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QUE FESTA?

por Zilda Cardoso, em 26.06.09

 

 Paris é uma festa é um título de Hemingway em que conta impressões da sua vida nessa cidade nos anos 20 do século XX.

Paris sempre foi uma festa para mim.
De maneira geral, ia na Primavera, lá vão muitos anos, e percorria a pé as ruas e as avenidas minhas conhecidas e preferidas. Detinha-me um pouco nos jardins, admirando a luz por entre os arbustos, observava a água das fontes e dos tanques, atravessava as pontes num sentido e no outro, passava os cais... Caminhava durante horas, até não poder mais de cansaço, mas estava sempre feliz.
Acho que conhecia cada árvore de certas avenidas, era principalmente o encontro periódico com elas o que festejava. Notava as diferenças e fixava a cor, para comparação, das jovens folhas verde-claro, transparentes, frágeis, recém-nascidas. Tinham um perfume suave, novo,  que me encantava.
E era um encontro afortunado com pessoas interessantes e comunicativas e com acontecimentos e lugares de acaso ou procurados como as exposições de arte e os concertos, as bibliotecas e os museus, como se tudo fosse diferente de cada vez. E era diferente.
A festa nesses anos era Paris. Provavelmente não tanto para mim como para Hemingway que levava uma vida solta nesse seu  princípio de carreira prometedora, confiante  no valor da aprendizagem e da formação que adquiria na cidade cosmopolita em encontros com outros escritores e artistas. O seu talento para a criação literária só podia ser favorecido pela vida rebelde que descreve depois com naturalidade e sem grandes ilusões.
Lembrei-me do grande escritor, do seu e meu amor por Paris e da sua ideia da cidade como festa móvel, depois de ter visto a referência de Laurinda Alves a Nassim Taleb que aconselha a não ouvir notícias mas a ir a festas, o que no momento se compreende e é muito apropriado: tudo o que necessitamos é de gente criativa desejosa de desenvolver o seu talento.            

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publicado às 17:09


7 comentários

De Augusto Küttner de Magalhães a 26.06.2009 às 22:38

"tudo o que necessitamos é de gente criativa desejosa de desenvolver o seu talento"

Penso que até na politica e nos politicos deveria "isto acontecer".....

De entremares a 27.06.2009 às 11:34

Seguramente, hesitei mais que o normal antes de redigir este comentário. Não conhecia o blog, cheguei aqui como a tantos outros lados, clicando aleatoriamente nas referências de outros blogs. Relembrei Paris e depois fui “espiar” escritos mais antigos. Encontrei paixão por árvores e natureza ( mais flores do campo que de sala ), castanheiros, muitas referências a histórias de vida no feminino… e até uma aventura no dentista, ( um post do ano passado, creio ) o que me fez sorrir.
Fez-me lembrar um dentista, também jovem, aqui na minha Elvas, de aspecto “Pedro Abrunhosa”, que me recebeu um dia numa daquelas emergências em que dizemos sim a tudo, só para largarmos a dor de dentes. Lembro-me que todo o solene acto de me arrancar aquele dente foi executado ao som da Cavalgada das Valquirias e outros trechos avulsos de Wagner, a quem o dentista devotava profunda admiração.
Mas o que me seduziu a escrever estas linhas foi também o ar despretensioso, quase anónimo, daquilo que escreveu.
Foi uma descoberta deveras agradável. E relendo a parte final do que escreveu no seu perfil, só posso acrescentar:

Bem vinda à blogosfera.

( Porque creio que em breve, uma frase bem conhecida se transformará em “ Ter um filho, plantar uma árvore e… escrever um blog” )

De Zilda Cardoso a 27.06.2009 às 12:35

Ainda bem que lhe agrada o que escrevo. Tal como sugiro e compreendeu, o m/desejo é que os blogues sejam lugares de festa no sentido de que fala o Nassim Taleb.
Festejo agora e aqui a s/entrada neste blogue, espero que continue... que queira continuar a alegrar-nos com a s/presença e com as s/palavras

De Otília a 27.06.2009 às 15:50

Olá Zilda,
eu sou ouvinte atenta da leitura que a minha filha me faz do seu blog! Normalmente são interessantes os textos e as imagens que apresenta.
Hoje a Sara leu-me este seu post sobre Paris, cidade que não conheço. È bonito ter associado Paris a Hemingway , mas porque não lembrarmos-nos também do nosso escritor Eça de Queiroz que na sua obra também nos retratou Paris na sua época ("A cidade e as Serras", "Cartas familiares e bilhetes de Paris", "Ecos de Paris")?
Um abraço amigo,
Otília

De Zilda Cardoso a 29.06.2009 às 12:57

Hemingway viveu em Paris expressamente para conhecer a cidade e as gentes "interessantes" que a frequentavam. Nesses anos Paris era a cidade da cultura por excelência: um artista ou um escritor que não tivesse passado por Paris não era considerado... Era ali o s/baptismo. Por isso, ele vê a cidade numa perspectiva diferente da de Eça de Queiroz... que estava a trabalhar, se bem que convivesse com pessoas não comuns, mas "convencionais" das altas esferas. Um e outro aproveitaram essa experiência para a sua escrita que resultou inteiramente diferente num e noutro.
Gosto muito de Eça de Queiroz, claro, mas os seus "recados" de Paris são por de mais nossos conhecidos, ao passo que o livro a que me refiro no post não é.

De CC a 27.06.2009 às 17:55

Paris e Hemingway , eis dois temas que não se esgotam.
Paris é única porque me dá o fascínio das grandes cidades, mas sobretudo algo de muito intimo, comunicacional. Se permaneço lá algum tempo fico saciada mas se fico muito tempo sem ir lá sinto mesmo muitas saudades. Preciso de revê-la, de vivê-la . Preciso dos éclairs do le Nôtre , dos crepes de Quiqui-Mimi no Boulevard St Michel , do dinâmico e festivo Bonjour da empregada de Chez Paul enquanto nos serve o lait au chocolat . A propósito do cumprimento que referi, dou muitas vezes comigo a comparar esta simpatia com o Bom Dia mal murmurado com que temos de nos considerar cumprimentados, principalmente da parte da manhã, e tenho pena.... Mas, para mim Paris é isso mesmo, simpatia, comunicação, acenos de mão a dizer adeus aos que se passeiam nos barcos ao longo do Sena, piqueniques improvisados no boit de Boulogne , perfume a rosas no jardin de Bagattele , tardes calmas na casa museu de Rodin , e muitas e tantas mais coisas...Uma festa
Hemingway! Li "O Velho e o Mar" em frente ao mar na praia do Homem do Leme. Quem já leu e conhece o lugar poderá imaginar o que eu senti....

De Augusto Küttner de Magalhães a 28.06.2009 às 07:51

Que tempo menos agradavel para este Verão! Levantei-me às 5hoo e tinha-me deitado menos cedo. Vou escrever um bocadinho e vou-me deitar mais um pouco. A m/ mulher ainda dorme!! Que tempo!!! Ontem jantámos com meu filho, a namorada e um amigo do meu filho, que ficou sempre nosso amigo - é bo quando estes joven, ainda querem estar conosco de livre iniciativa - e que está a trabalhar na Irlanda e veio cá em serviiço. Para além de nos falar do efeito da Crise na Irlanda, que é 100 vezes pioro que aqui.....veja-se!!! acreditei!!!Estava a falar do clima, dos 20 graus, que para eles já é calor, e da chuva, sempre muita chuva!! Logo, temos que nos contentar que aqui até vamos tendo Sol, dias quentes, e farmácias abertas depois das 18h00 e lá nem isso! Nem tudo aqui é tão mau. Vou-me deitar mais um pouco neste domingo de chuva!!Nada tem a ver com Paris, nem sei se lá está a chover, mas tem Crise e tem a França a bloquear uma possivel entrada da Turquia na UE. Não ei se hoje seria bom a sua entrada, mas ser bloqueada pelos francesas e pelos alemães!!!!!!

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