Ainda falando de Música...
Depois de ter lido o seu "Falando de Música", autêntico desafio cultural, considero-o assim, fiz um pequeno exercício de rememoração, com poucos pormenores, dos porquês da minha aversão à música, comparando-me com todos aqueles que considero uns musicomaníacos, outros, uns musicógrafos, e ainda os dotados, aqueles que a escrevem, que a compõem, que a lêem e interpretam, com os seus instrumentos de cordas, sopro, precursão, e vozes, além daqueles que a ensinam.
Gosto de escrever em silêncio. Gosto de escrever sentado num jardim, aconchegado pelos múltiplos sons da Mãe Natureza. Gosto de escrever, manhã muito cedo, com o pipilar dos pardais, pousados no parapeito da minha janela. Gosto de escrever escutando um tema de Ernesto Cortazar. Um tema orquestrado e interpretado por ele, como acontece, neste preciso momento, em que estou a escrever e a escutar "God Sent me an Angel".
Como todos os jovens da minha geração, passei pelo "Peace and Love". Soltei-me Descomplexei-me. Depois veio o Elvis, loucura dos meus amiguinhos/as. Alguns, temas, românticos, dele, até os escuto sem grandes empolgamentos! Beatles. A coqueluche que me fazia olhar os meus amigos/as com perplexidade mas sem desdém nem complexos. Talvez os olhasse e respeitasse como me olhavam, respeitavam, como aquele companheiro diferente, mas que estava sempre presente nas alturas próprias, em qualquer local onde nos encontrássemos.
Taxativo! Num repente, vieram-me à mente os seguintes nomes: Edith Piaf, e a sua subtil voz de mulher noctívaga, alcoólica, tabagista, sofredora, ainda hoje me fascina escutá-la com a sua pronúncia tipicamente parisiense. Charles Aznavour. Ives Montand. Gilbert Bécaud. Jacques Brel, e o seu intervencionismo. Sei cá, estes, saltara-me dos recônditos das minhas memórias. Depois, ainda há outros, mas estes, que mencionei, marcaram uma dada época da minha juventude!
De alguns portugueses, pouquissimos, Ary dos Santos, e a sua belíssima poesia! Conheci-o, fortuitamente, num encontro, em casa de amigos comuns. Cumprimentávamo-nos cordialmente, quando era caso disso! Respeitávamo-nos! Gosto de escutar a voz do André Sardet. Sou fã do Rui Veloso faz-me saltar a nostalgia das minhas antigas noitadas. Em fim, seria um nunca mais acabar de referências.
Entre os amigos de infância, e da minha juventude, havia um que sempre se destacou, pelas diferenças que existiam entre nós: Raul Durão. Vizinhos e companheiros de estudos, da mesma idade. Sempre me tratou com um carinho muito especial. Em sociedade encontrávamo-nos a um cantinho do local da festa, em dois minutos trocávamos novidades, depois, cada qual, seguia o seu caminho, discretamente. Com a sua Partida posso afirmar que foi um grande Amigo que perdi!
Eu era o seu ídolo como pessoa e como desportista. Ele foi sempre o meu ídolo como Amigo, e como conhecedor de música. Como musicólogo, nunca como musicomaníaco, sempre up-to-date, com êxitos "lá de fora" e dos de "cá de dentro". Sempre conhecedor dos gostos das "massas humanas". Explicou-me muita coisa sobre o fenómeno do "mercado musical", erudito, ou mesmo o ligeiro. "Sales promotions" que não queriam dizer mais do que isso.
O melhor será parar por aqui, quando não tenho um tratado escrito...
Cumprimentos, Zilda, e votos de um bom domingo!
Marcolino
... razões da sua aversão à música... não pode haver. Nem acredito na aversão... há um engano nas palavras... significam outra coisa. Não, não.
Permito-me fazer aqui uma pergunta à m/jovem amiga ROMINA, espero que ela veja: não devo publicar o seu comentário, não é verdade?
Mas agradeço muito a amizade e confiança que retribuo. É uma pessoa extraordinária e o seu pai deve orgulhar-se muito de si.
Um abraço.
Olá, Amiga e paciente Zilda!
Considero-a extremamente inteligente, Zilda!
Escandalizei-a? É natural, tão natural como querer, à viva força, que um filhote de tenra idade, ainda a gatinhar, estivesse "de castigo", horas seguidas aturar a Mãe, a soletrar, ao piano, as partituras betovianas, quiçá outras. Por isso mesmo, Clássicos: Não obrigado!
Se, nessa altura, os Pink Ployd já existissem, então seria capaz de cantarolar, a chorar, a "berrar que nem cabritinho desmamado à viva força", alto e bom som, a musica que mais marcante deles: "Another Brick in the Wall"...!!!
Quanto ao resto, fui sempre um desprendido, das questões musicais, talvez por causa desse "trauma" de nené.
Acredite ou não, nunca decorei uma só letra, bi ou trlingue, a não ser, porque a isso fui obrigado, " A Portuguêsa".
Mas, logo de inicio, para que se desvanecessem quaisque dúvidas, escrevi, cuidadosamente o seguinte, que dá para interpretar, e muito bem, a minha "aversão aos sons musicais": «...dos porquês da minha aversão à música, comparando-me com todos aqueles que considero uns musicomaníacos, outros, uns musicógrafos, e ainda os dotados, aqueles que a escrevem, que a compõem, que a lêem e interpretam, com os seus instrumentos de cordas, sopro, precursão, e vozes, além daqueles que a ensinam.»
Por exemplo: O fado, e o nome Amália, causam-me arrepios de constrangimento porque, pelos meus 4 anitos, quando se ligava o rádio e a "estupurada" Amália desatava a "encantar" a minha familia, em altos decibeis, eu, nené, não ligava nada à musica, por má educação musical, por parte da minha mãezinha, continuava com as minhas ruidosas brincadeiras e, para todos poderem "escutar", saborear,repimpadamente, a diva do fado, levava bofetão na cara, e era posto de dastigo, fechado num quarto até se lembrarem de mim.
No Liceu, queriam à viva força que cantasse. Tinha voz de "cana rachada", ainda hoje isso me acontece e, o professor, uma besta de um oadre, pensou que eu estaria a gozar com a turma e, há que, desajeitadamente, me partir a cana do nariz com a sua Cana da India. Resultado, de imediato, roubei-lhe a cana, tinha 13 anos, e disse-lhe, ostensivamente: Com ferro mataste com ferro morrerás!
Ainda hoje, muito velho, tem uma cicatriz, da tempora ao queixo, e passou a ensinar sem a tal malfadada Cana da India. Não fui castigado nem suspenso. Reagi assim porque fui agredido e ferido, injustamente, apesar de ter sido sempre um bom, e educadissimo, aluno!
Isto causa ou não aversão à música...?!
Tenho amigos, de várias idades, que são tão doentes por sons musicais; é vê-los, de auscultadores enfiados nos ouvidos, no meio da multidão, nos transportes, no campo, na praia, sei cá, onde calha, a escutar os seus clássicos preferidos. Outros há que o fazem com musicas ligeiras.
Pergunto-me: Mas esta gente está cá? Mas será que esta gente vive? Mas será que esta gente sente a Mãe Natureza que a rodeia? Ou será que, até "virtualmente", se passará andar na Vida...?
Por exemplo: Aos meus filhos, em nenés, eu nunca lhes cantei. Escrevia-lhes e contava-lhes historinhas que, ainda hoje, contam aos meus netitos.
Tendencias... O que fazer? Segui-las; são dons de Deus!
Há uns 2 anos, ofereceram-me um MP3. Tenho-o para aí a estragar-se. Foi só "arrastar" os sons musicais que me dizem algo, para a sua memória. Fi-lo. Uma hora depois, fartei-me, guardei-o no bolso e, quando cheguei a casa meti-o numa gaveta da minha secretária. O meu telemovel Nokia, além de poder falar por ele, também posso receber Tv, Rádio, Internete, E-mail's, gravar musicas e conversas, em formato MP3, e fazer fotografia. Acredita que 90% das vezes me esqueço dele em casa?!
Vou de carro com alguém amigo que gosta de escutar sons musicais, equilibrados ou não, segundo a sensibilidade acústica dos meus ouvidos, e para podermos conversar peço-lhe simplesmente:Éh pá, ou o raio da musica ou a tua tagarelice. Aí sim, desliga-se o rádio e lá vamos a conversar, como dois seres humanos, em vez de estarmos apenas, dois pedaços de carne obesa, presentes dentro de um pedaço de lata com 4 rodas, sem ligarmos um ao outro!
Dia feliz para si, Zilda!
Olá, Amiguinha!
Cheguei de viagem há um par de horas. Fui rever gente Amiga da minha geração, a seu convite, e por lá passei as últimas 48 horas.
A dada altura, ao serão de ontem, dei comigo a rir, alto e bom som, com a partitura, por ali nascida, numa conversa que nada tinha a ver com as de há 40 anos atrás, a qual baptizei de "Os Teimosamente Condor", querendo, à viva força, cada qual ser mais sofredor que o outro.
Ima vez chegado a minha casa, vim até aqui, até este seu inteligente Blogue, espreitar, as respostas ao seu inteligentissimo desafio e, afinal, só apareceu uma pessoa, a explicar o seu porquê de não apreciar sons musicais.
Os outros, envergonhados, os acima de tudodos..., timoratos, ou apenas dogmáticos, intuitivamente se deduz, ainda não foram capazes, de explanar, sem grandes dissertações sociocultutarais, porque razões gostam dos ditos sons musicais.
Este seu tema, da forma como o colocou, deveras inteligente, ou faz mêdo, ou nem todos dão com ele!
As reacções, auto-intimidatórias, fazem-me redordar, as atitudes de um dos meus avôs paternos, beato como só ele, que, quando ouvia os netos colocarem dúvidas sobre a Religião apenas dizia, de ar douto e convicto: - Meninos; a Religião não se discute, cumpre-se, quer se goste quer não...!
Termos liberdade de pensar, de nos expressarmos, de nos dizermos porque gostamos, e porque não gostamos, não é Democracia: É uma Dádiva de Deus...!
Noite feliz para si Zilda!
Marcolino