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a cidade do méxico

por Zilda Cardoso, em 31.07.10

Ficheiro:Chichen Itza stadium.jpg

 

A cidade do México situa-se a grande altitude e a poluição é terrível, pegajosa e escura. Passei o primeiro dia com dores de cabeça insuportáveis aliviadas pela água fria em que mergulhei durante horas e pelas aspirinas que já se encontravam no quarto na mesa-de-cabeceira antes que alguém as pedisse, como bombons para uma noite doce. Nem pensar em sair.

No dia seguinte – não atravessei os mares para restar deitada numa cama de hotel - estava na rua às primeiras horas. O que tinha lido sobre os diversos povos que habitaram estes lugares, levava-me a desejar vivamente sair a correr e ver tudo o que havia para ver e admirar. Mas foi impossível. As dores de cabeça voltaram com intensidade e recordo-me de entrar num sítio para beber qualquer coisa e quase desmaiar. Então estenderam-me sobre os assentos de uma fila de cadeiras e despejaram-me com rudeza água fria na cabeça; e eu de olhos fechados pensando como resolver aquele grande problema…

 

 File:Templo de los Guerreros.jpg

 

A verdade é que saí da cidade do México procurando esquecer de todo a civilização azteca e a cidade que para mim a representa (excepção feita ao belíssimo Museu de Antropologia que não quero esquecer). Visitei outras cidades grandiosas na península de Yucatan como Chichen Itza e Uxmal onde a civilização maia, mais desenvolvida na astronomia, na matemática e na escrita, deixou monumentos de beleza singular, palácios, e templos em forma de pirâmide rectangular e escalonada com plataforma para sacrifícios. Usaram técnicas de edificação ainda ignoradas no nosso tempo de avanço tecnológico e os baixos-relevos na pedra em todas as construções, representando divindades antropomórficas,  dão-lhes desusada sofisticação.

Recordo o majestoso Estádio para jogos onde me passeei sem perceber como faziam passar a bola naquele anel, a Pirâmide de Quetzalcoatl, o Templo dos Guerreiros, absotutamente extraordinário, o observatório chamado o Caracol e outros sítios que me deixaram por completo rendida ao fascínio de uma beleza simples e comovente.

Ainda recordando e olhando as imagens das pedras ordenadas e patinadas, sinto que compreendo, sinto que entendo a razão da grandiosidade que nada tem a ver com material, mas que é elevação, espiritualidade, desejo de chegar mais alto e mais próximo do céu. Os templos foram decerto erguidos em lugares sagrados indicados pelos deuses, são o eixo do mundo para cada um desses povos e a sua porta de comunicação com a divindade, essencial para a existência humana.

File:Chichen Itza 4.jpg

 

 File:Chichen Itza 3.jpg

 

Todavia, passeando por lugares não de todo para turistas pude ver como se vivia ao lado destes palácios.

(Imagens da WiKipedia, agradeço a Daniel Schwen e peço desculpa por as fotos saírem cortadas do lado direito: o estadio com o anel, o templo dos guerreiros, o observatório, a pirâmide de Quetzalcoatl).

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publicado às 17:22


2 comentários

De A.Küttner a 31.07.2010 às 23:16

Excelente:

- Todavia, passeando por lugares não de todo para turistas pude ver como se vivia ao lado destes palácios

De Marcolino a 31.07.2010 às 23:30

Boa noite, Zilda!
Depois de ler esta sua narrativa, sentei-me tranquilamente, junto à janela que dá para nascente, luzes apagadas, saboreando uma mistura de água gelada com café, temperada com duas rodelas de limão, cómodamente, lentamente, sovida por um colorido tubinho de plástico flexivel, saboreando o que minha memória reteve depois de lida e relida, mais esta página da sua viagem, por mais uma das suas viagens.
Viajar devagar. Poder observar tranquilamente espaços e suas gentes. Comer e beber, aquilo que mais preferem. É uma forte ementa para as suas novas descrições.
Ponha-nos a sonhar com a sua grande capacidade de fazer chegar até nós a multiplicidade cumplice das cores, dos sabores, dos cheiros, da algaraviada de linguas estranhas que nos deixam deslocados no tempo e no espaço.
Boas férias Zilda e, não me deixe sem ler...!
Noite tranquila
Marcolino

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