma discussão interessante para todos. É objectivo destes textos provocar reflexões que Restelo já começou a FAZER e vai partilhar connosco, tenho a certeza. Fico aguardando a sua amável participação e comentário.

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