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A fotografia da casa que eu não pedi licença para reproduzir aqui, espero que António Mateus que a apresenta no seu blogue Selva Urbana não se zangue comigo, representa a coisa mais bonita que eu tenho visto em matéria de casas e lugares de paz e serenidade.
É uma beleza: harmoniosa, bem proporcionada, bem desenhada, optimamente construída...
Gostava de estar lá neste momento, talvez um pouco mais cedo, quando o sol brilhava, e depois quando aqui o horizonte todo em tons de vermelho e laranja, claramente avisava que ele se preparava para adormecer. Eu penetraria na casa como se se tratasse de um lugar secreto, misterioso, sagrado.
Como seria o lá dentro? Mágico, só podia.
A luz? Há pequenos pontos de luz na entrada, suspensos no ar como estrelas a indicar um caminho. Pararam ali, àquela porta, ela própria colocada num ponto extraordinário da fachada que me parece um elemento arquitectónico independente.
A casa é uma construção de pedra de esquisitos muros, com um telhado de duas águas sobreposto, ou de uma água de um lado e de água e meia do outro lado. É do lado da uma-água que está a porta. E o telhado não é rectilíneo mas côncavo.
A disposição das pedras de diferentes formas e volumes, sobrepostas aparentemente at random na fachada evoca um passado pré-histórico. Não há sensação de peso mas também não há simetria nem perfeição técnica. Ou antes há uma perfeição que não é a que conhecemos. Há suavidade e há genuinidade.
Além desse mínimo edifício, adivinha-se um conjunto de outros colocados aqui e ali, telhados a espreitar, sem dúvida para dar solução a problemas e necessidades práticas.
Foi a extrema subtileza do valor estético do conjunto que me fascinou. Porém, a casa central semelhante a um templo (lembrei-me da famosa Igreja de Ronchamp, de Corbusier, mas não…) e possivelmente construída sobre ruínas de outros templos mais antigos… entusiasmou-me para a pesquisa.
Seria de procurar ali vestígios arqueológicos? Inscrições na pedra? Gravuras, túmulos e altares? Um novo cromlech?
Por um momento, tinha pensado que estivesse incorporada na paisagem num lugar geográfico definido, mas não é isso, não é nada disso. A casa não nasceu com a paisagem, foi projectada, desenhada na colina verdejante com o que a circunda pelo mesmo arquitecto: o longe, o céu, os montes e os vales, as árvores e os matizes de tudo.
Helena Matta 2006, diz a foto, mas não explica se é lugar sagrado.
Ou profano? Vamos lá ver: quereria algum dos nossos banqueiros viver lá? Ou dos nossos políticos? Ou dos nossos treinadores de futebol? Ou das super-vedetas desse desporto?
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