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JORGE CARDOSO tratou fotografias suas de há muitos anos e transformou-as em arte.
Esta é uma de uma série apresentada em Ponte de Lima na Torre da Cadeia Velha no mês de Outubro.
É um trabalho invulgar: o suporte da imagem é alumínio texturado, um grande painel, sobre o que estão afixadas com parafusos bem visíveis, a uma certa distância, placas de acrílico com imagens fotográficas geométricas ou não. O conjunto é tridimensional, um tanto sofisticada e propositadamente artesanal.
O painel lembra a fotografia antiga a preto e branco, mas tanto o suporte como o material acrílico a modificam de modo que outras imagens aparecem e se sobrepõem. O que fica são camadas, layers, e lying layers ou seja camadas aparentes, mentirosas. É também referência à posição reclinada da Lolita no sofá, tal como se vê noutras obras expostas.
Há referências à técnica digital nas letras e nos números. Segundo Jorge Cardoso, letras e números são pistas para decifração de... mistérios, digo eu, existentes por ali, no belo espaço medieval.
As palavras mão não mente sim ou apenas mão não mente com a última palavra fugidia a vermelho alaranjado aparecem pintadas em todas as obras. É a ideia de que a fotografia não é necessariamente a verdade, mas pode ser arte possível de ser reproduzida mecanicamente. Poderá falar-se de descontextualização, de ambiguidade e de abstraccionismo? Não sei.
Um elemento interessante da exposição (que não está aqui suficientemente explanada, lamento) é a música e uma voz off que repete certas palavras e dá à sessão um acentuado ar de humor inteligente e conhecedor de novas técnicas e novos conceitos de arte.
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