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O tempo tem sido muito melhor do que bom aqui na Foz do Douro.
Passeei durante a manhã pela Avenida, sem vento, sem frio, sem chuva. Que fizemos para merecer tantas bênçãos?
Para cúmulo, revi hoje, navegando a boa velocidade em direcção ao porto de Leixões, o barco carregado de mercadorias que se destinava aos naturais da Polinésia, desviado para aqui por habilidosos, formados em diversas disciplinas superiores nas nossas escolas.
De vez em quando, tenho esse privilégio ou esse desgosto: o de saber que os nativos da Polinésia não resolveram o seu problema e continuam zangados connosco. E ainda não receberam o que lhes era destinado pelos antepassados e lhes teria permitido viver na abundância, como nós vivemos. Talvez tivessem sabido evitar a exacerbada sociedade de consumo.
Em mim hoje, o Cargueiro despertou um sorriso. Ou dois ou três sobrepostos. Misturados com céu e mar muito azuis e tudo o mais que dá a esta cidade o valor que ela tem só porque existe.
(Falei no mito do Cargueiro neste blogue em 9 de Março de 2012)
Estudei muito os temas de que falo. E é por saber do que falo e afirmo que posso falar disso com simplicidade.
Não se trata de ignorância, como muitos pensarão.
E é pena que pensem, porque talvez não tirem o proveito que podiam tirar da leitura ou da conversa em questão.
Ocupou-me anos esse estudo. Esses estudos variados, as observações, análises, reflexões, perguntas, pensamentos antes de ousar falar deles, e de escrever sobre certos temas que nos poderiam ocupar a todos de forma proveitosa.
Sei que me arrisco a nunca ser compreendido o meu pensamento quando falo de mim deste modo, quando falo dos outros, do mundo, quando digo coisas que considero fundamentais em termos simples. Que poderão ser inacreditáveis.
Com a dificuldade de nunca saber o que se passa no pensamento dos outros; nem os outros saberem o que realmente se passa no meu.
Gostaria que compreendessem, não apenas o que digo, mas o que quero dizer quando escrevo.
E, do mesmo modo, sei que posso falar disso tudo com singeleza e a bem de todos, sentir o prazer de ser capaz de me aproximar da verdade, se é que isso continua a ter importância.
Paisagem diferente cada dia
Coloco um vidro imaginário em frente a mim quando vou à janela, cada manhã - é o meu hábito - um finíssimo vidro transparente peculiar que me permite alterar as cores, as formas, as texturas de cada objecto natural ou artificial na paisagem. E que constitui o que me é possível ver e perceber ao longe, no mundo organizado para meu bem.
Desfrutar também.
Cada dia, o mundo é desigual a distintas horas do dia, estando sempre idênticos objectos nos mesmos lugares e os mesmos olhos a mirar.
Contudo, não preciso preocupar-me.
A questão existe na minha capacidade (de entendimento), e de acesso à pequena superfície transparente, sólida e frágil, que me autoriza a conhecer e a reconhecer o que já vi antes, neste lugar e em alguns outros.
Ou não!
Mas não sei se tudo estava ontem e anteontem aqui, na realidade, ou se cada dia é produto de imaginação-sem-base. Se é efeito do vidro transparente em si, pura e simplesmente, a que chamo aqui IMAGINAÇÃO, que se altera a todo o instante. E por sua vez altera…
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