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Devo repeti-lo: na minha contemplação deste mundo, tal como o vejo hoje, há motivos suficientes para o amar.
Lamento estar só quando estou só, mas a maior parte das vezes, afortunadamente, mesmo só, tenho com quem conversar! E converso porque discorro com proveito para alguém e para mim própria.
Não se trata da “grande conversa universal” de que fala Steiner, não chego lá, essa não é para todos os dias, mas de uma conversa minimamente ampla e reflectida, concentrada e cuidadosa, disciplinada, que aceita que a sua criação, mais ou menos filosófica, pode ser tão difícil como a composição de um quarteto de Beethoven. Para mim... seria muto mais).
Fico atenta àquilo que me rodeia e ensaio compreender e explicar.
Apesar de que não preciso de descobrir o sentido da realidade. Seria absurdo. Mas é pertinente procurar o sentido da ficção.
Porque isso é o que nós inventamos, logo é incerto como tudo o que fazemos.
Mas se inventámos, mais ninguém inventou. É desconhecido.
Outros criarão com o mesmo propósito coisas totalmente diversas. Então é melhor pensar nelas, procurar entendê-las.
Não apreciaria um mundo caótico, mas um em que a minha alma estivesse envolvida e em que pudesse envolver a alma de quem me lê ou me ouve ou me vê.
Gosto de estar só até ao ponto ou ao momento em que não descubro mais respostas nem desafios, quando se esgotaram as contestações possíveis.
Tem ficado muito por dizer e transmitir no que digo. Tem sobrado muito que talvez não chegue a ser noção, informação, conhecimento.
Será intuição que talvez possa ter mais valor. Um clarão de vez em quando seria benvindo!
Na verdade, não sei o que de puramente racional queria dizer hoje.
No céu negro de estrelas fugidias
procuro
do alto da varanda
a Lua de luz fria branca nua
desde a hora do entardecer
de qualquer dia
todos os dias.
Hoje, a chuva cai e não limpa
embacia.
Vejo o mar acastanhado
as ondas elásticas de cor indefinida
de espuma e renda e infinito poder.
Parecem divertir-se, elas
vêm sempre para mim oblíquas
com carinho e violência
num desejo enviesado de folias.
Sinto-o. Poderei ir com elas e tornar
prometo ir, se voltar
… de ver o mar.
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