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Sofia Vilardebó (2)

por Zilda Cardoso, em 11.03.10

 

 

"Ajudar os outros é o que me faz feliz", diz Sofia.

 

Quer ela dizer, é feliz ao proporcionar aos outros a possibilidade de serem felizes minimizando o seu sofrimento. Em relação às crianças, quer dar-lhes o que precisam para terem algum conforto não apenas em termos materiais mas em carinho e atenção.

O que a Sofia está a fazer é a apreciar mais os outros.

 

Tal como afirmou Matthieu Ricard na sua conferência no Porto, há alguns dias, o altruismo não é um luxo, mas uma necessidade em termos económicos, em termos de qualidade de vida, em termos de ambiente.

Sofia conseguiu cultivar e desenvolver em si o altruismo. Ela é exemplar nesse aspecto, e seria bom que desenvolvêssemos em nós qualidades compassivas semelhantes e que elas pudessem ser transferidas à sociedade e à cultura.

Porque é desejável que a cultura evolua para  um altruismo mais evidente.

 

"As culturas evoluem mais rapidamente do que os genes", afirmou Ricard com convicção. As culturas têm evoluído, é possível.

 

Não creio que a Sofia seja generosa com o fim de ser considerada generosa: é que deste modo ela está de bem consigo e com os outros, e a contribuir para uma evolução no sentido desejável. O seu projecto recente é ir, pelo menos, um mês para África, aprender a ajudar junto dos que têm mais e maior carência.

 

E como, com todos os afazeres que tem, tem sempre tempo para mais algum, Sofia revelou-me mais uma actividade sua: dá aulas de pintura a crianças com o objectivo de desenvolver a sua criatividade e a elaboração do pensamento que muitas vezes não surge facilmente na expressão verbal, mas pode ser descoberto em trabalhos de representação como a pintura.

 

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publicado às 12:53


7 comentários

De Augusto Küttner de Magalhães a 11.03.2010 às 14:05

Parabens Zilda ppr aqui trazer a VIDA DA SOFIA!


Por vezes acredito que ainda vale acreditar, em alguns nossos semelhantes!!! Infelizmente fazem a diferença pela positiva, o que quererá dizer que muitos mais a fazem pela negativa!



Mas será de esperar que mais se atirem em frente, sem esperar que tudo venha consigo ter!!!!

De Sofia Freudenthal a 11.03.2010 às 22:37

Obrigada Zilda. Escrito por si, aquilo que faço fica ainda com mais sentido e faz-me sentir bem.
A falar ontem, pelo telefone, com a minha querida família que tento apoiar material e afectivamente, da forma que posso devido à distância, A Delfina dizia-me: "o meu melhor remédio é ouvir a sua voz. durmo descansada e em paz".
Mal sabe ela, que não sei a quem faz melhor, se a ela, se a mim.
Como um gesto tão simples, pode fazer alguém tão feliz. Isso faz-me verdadeiramente feliz.
Se tivesse dinheiro, sem dúvida que o que fazia era meter-me no avião e poder visitá-la.
Pequenos gestos....grandes emoções....
Cada vez penso mais que tudo na vida é tão relativo e que me deparo com este facto tantas vezes no meu dia-a-dia.


De Augusto Küttner de Magalhães a 12.03.2010 às 16:51

Exacto:

- pequenos gestos, grandes emoções...
Cada vez pensdo mais que tudo na vida é tão relativo e que me deparo com este facto tantas vezes no mu dia-a dia!!!

Exaco

Augusto

De João Nuno a 12.03.2010 às 00:50

Querida Zilda...
que bonitos exemplos em dias que, por vezes, nos deixam pensativos com gestos e atitudes.
Parabéns e obrigado à Sofia.
* Nestes momentos, em que o sol tem brilhado e a chuva fugiu para outras "bandas", tenho-me lembrado que se deve sentir muito mais entusiasmada. É engraçado...sol e alegria conjugam harmoniosamente.
Um abraço
João Nuno
http://joaonunomb.spaceblog.com.br
- Se vier, entretanto, a Lisboa...não perca a peça "Rei Édipo". Adorei!

De Isabel Maia Jácome da Costa a 12.03.2010 às 16:50


Querida Zilda

Não consegui conter-me.
As minhas palavras relativamente a este seu post excedem o número de palavras previstas. Depois de ler o texto que escrevi não consigo encurtá-lo. Este tema tem tanto, tanto que se lhe diga e penso serem tão importantes alguns alertas para que muitos compreendam e abarquem um pouco mais profundamente a grandiosidade, beleza, mas também grande dificuldade deste tipo de trabalho que não resisti em me alargar. Para colmatar a lacuna, pensei em dividir essas minhas palavras pelos dois dias. Será que vale a pena? Deixo ao seu critério e às possibilidades e lógica deste espaço que ainda conheço mal.
Mais uma vez desculpe e obrigada.
Agora as palavras directamente relativas aos textos sobre a Sofia:

A divulgação destes "gestos" ajuda a tornar perceptível para muitos, que não são só ideais que movem pessoas como a Sofia. São actos. Uns mais visíveis, outros mais discretos, mas “actos”. Somados vão constituindo diferença. E exigem muito esforço!
Quem trabalha com este tipo problemas fica por vezes profundamente chocado com as carências incríveis que estas crianças/famílias têm. Carências muito para além das económicas e que os próprios desconhecem a maioria das vezes, condicionando-lhes no entanto toda a sua vida, relações, afectos. O próprio conhecimento e compreensão de si próprios e da vida!
Ainda bem que existirem "Sofias" que, porque acreditam que é necessário não desistir de intervir nestes problemas difíceis, mantêm a vontade de ajudar, ensinar, apostar e, sobretudo, "acreditar" nestas crianças e famílias que tanto necessitam de oportunidades para conquistar as suas oportunidades!
É que, só acreditando com alguma continuidade e perseverança, em quem, por múltiplas razões até compreensivelmente válidas, deixou de ser social e pessoalmente credível, pode eventualmente mudar pequenos nadas nessas vidas. Nessas crianças, nessas mães/ famílias, precisamente aquelas que necessitam aprender a acreditar em si próprias (já não falo nos outros!). Que necessitam de tempo para aprenderem a acreditar! Que necessitam que lhes seja dado tempo!
Se não acreditam em mim, como posso eu acreditar, mudar, evoluir, ter outras e novas oportunidades?
E isto, sem entrarmos na relação de “nacional porreirismo”, de condescendência sucessiva e fácil que conduz à desresponsabilização dos outros, só porque nós, “bonzinhos” e “compreensivos” nos deixamos dominar pelo “coitadismo”!
A vida, madrasta para muitos, torna cépticos principalmente os mais necessitados de crença!
Por isso, um trabalho como o da Sofia é tão difícil! Exige tempo. Trabalho em que o esforço dispendido nem sempre permite ver resultados que gratifiquem toda a dedicação que sentimos dar, levando muitos a desistir. Trabalho que só se consegue avaliar muito longe no tempo e cujos progressos muitas vezes são pequenos aparentemente nadas que frustram alguns dos que, com as melhores intenções se abalançam nestes projectos. Ou aqueles que apenas se satisfazem com as suas próprias conquistas, não conseguindo aguardar pelo tempo necessário às conquistas exteriores a si próprios. As conquistas que temos que promover nos outros. Esses para quem trabalhamos!
Falo das crianças, sim, mas também das mães que oportunamente não conseguiram dar o melhor aos seus filhos. Quantas, porque não souberam dar, simplesmente, o que nunca tiveram. O que nunca puderam aprender e sentir que existe.
Há crianças destas em África, em Tires, há-as em mais tantos e tantos recantos das nossas cidades, vilas, aldeias... tão perto e tão longe de cada um de nós!
(continua)


De CC a 15.03.2010 às 21:30

Basta olhar para a fotografia da Sofia para percebermos que ela faz algo muito importante e que a faz muito feliz.
Admiro o trabalho da Sofia e acho-o muito importante. Infelismente ainda há muito estigma à volta dos reclusos e dos seus filhos.

Muitos Parabéns à Sofia pelo trabalho que faz e muitos parabéns à Zilda pelas escolhas.

Fique bem!

De sofia Freudenthal a 16.03.2010 às 21:22

OBRIGADA a todas as pessoas que se têm interessado pela minha história, que mais uma vez digo, escrita pela Zilda, tem outro sabor. Principalmente pela amizade e admiração que tenho por ela.
É uma história simples, de procura constante, de reflexão, de criatividade, de ser um bocadinho melhor todos os dias. De dar um bocadinho mais de mim e do que me move realmente, dar mimo a quem precisa. Não esgota sabiam?

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