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Demorei alguns anos...

por Zilda Cardoso, em 10.06.09

 

Demorei anos a descobrir o que queria fazer, o que me daria satisfação fazer. Tirei um curso superior de Comunicação Empresarial e durante algum tempo trabalhei em Lisboa nessa área. Quando o meu marido foi colocado em África, fui com ele, fiquei em Maputo e trabalhei como directora de marketing na Ford e na Mitsubishi.
Mas... eram muitos os quilómetros de distância entre nós, raramente nos víamos; decidi deixar aquelas empresas e ir para o norte, para junto dele, arriscando pelo menos a minha carreira profissional.
Entretanto, tinha reparado na beleza do tecido africano, a capulana, nos desenhos, nas cores exuberantes e na forma como as mulheres o utilizavam. Era muito mais do que pano para usar em todas as ocasiões e para os mais diversos fins: vestiam-no para a igreja quotidianamente tanto como para ocasiões solenes. E para transportar os filhos, para se abrigarem... Eram míticos. Vinham de muito longe no tempo e continuavam a ser fundamentais na vida dessas mulheres admiráveis: criados por elas, eram a sua riqueza.
Então tive a ideia de desenhar vestidos e outras peças que deveriam ser confeccionados a partir desse produto local e trabalhados por alfaiates da região onde me encontrava – uma das mais pobres de Moçambique. O meu acreditar nas suas aptidões e na oportunidade (que me foi oferecida ou que eu colhi) de realizar com eles um trabalho interessante e útil para a comunidade - é a minha concepção de solidariedade. 
Investiguei, analisei e comecei a trabalhar. Criei a minha empresa que tem vindo a desenvolver-se e hoje emprego, entre outras pessoas, sete alfaiates que sabem trabalhar artesanalmente e se realizam e se orgulham do trabalho que fazem.
Vendemos em Moçambique, e também aqui em Portugal, para retalhistas peças únicas desenhadas a pensar no que valorizará a mulher moderna com as suas características de independência e de ambição. É a mulher que sabe o que quer, confia em si própria e conta com o apoio da família. Aprecia ser respeitada e destacar-se não apenas pelas suas qualidades mas pela forma como se apresenta.
A comercialização começou com um blogue onde explicava o que estava a fazer, mostrava a colecção, recebia a informação da escolha e as medidas da cliente, executava e enviava.
Estou muito feliz com o sucesso do empreendimento que satisfaz muito mais do que um proveito pessoal: é sobretudo um aproveitamento de capacidades e de potencialidades de uma região onde visivelmente se estavam a perder. Compreenda: eu podia mandar confeccionar na Índia, ficaria muito mais barato, mas perdia-se completamente o conceito.
Candidatei-me a um prémio nacional de empreendedorismo, o Start; por essa razão, estou em Lisboa, e para entrevistas e acções de divulgação. No momento, sinto-me responsável por um grupo de pessoas que dependem da qualidade do meu trabalho tanto quanto eu dependo da qualidade do delas.
Na próxima semana, volto para Tete, no Cuamba.
(Palavras que ouvi de Carla Pinto,  convido-os a visitarem o site da sua empresa: www.ideiasametro.net )

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publicado às 11:58


4 comentários

De Augusto Küttner de Magalhães a 10.06.2009 às 22:16

Excelente exemplo de empreendorismo! E de como sem supremacias, com igualdade, manter um casamento.

De Marcolino Duarte Osorio a 11.06.2009 às 09:13

Olá, Zilda, um óptimo dia para si!

Transcrevendo-a: «Demorei alguns anos... »

Meu comentário: Há um Tempo, do Tempo do Tempo nosso Tempo, para tudo, nas nossas Vidas! Nunca se ganha. Nunca se perde. A altura Certa, aparece sempre, mas mesmo sempre, no momento Acertado! Quantas e quantas vezes issto me tem acontecido na minha vida, pelo menos até hoje, e acredito que até desaparecer fisicamente, isso me acontecerá. Exemplos dessas vivências não me faltam!

Li com muita atenção o desabrochar da Carla Pinto e recordei-me da seguinte história que se contava, na década de 60, sobre dois vendedores de uma fábrica de calçado:

Foram ambos destacados para o norte do Continente africano. Vinte e quatro horas depois, um deles, telegrafou ao patrão, nos seguintes moldes: Regresso de imediato, pois aqui ninguém os usa.

O outro vendedor telegrafou ao patrão, quase ao fim de uma semana, dizendo: Envie-me 10.000 pares de sandálias, porque aqui ninguém as conhece...!!!

As maiores felicidades e sucessos para a Carla Pinto!

Cumprimentos para si, Zilda!

De CC a 11.06.2009 às 16:43

O site "Ideiasametro" está muito bonito.
As peças de vestuário são lindíssimas.
Como artigo decorativo para casa não vi nenhuma capulana na parede. Eu tinha nas paredes da minha casa em Moçambique e acreditem que ficam muito bem, substituem na perfeição as tapeçarias.
È só mais uma ideia para a Carla Pinto.

De Augusto Küttner de Magalhães a 12.06.2009 às 08:47

Está um dia maravilhoso! Vale aproveitar, mesmo qe "modestamennte" aqui pelo NORTE! Vou passar dois dias a Viana do Castelo. Ainda é um local quje acho lindo, e toda a circundante passando por Ponte do Lima . A m/ mulher anda com um problema numa perna qwue lhe dificulta "andar", mas mesmo assim vaos dar esta volta!
E para a semana por certto a ZZilda Cardoso nos vai continuar a presentear com tmas sobre empreendorismo. No feminino!

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