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A Casa de Serralves

por Zilda Cardoso, em 18.07.09

 

Na Casa de Serralves, que foi residência do segundo conde de Vizela, assisti ontem à inauguração da exposição de Ruhlmann, mestre da art-déco francesa.
Ruhlmann nasceu em 1879 em França numa família de artesãos com quem aprendeu o ofício de operário pintor. A sua ambição era ser artista pintor, mas acabou por remodelar a empresa familiar orientando-a para trabalhos de decoração. Abriu um atelier de desenhadores para a criação de têxteis, papéis e tapetes. Mais tarde, interessou-se por móveis que a princípio mandou executar nos excelentes marceneiros da sua cidade. Participou em exposições importantes nacionais e internacionais.
Quando o Conde de Vizela, “um homem do mundo e grande viajante”, quis remodelar a sua propriedade no Porto para vir aqui morar, visitou em Paris a Exposição Internacional de Artes Decorativas e foi seduzido pelo mobiliário de Ruhlmann a quem encomendou peças sofisticadas, elegantes e modernas para decorar a casa projectada por Marques da Silva.
O interessante é que se desenvolveu uma relação intensa entre os dois. O proprietário dirigiu e controlou as obras até ao mais pequeno detalhe, encomendou aos melhores artistas e mandou construir uma nova casa e os jardins que a circundam com grande entusiasmo e saber. Pode afirmar-se que Marques da Silva foi o seu intérprete e “coordenador de todas as opções” da construção.
Toda esta extraordinária obra artística foi alguns anos depois vendida ao industrial Delfim Ferreira, conde de Riba d'Ave e a ele, mais tarde, adquirida pelo Estado português. Com muitos apoios e ajudas de empresas particulares faz, no presente, as nossas delícias de portuenses sempre queixosos de falta de espaços atraentes, convidativos para meditar na oportunidade de iniciativas desafiantes como a do Conde de Vizela.
Enfim para compreender a sua “certa maneira de estar no mundo” e, do mesmo modo, o que pode ser chamado “o espírito do lugar”.
 
 

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publicado às 13:59


12 comentários

De Augusto Küttner de Magalhães a 19.07.2009 às 02:51

Excelente, falar de Serralves, da Casa de Serralves.
Conheci a Casa quando ainda residência do ultimo proprietário em nome individual. Algo que achei muito interessante foram os quartos de banho todos em marmore! Ainda hoje quando visito a Casa de Serralves vou ver aquelas diferentes casas de banho. Não é fixação, é diferença, positiva!!

De Zilda Cardoso a 19.07.2009 às 09:24

É interessante falar nos quartos de banho que são maravilhosos. Se bem me recordo, pelo menos um deles é uma peça inteira, uma pedra única cavada cor de rosa. Mas do que me recordo é de alguém de lá confessar como era desconfortável a banheira porque ficava gelada quando tomava banho nela. A água arrefecia logo dentro daquela pedra lindíssima e ela saía rapidamente com uma vontade, sabe como é, de ter uma banheira normal e feia.

De Augusto Küttner de Magalhães a 19.07.2009 às 20:25

Exactamente!

A peça unica e o frio!!!

Quando lá estive, era miúdo, talvez 1957, a Casa era desconfortável, não direi desconfortável!!!!!!!, era digamos, comparando com o que hoje se acha que se deve ter de conforto, para se viver , mas era um espanto, para ver, tudo. E hoje, olhamos para aqueles quartos de banho, como para o resto, não para viver, mas para ver, e gostamos.
É Museu!!!!!!!!!!!!não é que é ao lado, mas subentende-se....acrescenta-se.....ao Museu...

De Alfacinha a 20.07.2009 às 03:45

Para sr Augusto Küttner de Magalhães, eu gostaria transmitir a si, a felicitar o seu dia de aniversário. Parabéns e muita alegria com um bom sentido de humor, generosidade e tenha um óptimo saúde e vida sã. Sou afeiçoada de ler vários dos blogs, também da Laurinda, da Zilda, da Sónia, da Inês e outros, especialmente comentários inclui você que eu mais admirei.
Mais uma vez, Parabéns e mt felicidades que une a sua familia e pessoas que mais admire.
Cumprimentos, P/.

De Augusto Küttner de Magalhães a 20.07.2009 às 10:32

Muito, muito obrigado, por tão generosas palavras.
Os anos efectivamente vão passando!!!!
Obrigado e bem-haja

Augusto

De Nucha a 20.07.2009 às 00:12

Zilda,
Que bom este seu post.Eu estudei história de arte, no meu curso, com um homem maravilhoso, Manuel Rio- Carvalho. Ele era expert em Art Deco, aliás frequentei um curso com ele no CNC e foi fantástico contextualizar esta época.Estes mestres, os representativos,estão muito bem expostos no Museu D'Orsay. É sempre um prazer para a vista e para o coração também.
Boa semana.
Abraço
Nucha

De Augusto Küttner de Magalhães a 20.07.2009 às 10:35

Penso que há 3 /4 anos..aquando das 40 horas Non-Stop, a Casa De Serralves estava toda mobilada com móveis Art Deco, da colecção do Sr. J. Berard(emprestados).
Ficava tudo como havia sido há uns bons anos atrás!

De Alfacinha a 20.07.2009 às 04:05

Também sempre gostei a Casa de Serralves, é a segunda paixão que eu mais admiro. Fui a esta casa quando visitei a exposição de Paula Rego. No interior da casa de Serralves, foi lindo ao ver a decoração, mas a que chamou-me atenção era a obra "Arte Déco " que dizia era mais notável de Portugal. Interessante. Quanto ao passeio pelo jardim, gostei o longínquo de lago que pareceu a água a banhar até ao infinito.
Era uma magia estar lá com cheia de inspiração.
P/.

De Marcolino Duarte Osorio a 22.07.2009 às 09:07

Olá, Zilda, Um belissimo dia para si!

Serralves: Tenho presente, nas minhas memórias escritas, o quanto Serralves, representou, nas minhas vivências, de um passado bem recente.

Os pais do meu falecido sogro, pertenciam às relações amistosas, dos Condes de Vizela. Amizade essa que se prolongou no tempo, pelo menos, por mais uma, ou mesmo duas, das gerações seguintes.

Tive a particular felicidade de revisitar Serralves, no dia da Inauguração daquela belissima exposição da Pintura de Vieira da Silva e seu mardido.

Sempre que posso, quando aí vou ao Porto, revisito o interior do núcleo, e o que o rodeia, de Serralves, a meu ver, muitissimo bem reaproveitado e com uma dinamização fora do comum. Honra seja feita, a uma verdade ancestral, materializada pelos portuenses, ao não deixar adormecer as suas belissimas tradições culturais.

A familia da parte do meu falecido sogro, e uma infima parte da minha, conheceram-se através do meu tio avô, Eng. Modesto Osório, regente do Orfeão da UP, e do meu falecido pai, que o acompanhava nas célebres Tertúlias Culturais que essa familia cultivava.

Contudo, eu só soube desta ligação, entre as duas familias, pouco tempo depois de estar casado, mas através de uma romagem de saudade, à antiga propriedade, desta belissima familia nortenha, através do relato, ao vivo, e no local, das boas e sãs memórias do meu pai.

Mudando de assunto: A minha ausência, deve-se ao facto, de ter tido um ligeiro problema no meu computador, entretanto, já ultrapassado.

Dia muito feliz para si!

De Nucha a 24.07.2009 às 22:33

Zilda,
Encontrei este artigo que achei interessante para este tema http://ipsilon.publico.pt/artes/texto.aspx?id=237260
Abraço!
Nucha

De J.A. a 21.05.2013 às 01:57

Muito boa noite ou madrugada! Espanta-me o quanto se fala e se sabe de tanta coisa que num breve instante damo nos conta como este mundo é tão pequeno!
Na realiadade esta casa deixa-nos uma certa nostalgia e saudade, uma casa com lindos jardins, uma linda capela que hoje só vemos paredes, algo miico entre o espiritual e o profano! Sim, aquela banheira era fria sim deixava a água fria em pouco tempo, mas na época havia quem tomasse poucos banhos e ter uma banheira já era qualquer coisa! (brincadeira)

A mim pessoalm/ deixa-me a saudade das festas que ali se faziam, e principalm/ uma pessoa Alexandre (Alex) como lhe chamava na altura embora mais novo e que tinha uma historia fantástica de autentico romance e tragédia se houvesse um filme sobre .

O Amor vence tudo em alguns casos até mata.

Abraço, J.A.

De Zilda Cardoso a 21.05.2013 às 07:23

Muito obrigada por ter comentado.
Há agora uma coisa boa em relação à actual utilização da casa: é que não está a degradar-se. Está a ser utilizada de excelente maneira, penso eu. Toda a gente a conhece e pode desfrutar da sua beleza e da beleza dos seus jardins, numa cidade onde há tão poucos jardins. A Casa modificou a cidade e é actualmente uma referência, pelo menos, num certo mundo.
Não quer contar-nos a história que conhece?
ZM

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