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O que acontece aos deputados

por Zilda Cardoso, em 20.08.21

Sucedem coisas inconcebíveis quanto a memória.

Fui ao dicionário verificar certas noções, pelo sim, pelo não.

O dicionário diz – tomada de consciência do passado como tal; função geral de conservação de experiência anterior que se manifesta por hábitos ou por lembranças.

Enfim, como sempre, esclarecedor!

Fiquei a pensar: actualmente, esqueço-me de quase tudo a principiar por nomes – de pessoas, de lugares, de instituições… toda a espécie de nomes.

Acontece que faço uma pesquisa e, de súbito, poucos minutos passados do início da busca, mas podem ser horas ou dias, o nome procurado salta brilhante como estrela num firmamento de estrelas luminosas sobre fundo puramente negro… quando já não preciso da palavra… totalmente a despropósito.

Este funcionamento é para mim um mistério.

Outra coisa curiosa a propósito de memória é que me recordo, palavra por palavra, de velhíssimas cantigas da infância, não tanto da minha infância mas também. O que me vem mais à memória, são as canções tradicionais francesas como “c’est la mère Michel qui a perdu son chat, qui crie par la fenêtre qui le lui rendra…

É uma das muitas que podem martelar-me a cabeça sem piedade durante horas sem que saiba a que propósito.

Às vezes, penso que é o que acontece aos deputados e aos ministros do reino e que ficam sem espaço na cabeça para pensarem como resolver os complexos e os simples problemas do País ou da Europa, aquilo para que foram eleitos.

Vejo-lhes na expressão do rosto que estão a cantarolar secretamente e compulsivamente a repetir la mère Michel, ou Malbrough s’en va-t-en guerre, mironton, mironton, mirontaine, on n’sait quand i’reviendra, ou num dia de sol, sur le pont d’Avignon l’on y danse, l’on y danse, l’on y danse tous en rond.

Do mesmo modo, servindo o mesmo propósito, aquela: le bon roi Dagobert avait mis sa culotte à l’envers, le grand saint Eloi lui dit, mon bon roi Votre Majesté est mal culottée, c’est vrai lui dit le roi, je vais la remettre à l’endroit.

Como podem trabalhar no que lhes compete, sobretudo pensar com inteligência e sensatez, se a sua cabeça está a ser flagelada pelas ladainhas infantis e pelas canções de embalar tradicionais que se instalam e não arredam pé? E nunca acabam?

Não podem e não têm culpa.

Elas começando não largam a vítima.

Coitados.

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publicado às 08:51

As nossas coisas

por Zilda Cardoso, em 07.08.21

Que coisas nos pertencem?

As “coisas” não pertencem a ninguém.

Existiam no mundo quando aqui chegamos. E continuarão a existir quando partirmos.

Como podem ser consideradas nossas? Ou que hão-de ser nossas as que não são nossas?

Todo esse desejo de posse e de conquista é perfeitamente risível, leva a equívocos. A conflitos, a desacordos, a choques amargos.

Como fomos e somos capazes…? 

Na verdade, é tudo nosso o que existe no mundo.

E a nossa obrigação é cuidar das coisas desse mundo. Que são nossas, de todos nós por igual enquanto nos conservarmos nele. Apenas temos obrigação de cuidar das “coisas”.

E, logo, de nos estimarmos uns aos outros. Somos verdadeiramente irmãos, nesse sentido, e possuidores das coisas (das mesmas coisas). Jesus tentou convencer-nos disto, mas…

Conseguiu por um tempo. Prontamente, voltaram os erros, os conflitos, os interesses individuais… E as guerras delirantes.

Não me digam que isto é ilusão, que é devaneio, que é sonho.

Temos um PODER: o de realizar os sonhos e talvez as ilusões muito perseguidas. E os devaneios.

Quando nos convenceremos destes simples factos?

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publicado às 20:44




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