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AVENIDA DOS ALIADOS

por Zilda Cardoso, em 14.07.09

 

Maria do Céu Figueiredo escreveu um poema algo ingénuo e muito sofrido que eu li e prometi divulgar. Foi há muito tempo, há dois anos… há mais… exactamente quando os arquitectos Siza Vieira e Souto de Moura acabaram o arranjo da Avenida mais importante do Porto – a sua sala de visitas.
Quase toda a gente, incluo-me nesse número, ficou muito magoada e penso que ainda nos não recompusemos do abalo. De forma que não é despropositado reproduzir hoje as palavras da poetisa portuense.
Bela avenida do Porto! /Onde estás? E os teus encantos? /Os relvados onde tantos/- Aves, pessoas, crianças -/Com deleite e com conforto/Saltitavam, descansavam/Ou brincavam de alegria/ Quer de noite, quer de dia? / Ou em noite de folia/- A noite de S. João -/Dormiam até ser dia/Na tua relva macia, /Felizes de coração? /Onde estás, que não te vejo? /Mas sabes que o meu desejo/ Era ver-te e admirar-te
Ou talvez não, para quê? /Para quê, verde relvado/Para quê tão verde prado/Que enchia os olhos de cor? /Para quê tanta flor?
Agora… pedra sem cor, /Sem perfume ou macieza! /Onde está sua beleza? /Se nos quisermos sentar/Ou deitar para descansar/ Temos pedra, pedra, sim! /E os banquinhos do jardim/São hoje cadeiras, só! /Cadeiras que metem dó!
E a continuar assim/As almas dos “Aliados”/Aliadas à beleza/Da menina de olhos de água/Virão chorar sua mágoa! /E os olhos da menina, /De humidade toldados, / Continuarão a chorar/Lá do alto, a recordar/Os verdes dos tempos idos/ E toda a policromia/Que esta avenida exibia/E jamais serão esquecidos! /Chora, de olhos magoados, /Menina dos Aliados!
 

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publicado às 21:39


5 comentários

De Marcolino Duarte Osorio a 14.07.2009 às 23:50

Olá, Zilda!

Adorei este seu Desabafo!

Mas a Vida evolui, a meu ver e a meu sentir, certos grandes espaços devem ser reaproveitados, renovando-os. Sem a desejar magoar, ainda mais, digo-lhe que, actualmente, acho mais útil a Avenida dos Aliados, tal como está, acho-a linda, acho-a bem mais limpa! É a Vida em constante Progresso.

Serei eu diferente? O certo é que gosto de ver evoluir certos locais que necessitam de uma boa "Plástica" para se tornarem mais úteis.

Alguma vez sonhei sair de Campanhã, meter-me no Metro do Porto, mesmo ali ao lado, e viajar até Matosinhos, Senhora da Hora, Aeroporto Sá Carneiro, Estação da Trindade, quiçá viajar até à Póvoa do Varzim? Hoje isso é possivel, para quem não tem meio de transporte próprio.

Alguma vez sonhei ver toda aquela zona ribeirinha do nosso Tagus Transformada como está?

E a vossa zona Ribeirinha do Porto? Conheci-a, e frequentei-a, de 1969 a 1976. Um amigo nosso tinha por ali um pequeno Restaurante de "Italian Food". Às sextas à noite íamos ali jantar, tertuliar um pouco. Agora não é nada daquilo que conheci. Está cosmopolita, arejada e limpissima!

O Porto tem evoluído imenso arquitectónicamente! Não sou do F.C.P. mas o seu novo Estádio é obra Magnifica, é um belissimo exemplo de Utilidade Pública!

Já tive a minha beleza, e a minha utilidade. Envelheço, mas vejo-me renovado nos meus descendentes, mais bonitos, mais modernos, e bem mais úteis que que o seu ancestral...

Tirando-me da lista, no meu pequeno apartamento não encontra velharias. Tenho o essencial para viver e conviver com velhas e novas amizades que queiram vir partilhar comigo algum dos meus petiscos de fim-de-semana!

Sempre gostei de evoluir...

Uma noite tranquilissima para si, Zilda!

De Zilda Cardoso a 15.07.2009 às 07:49

O que a maioria contesta aqui no Porto em relação à Avenida não é a modernização, evidentemente. As novas possibilidades de transportes colectivos urbanos são de uma utilidade enorme e necessitamos muitos mais. Os carros individuais dentro da cidade provocam um contínuo caos... Não é isso. É a forma como o assunto da Avenida foi resolvido. Sou muito pela modernização, mas por que estragar o que está bem e agrada aos utilizadores e agradou a gerações de utilizadores? Nesta caso, os próprios arquitectos se queixaram de que foram feitas alterações importantes ao projecto sem consulta prévia aos arquitectos, de modo que eles não querem colaborar em mais projectos públicos da cidade (pelo menos assim li em informações da Net sobre este tema, não falei com os arquitectos). Tudo isto me faz lembrar o que aconteceu há muito tempo com o Palácio de Cristal - o Palácio dos Desportos podia ter sido feito noutro local; neste caso, ouvi o arquitecto confessar alguns anos depois que tinha cometido um grave erro, mas não recuperamos o de Cristal). A m/opinião é que quando se trata de demolir seja o que for que seja pertença de todos e participa do imaginário colectivo, há que pensar seriamente nas consequências. Estes dois casos são flagrantes, irrecuperáveis e talvez não tivessemos o direito..
Sou fã dos arquitectos desde sempre, Álvaro Siza, recuperou a n/casa de Moledo há 37 anos, era uma casa velhinha e foi por ele refeita de forma exemplar. Continua a ser onde gosto de estar, onde me sinto bem, graças ao seu trabalho delicado, poético, embelezador, simples e sofisticado.
Os m/filhos para lá vão e a casa continua a ser visitada por arquitectos e alunos, todos os anos. É um canto feliz, ninguém ficou magoado.
Um abraço para si.

De Marcolino Duarte Osorio a 15.07.2009 às 13:14

Olá Zilda!

Felizmente, reparei, que não a feri!

Um dos irmãos da mãe das minhas filhas, é Arquitecto, sobrinho, por parte da mãe, de um Arquitecto. Tem hoje 62 anos. Recordo-me, já não sei em que ano, durante as nossas férias em Martim, de me ter levado com ele, como acompanhante, a visitar a sua linda casa, em Moledo. Encontramo-nos, com outro colega dele que, mais do que eu, estaria interessado em analisar o processo de recuperação feita pelo Alvaro Siza. Ficou lindissima, disso recordo-me eu. Estivemos por lá um bom par de horas!

Ora bem, imagine as estórias contidas na história das reconversões, feitas no Porto, e pelo Norte do País, que escutei entre tio e sobrinho! Tinham muitissima confiança em mim e deixavam-me estar ao pé deles durante as suas longas conversas. Recordo-me que ambos tinham um atelier numa das perpendiculares da Av. da Boavista.

A meu ver, os Arquitectos são seres que sofrem imenso porque nada, ou quase nada, daquilo que idealizam e projectam se realiza a seu contento, quer seja pelos custos ou então, pelos gostos diversos de quem lhes encomenda seja o que fôr! Sentem-se desconfortados.

Resto de um belissimo dia!

Marcolino

De Augusto Küttner de Magalhães a 15.07.2009 às 00:49

Exactamente!!!

Tenho dificuldade em saber bem interpretar poesia, mas a Av. Dos Aliados, está um desencanto, uma desolação!!! Parece um lugar de ficção, para não Pessoas! Sem verdes, sem colorido, sem jardins, sem vida!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

De CC a 16.07.2009 às 22:27

Zilda, também eu tenho saudades do jardim central da Avenida dos Aliados e do Palácio de Cristal quando era de cristal e que só conheço de fotografia.

Marcolino, penso que para ganharmos em agilidade, facilidade de deslocação de que fala, não precisavamos de perder em qualidade e beleza.

Fiquem bem!

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