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Encontrei o meu lugar habitual
envolto em nevoeiro azulado
apaziguador sossegado
mas cruzado por gaivotas decididas
a encontrar o seu trilho, o seu atalho.
Passam, elas vão desenvoltas
nunca uma só, que miragem habitam?
Fico a pensar em fórmulas mágicas
em jogo infinito, em auréolas
enquanto o sentido se dispersa
e o cinzento translúcido esboroa lentamente.
As coisas do mundo desprendem-se então
assomam vermelhas, escuras, verdes, matizadas
ou azuis… Não perderam a cor nem a forma
apenas estremeceram/toldaram-se
e aparecem tal qual, frágeis, fluidas, brandas.
Vejo-as à transparência, claramente são.
No silêncio, seduzida, reconheço
o meu mundo totalmente, sem véu…
Tranquilizo-me.
Encontrei um velho recorte do jornal TEMPO de 1981 com um artigo meu, sendo aparentemente colaboradora de uma coluna intitulada A Dona de Casa.
O artigo chama-se A SUA MISSÃO E TRABALHO.
Vou reproduzi-lo: talvez ainda interesse.
“Aparentemente qualquer indivíduo tem o direito de escolher a ocupação que considera adequada às suas capacidades e ao seu interesse; porém, em conformidade com a tradição, o trabalho doméstico era até há pouco tempo (já não é?) exclusivamente um encargo da mulher. Estivesse ou não interessada nele, não havia para ela escolha.
E foi apenas com o desenvolvimento da sociedade no sentido da abundância e do consumo que ela começou – simbolicamente – a deixar o lar e a procurar, num outro estilo de vida, uma remuneração que permitisse à família melhores condições económicas e uma casa mais “confortável”. É evidente que foi necessário mudar a noção de confortável para chamar assim a uma casa cheia de máquinas e ruido.
Dantes, uma casa com conforto era um lugar tranquilo, ordenado e limpo, bem decorado e atraente. Nele havia sempre uma mulher excepcional que centrava em si os problemas do lar e da família e não apenas os da casa.
(continua)
Não falo de luar, falo de Lua
transparente e nua, irreal
a sua luz não é sua
é reflexo.
Ela, sem espessura,
fixa-se no céu de qualquer cor
permanece por horas ou por dias
imóvel, em silêncio, cheia de segredos.
Sinto-me tão só
quando a contemplo
como quando se desprende
e assisto à sua ausência.
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