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Fui ao Museu de Serralves ver a exposição retrospectiva de Juan Munoz.
Em muitas salas fiquei amarfanhada com tanta tristeza e tamanha solidão, mas não na sala central onde um grande grupo conversa e se diverte. São figuras encenadas que sugerem situações reais. De muito longe, tive a ilusão de que eram pessoas a conversar, todas de cinzento com iguais traços sorridentes. Estavam muito entretidas umas com as outras e eu não estava ali para nada.
The Wasteland é uma grande instalação, para mim muito original, com uma triste e pequena figura, ligeiramente desproporcionada, sentada numa prateleira fixada na parede, de pernas penduradas, a olhar um mundo que é um pavimento feito como de azulejos, de padrão repetitivo, que eu pisei a medo ao querer aproximar-me da figura solitária ao fundo. Não sei se queria saber o que ela tinha para me dizer. Ou se receava que ela não tivesse nada para me dizer.
E há a figura ao espelho que talvez espreite para dentro de si própria, e que é surpreendente. Estive alguns minutos a espreitar também e a não compreender. E vi o reflexo do jardim e o da sala e o da figura e o meu. Bastava que me deslocasse um pouco para um lado ou para o outro e tudo era diferente, e tão diferente.
Há um outro trabalho em que duas figuras com máscara estão na frente do espelho. Por que razão estão mascaradas? Diferentemente do outro trabalho, neste não é possível ver qualquer reflexo no espelho. Não nos vemos.
Há figuras com base arredondada em vez de pernas e pés, e por isso não se movimentam nem parecem ver nem ouvir: têm teias nos olhos e encostam a orelha à parede para escutar, sem resultado. São figuras patéticas e comoventes.
E muitos outros trabalhos merecem atenção e reflexão. Vou voltar e ler alguma coisa dos entendidos sobre esta extraordinária exposição.
Gostava de saber opiniões vossas. Querem dizer-me?
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