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Jogos olímpicos

por Zilda Cardoso, em 23.08.08

Não me importo se os portugueses ganham ou não medalhas de ouro. Não me interessa saber se os chineses têm mais do que os Estados Unidos ou se a União Europeia obteve menos medalhas que a China. Para mim, são questões ociosas.

Jogar, jouer, play é tudo brincar. E brincar é brincar, não é tragédia nem drama sequer, não é choro nem birra, renúncia emocional, desilusão definitiva. Não é sentir-se rejeitado nem marcado por um destino fatal, coisas assim.

Jogar é jogar e é brincar: apenas se compreende com muitos sorrisos e boa disposição.

Por isso, apreciei imenso as jovens chinesas no atletismo, sobretudo na ginástica e na dança. As chinesas e as outras. Gostei de ver até que ponto de perfeição pudemos chegar.

Gostei de ver os nadadores com guelras e sorridentes, tubarões ou apenas grandes peixes nos seus ondulados e elegantíssimos movimentos na água.

Apreciei a atleta russa no salto à vara: os preliminares, a beleza do seu olhar não medusado, o corpo a subir, a subir direito, cada vez mais alto apenas com o impulso da vara e o grande impulso da sua vontade.

A vela, a canoagem, o remo... vi que são desportos muito agradáveis para ver e para praticar.

Não gostei nem gosto da maratona (que me perdoem os gregos!) - considero-a uma prova excessivamente excessiva.

Acho fascinante a corrida dos cem metros, prova muito difícil para os que ambicionam obter um primeiro lugar, mas tão rica de características a cultivar por todos!

Finalmente, adorei assistir ao triplo salto de Nelson Évora, apreciei a atitude do atleta, extraordinária de simplicidade, de inteligência e de saber fazer: o seu corpo voou literalmente como há muitos anos tinha visto Nureyev numa sua dança: o bailarino parava no ar por instantes, não tão poucos, Évora voa com todo o rigor, entre os toques no chão.

Nunca tinha visto nada tão bonito como esse voo do seu corpo de pássaro, cheio de souplesse, de segurança de si e de alegria.

 

 

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publicado às 12:57


6 comentários

De Fátima André a 23.08.2008 às 15:23

Sem dúvida, fascinante a postura e elegância do desempenho da maior parte dos atletas. Do pouco que vi, gostei imenso.

De VIGUILHERME a 24.08.2008 às 10:16

Há um espaço/tempo em que o homem /mulher se encontra com os Deuses e com a máquina,e se une a eles em perfeição de movimento,de velocidade, de harmonia, de beleza, se transformando em passaros, em peixes,em vento, em magia, e.................E assim aconteceu nestes Jogos Olimpicos ,homenagem a todos que nela participaram, mas o que mais nos jubilou foi o heroi /alado Nelson Évora com o seu ondolante e rasante salto premiando-nos a todos com a sua medalha de ouro, e a sua grandeza de heroi e fragilidade de humano ....bem hajam estes momentos e estes herois que nos ajudam a reflectir sobre o homem máquina /Deus............agradeço a este blog a possibilidade de com a autora dele poder homenagear todos que se esforçaram por nos oferecer este espaço /tempo dos Jogos Olímpicos

De Anónimo a 24.08.2008 às 22:09

Muitas contas se fizeram e até, a dada momento, por elas julgavam. Esquecia-se do real conceito grego "Jogos Olímpicos".

E deixo este comentário a agradecer a sua escrita. Parabéns pelo seu blogue!

De Teresa Hoffbauer a 25.08.2008 às 00:36

Sou absolutamente da sua opiniao. No entanto, confesso que a Medalha de Ouro e outra de Prata me fizeram feliz.
Já que a Alemanha teve tantas medalhas, fez-me bem dizer: "olhem pessoal o meu País também ganhou duas".
Entao no futebol ainda foi pior, quando a Alemanha ganhou a Portugal, o meu marido nao se atreveu a falar comigo durante dois dias.

Saudacoes de Düsseldorf!

De Jotacê a 25.08.2008 às 16:26

antes das duas... (poucas) medalhas portuguesas só se falava nos comentários do atleta que dizia que de manhã "só é bom estar na caminha"!?!

A Antena 3 (rádio que ouço com mais frequência) tinha mesmo umas montagens destas e doutras declarações das desculpas dos atletas da altura e punha isso no ar constantemente.

Dei comigo a pensar que... ser humorista em Portugal não é fácil... sobretudo se o humor for feito por certas pessoas... e sobre certos temas!!

É obvio que (ao contrário da Telma Monteiro que se queixava das arbitragens) estas "das manhãs na cama" e das "perninhas cansadas" só podem ser interpretadas como tentativa de humor por parte do desportista... no meio da desgraça... MAS NINGUÉM EM PORTUGAL PENSOU ASSIM... e o desgraçado atleta e aprendiz de humorista foi cruxificado por todos!

De zilda cardoso a 25.08.2008 às 19:53

Comento o seu comentário porque acho que viu o problema de forma muito diferente da maioria de nós. De facto, parece que ninguém reparou que havia humor nas palavras desse atleta perdedor e aprendiz de humorista, como diz. Tentativa de humor, é isso, já que ninguém achou graça. E tal como escreve José Miguel Júdice (volto a citá-lo porque acho que também ele acertou na sua análise ao comportamento dos portugueses), os atletas comportaram-se exactamernte como poderíamos antecipar e de modo que "corresponde com o maior rigor às características que nos definem".

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