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ALICE

por Zilda Cardoso, em 11.01.10

A Alice, que para mim continua a ser a das Maravilhas, teve o seu aniversário de gente grande, de gente maior, na passada 3ª feira. 

Começou a sua festa com um jantar em família num belo restaurante da beira-rio Tejo e continuou com primos, amigas e amigos pela noite fora noutro lugar, misterioso para mim.   (ELA é a 2ª a contar da esquerda)                                       

A Alice já não me pede para contar histórias de fantasia. E eu raramente lhe oiço fantásticos sonhos. Mas gostava... eu gostava de ouvir as novas histórias dela, as que vive agora em Londres. Coisas diferentes dos trabalhos e das notas e dos próximos projectos, os muito próximos.

Apreciava conhecê-la melhor, saber o que sente e que pensamentos ocupam a sua cabeça.

Se ainda é capaz de arder de curiosidade atrás do Coelho de colete e relógio, sempre atrasadíssimo, e de beber da garrafinha aquele líquido atraente que verificou com cuidado antes de o provar, não fosse ser veneno. No entanto, bebeu o frasco todo, ficou minúscula, lembram-se? Não se afligiu nada e logo encontrou solução ao comer o bolo que a fez gigante e estranha. Aí, sim, chorou tanto que pode nadar no lago salgado formado pelas próprias lágrimas.

A Alice conversava tu cá tu lá com o seu amigo, o Gato Cheshire, que sorria até desaparecer todo o seu corpo e ficar apenas o sorriso. Mas antes que acontecesse, ele perguntou-lhe se nesse dia ia jogar “croquet” com a Rainha.

Bom, ela não sabia, mas merendou com a Lebre de Março e o Chapeleiro mesmo sem ser convidada e com eles falou de Tempo e de outras matérias marcantes e sérias. O mais relevante de tudo, foi ver passar o cortejo que incluía a Rainha e o Duque, os filhos, os soldados e os convidados e os tacos para jogar. Eram flamingos, os tacos, as bolas ouriços-caixeiros vivos e as balizas soldados de pés e mãos no chão e corpo em arco. Foi na verdade interessante já que a Rainha das cartas de jogar mandava cortar a cabeça a qualquer um que a contrariasse. E era fácil contrariá-la. Os argumentos podiam ser os mais válidos, a solução era sempre a mesma.

Espero que a Rainha a convide para o chá e lhe mostre as maravilhas do seu Palácio onde coisas boas se passam desde há séculos. E não ordene que lhe cortem a cabeça.

 

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publicado às 18:02


17 comentários

De Cabecilha&Flipado, Lda. a 11.01.2010 às 20:49

very nice :)

De Sofia Freudenthal a 15.01.2010 às 20:34

Porque é que é preciso crescer tanto, fingie que somos crescidos para poder apreciar e partilhar os nossos sonhos??? E não ter medo de o fazer, livremente....

De Zilda Cardoso a 28.01.2010 às 17:01

Deve ser questão de educação... não somos educados para sermos livres. A educação domestica-nos. É essa a sua função, adaptar as crianças ao mundo em que têm que viver. Só que esse mundo modifica-se todos os dias. De uma geração para a outra a diferença é abissal - daí os conflitos. Almocei hoje c/umas amigas da geração que se segue à minha e vi isto mesmo. E elas agora, jovens maduras e ex-casadas, sentem-se finalmente a poder fazer o que sempre sonharam fazer, sabendo no entanto quanto esforço isso custa. Gostava que a Sofia tivesse estado presente.
O s/comentário está lá no m/blog: acabei de o rever.

De Sofia a 28.01.2010 às 20:56

Eu também tinha gostado muito de estar nesse almoço. Até porque talvez também faça parte dessa geração que demorou a começar a fazer o que realmente gosta.
Esses temas, ou antes a partilha de pensamentos é sempre um prazer para mim e faço-o muito pouco.
De facto, é difícil encontrar pessoas que livremente e despreocupadamente falem de si, das suas dúvidas, dos seus medos, das suas alegrias, dos seus sonhos...
A mim, alimenta-me a alma poder partilhar os meus pensamentos, mas não tenho grande oportunidade de o fazer.
Não quer vir mais vezes à capital??

De Joana Freudenthal a 11.01.2010 às 21:43

Esta Alice que também é muito minha!
Sei que já não escolhe as gravatas do avô A. pela manhã.
Sei que entre ela e os dois primos há uma adoração infinita e isso dá-me muito gozo. Parece que fico sempre muito admirada quando os vejo abraçarem-se em cada encontro.
Sei que tem os olhos e as cores do pai e do avô.
Lembrei-me dela no post da neve e imaginei que podia estar na fotografia.
Será que conseguiu sair de casa hoje com tanta neve?

Beijinhos, Alice!

De Alice Cardoso a 12.01.2010 às 19:04

Querida Tia,
Obrigada! Adoro estar com a minha querida familia, especialemente nestes dias importantes que ficam para a vida!
Claro, os primos serão sempre, OS primos, e por mais que fique meses sem os ver vão ser sempre muito importantes para mim.
A cidade está linda cheia de neve :) Ainda não nevou muito desde que cheguei, amanha ouvi dizer que vai recomeçar!
Grande beijinho
P.S. Parabéns pelos 24 anos do Fancas!

De Augusto Küttner de Magalhães a 12.01.2010 às 09:43

Zilda, uma vez mais gostei muito de a ler.E parabéns à Alice. Á verdadeira, 2º da esquerda!

Augusto

De Romina Barreto a 12.01.2010 às 14:01

Tão bonito e tão genuíno! Parabéns à Alice. :)
Um abraço querida Zilda.

Romina

De Zilda Cardoso a 12.01.2010 às 17:40

Romina, como está? É bom saber de si.
Agradeço os parabéns pela Alice. Quanto à história... só não me preocupei. Compreende o que quero dizer. Espero notícias das suas composições.

De Augusto Küttner de Magalhães a 12.01.2010 às 20:31

Zilda

Temos que apostar nestas JOVENS, na Alice , na Romina, em todas e todos que sabem o que querem, que querem ir em frente, que não são uma Geração Perdida, como lhes chamava o Público no domingo. Há anos era a Geração Rasca, lembra-se, do Vicente Jorge Silva????

Têm que ser estes jovens, estas jovens, estas gerações entre os 15 e os 35 anos o futuro, desligados dos que andam sempre os msmos a aparecer, sempre, sempre, sempre.

E nós menos jovens, mais gastos, penso que seremos uteis, para aconselhar, sempre e só na rectaguarda!!!!!!

Temos que ter opinião, temos que querer ajudar estes JOVENS A SEREM DE FACTO O FUTURO.

Acho que isto não vai lá sem sangue novo, que não Yuppies, mas atinados!!!

De Alice Cardoso a 12.01.2010 às 19:21

Minha Querida Avózinha,
Sei que já devia ter vindo a muito tempo escrever no seu blog, mas enfim, nada melhor do que o Post "muito especial" sobre os meus anos para começar.
Primeiro queria começar por agradecer muito, não só pelo post mas por ter vindo até à capital celebrar este dia que para mim foi muito importante!
Adorei o post , a história de Alice no Pais das Maravilhas foi sempre o meu filme preferido (claro!), mas no entanto, acho que nunca o compreendi realmente...Só passado alguns anos é que comecei a perceber (e foi ai que o pai tirou me o filme!!).
Quero muito conversar consigo, vejo-a muito pouco e apesar de achar que sei muito sobre si, também sei muito pouco! Adorei ir ao museu consigo, a avó é das pessoas mais cultas e interessantes que eu conheço e provavelmente vou conhecer! Admiro-a tanto...
Parabéns, não só pelo blog, mas por ser como é, a melhor avó do mundo!
GRANDE beijinho, com muito carinho, importado directamente de Londres (onde neva e está tudo branco e lindo!).
Alice

De Joana Freudenthal a 12.01.2010 às 19:53

E vem aí o filme do Tim Burton!
A mim sempre me «meteu medo» a história da Alice no País das Maravilhas, a ponto nunca a ter contado aos meus filhos ou aos meus alunos.

Beijinhos para as duas.

Joana

De Zilda Cardoso a 13.01.2010 às 09:25

Por quê, Joana? A história pode simplesmente ser um estímulo à imaginação. Diria que também se aprende a imaginar, a fantasiar, a criar mundos diferentes. A história da Alice pode ser muitas outras coisas. É bom deixar-se levar pela imaginação para lugares felizes, onde os sorrisos perduram, onde tudo o que queremos que aconteça acontece e "desacontece" com a mesma facilidade. Cultivar a curiosidade (não por coisas mesquinhas género mexericos ou telenovelas) mas por aquilo que pode interessar à humanidade, à comunidade, à família, aos amigos, a nós próprios para nosso bem... que é também o bem dos outros, pode ser tão divertido como seguir os passos da Alice das Maravilhas.
Bom dia, Joana, estamos num Inverno a sério, mas talvez amanhã vá brilhar aquele Sol que apreciamos tanto e nos reconforta. E se não brilhar amanhã, brilhará pela certa depois de amanhã.

De Joana Freudentahl a 16.01.2010 às 23:03

Zilda,

Neste caso, a resposta é mesmo: parce que...
Não sei explicar.

Beijinhos.

Joana

P.S. Eu já vi Londres com neve.

De Zilda Cardoso a 13.01.2010 às 11:49

Nunca vi Londres nevada. O branco é muito atraente e quando cobre em parte, deixando outra parte escura, pode ser como uma pintura de Leonardo da Vinci que descobriu o "chiaroscuro" no sec. XV. É um contraste entre luz e sombra que define os objectos, sabes, sem desenhar os contornos. Se a cidade ficasse toda toda branca era como se estivesse deserta, vazia. Tenho que ir verificar ou tu mandas notícias muito claras. Está bem?
Que bom, termos ido ao Museu de Design na baixa de Lisboa. Valeu a pena: é diferente, interessante, inovador.

De Zilda Cardoso a 14.01.2010 às 09:31

Alice, bom dia
Tenho que ir a Londres verificar, repito. Imagina só a cidade vazia e nevada. Toda igual. Sem movimento sem ruído, lisa e branca. É claro que podemos imaginá-la fervilhando por debaixo dessa brancura. Que achas que aconteceria a quem tivesse umas asas brancas, aquelas que são dadas pelos anjos? Poderiam talvez bater as asas e sair dessa reclusão branca e subir até... não sei.

De Sofia Freudenthal a 28.01.2010 às 21:01

Que bom ver a minha filha a escrever à sua avó. Paece que foi ontem que tantas e tantas vezes pus o filme da Alice no País das maravilhas a passar.... Amavas!!!
Vale a pena voltares a ver o filme agora que és uma mulher.
Não deixes de aproveitar as conversas com a tua avó, nada mais rico que esses momentos. Esses sim, enriquecem-nos interiormente...

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