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“Já não sou capaz de sonhar!” - quase gritei para mim, logo de manhã. “E não sei esforçar-me!”
Como é que alguém se pode esforçar por sonhar? Como se trabalha para isso?
Quero muito sonhar, faz-me falta. Desejo escrever, escrever a palavra poética, a que envolve mais sonho que realidade, a que encanta ou deseja encantar.
Não me importa a realidade nua e crua. Não será interessante nem para mim nem para muitos outros apreender essa realidade. E sobretudo falar dela.
Tudo está lá, claramente, sem mistério. Todos o podem ver, observar, analisar até à exaustão. Reportar para os jornais. Cada um o descreve como entende, o mais próximo possível do que julga ver. E será útil.
Devo considerar, todavia, dois tipos de sonhos: os que se sonham enquanto se dorme e os outros.
Os primeiros… dependem… provavelmente, de “desejos inconscientes reprimidos”, serão “espaço para realização desses desejos”. Ou…
Foram muito estudados por psicanalistas, têm a ver com inconsciente e revelam sempre aspectos da vida emocional.
Os outros acontecem quando se tenta ver ou quando nos convencemos de que o mais importante é ver o que está para além do que vemos. É isso que terá uma beleza singular ou um encanto que aconteceu eu ter descoberto e desejo agora transmitir na minha escrita. Para que seja geralmente apreciado e melhore a maneira de vermos o mundo.
É emocional, de outra maneira. É desejo não reprimido, mas conseguido de expandir-se, de dar-se a conhecer. E de realizar o desejo ou o sonho, divulgando a ideia.
Porventura nos faz amar o mundo e nos leva a ponderar se temos ou não o direito de poluir, por exemplo. E possamos e concordemos em não poluir tanto o que amamos!
Medito na conveniência de inventar uma língua que os outros entendam e com que se deleitem, sem terem competência para falá-la; apenas compreendê-la.
O que penso e digo para mim, aquilo que devo escrever no preciso momento em que me ocorre senão escapa-se… é o quê?
Terá a Musa alguma coisa a ver com isso?
Talvez ISSO se não relacione com razão, se bem que, quando escrevo uma história, procure a sua coerência interior. Procure que seja internamente lógica, para ser credível ou provável. A lógica em geral, essa lógica, não tem a ver com o que quero contar, o que desejo narrar na minha língua poética exclusiva.
Afinal é possível esforçar-me por sonhar, (por me emocionar), pondo o melhor de mim naquele desejo de escrita.
Fiz planos: ocupo-me actualmente com a descoberta de objectos e actividades novas e de antigas acções e obras belamente reconquistadas.
É o modo de ficar feliz com o meu enriquecimento pessoal e a contribuição possível para a melhoria dos outros, meus companheiros de jornada.
Contudo, devo dizer que sobram ainda centenas de minutos das minhas cerca de vinte e quatro horas diárias (mesmo ocupando algumas delas a dormir).
Às vezes, penso que me enganei, que já é outro dia e não me apercebi. Não enxerguei a barreira tonta e alaranjada que dizia isso mesmo: é outro dia! Outro! OUTRO!
É outro dia e tudo recomeçará do zero, escuro ainda. Sobra sempre um vazio, se bem que, pensando com mais rigor, não há nunca vazio nenhum.
O que há então? Há espaço livre onde me sentirei bem, espaço apenas meu, em que posso flutuar e interrogar-me. Relacionar-me doutra maneira com a realidade e com o tal espaço livre que é de tempo.
Estarei liberta para voar. Em silêncio? Na sombra?
Não necessariamente.
Como se descobre uma vida plena de significado?
Dizem ser necessário (e eu acredito) encontrar um propósito de vida, um objectivo. E ter uma vida social activa, fazer exercício, trabalhar voluntariamente, fazer boas escolhas, melhorar a nutrição (tudo à mistura), pensar doutra maneira…
Manter a mente activa é preservar a “vitalidade cognitiva”, seja, o vigor e o entusiasmo pela procura.
E já que o cérebro pode controlar o envelhecimento, como se diz, eu, superaged, escolho viver activa e saudavelmente, curiosa do novo e do diferente.
Enquanto de mim depender.
Convido-vos a fazer o mesmo, neste momento, por que o envelhecimento começou quando nascemos. Continuamos em evolução nesse sentido. Estamos sempre a tempo de mudar.
Adoro árvores.
Desde há anos que as observo com fascínio, analiso rigorosamente e com todo o empenho de que sou capaz. E digo-lhe: vejo e sinto uma imensa variedade de formas, de cores, de perfumes, de texturas, de portes, de funções…
Uma arquitectura singular.
Porém, só hoje, há poucos minutos, me perguntei como seria o meu mundo se não tivesse árvores!
Se não incluísse árvores!
Não fui capaz de o conceber: é um pensamento, pelo menos, original.
E apenas me refiro ao aspecto estético. Ao mundo como obra de arte.
Repare, elas não se importam que eu as olhe, que tente lê-las. Estão ali paradas, mudas, exibindo a sua beleza, sem ostentação. Quase esquecidas de si.
Talvez meditando em silêncio.
E não querem saber de estarem sós, de não terem com quem dialogar. Até me parecem mais felizes as que estão totalmente desacompanhadas: tiram todo o proveito do que podem aproveitar!
Tenho muito que aprender com as minhas amigas!
E devo redobrar a atenção que lhes presto, por que elas nunca explicarão…
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