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Aconteceu, é um dia singular…
Quero dizer, muito particular e original. E ocorre sempre, uma vez por ano, todos os anos, desde…
Todos os anos, me acontece a mim, tantas vezes me tem acontecido que começa a ser um número apreciável, diria, respeitável de ocasiões.
Desta vez, fui à baixa ver as iluminações festivas com os netos, em grande algazarra.
Mas devo dizer, nunca fiquei tão desolada: não tinha visto nada menos festivo. (Não sei o que eles, os meus companheiros sentiram).
Logo depois, tremendamente fatigada, tive a certeza de que as ruas minhas preferidas não estavam alegres nem festivas, senão não teria sentido aquele meu desmesurado cansaço. Sucedeu, pelo contrário, que aquelas ruas eram meio-escuras e feias e apenas alguns edifícios, estruturalmente muito belos, estavam adequadamente iluminados.
NATAL?
Pude recordar outros natais, muito anteriores, esplendidos de luz e fantasia. Nesse tempo, os meus olhos estariam iluminados feericamente por si, é uma possibilidade. Por isso, via tudo com bons olhos (em todos os sentidos dos termos). E a cabeça era muito leve com tantos balões coloridos a preenche-la.
Ou
Há agora umas mini-árvores de tronquinhos iluminados com graça e um tanque cheio de água que não sei o que reflecte.
E uns baloiços de madeira…
Por que teria o metro de passar por ali?
Metro para mim não tem a ver com Natal nem com festa, terá para outros? Metro é prosaico, quer se comum e fácil, não se supõe incluir fantasia, devaneio, capricho, festa. Não deveria aparecer numa sala de visitas.
Aqui, durante todo o ano, haveria um arco-íris por trás da torre da Câmara e a Judy Garland cantaria e dançaria para nosso regalo. Os sorrisos viriam naturalmente. Porque “somewhere over the rainbow, skies are blue and the dreams that you dare to dream really do come true” (colhido na internet).
Não é sem sol, hoje. Vi logo pela manhã qua havia azul lá em cima e o Sol estará por ali.
É um dia mais claro que, seja como for, me dá mais possibilidade de descobrir alguma coisa do que pretendo. E pensei ser uma ocasião melhor do que qualquer outra para encontrar “quem o outro é”.
Ao longo da manhã, esforcei-me. Havia algumas nuvens, mas brancas não muito espessas.
O que me permitiu chegar a algumas conclusões. Uma delas, a mais importante, é que o outro é indestrinçável: é impossível ser decifrado por outro ser humano.
Fiquei muito tranquila.
Então posso aceitá-lo como é.
E, do mesmo modo, como nunca descobri quem sou e como sou, devo aceitar-me como sou. Eu também sou o outro. Por isso, espero que o outro me compreenda.
Claramente o importante é que os outros me aceitem como sou. Na verdade, não sei se é o mais marcante, mas a ignorância disso dificulta o viver que é conviver, viver com os outros - um bando de desconhecidos.
O pretendermos sempre conviver, apesar das dificuldades, dá-nos esperança. Esperança de que isso signifique querer melhorar pessoalmente e melhorar o mundo, do mesmo passo. E também ter motivo, justificação, para viver.
Hoje despertei com a sensação de ter dado um mínimo contributo para tudo isto, com alguma boa-vontade e ainda melhor disposição.
Tentei contribuir para a construção do mundo tal como é hoje; bom e mau, é um mundo de outra maneira.
De uma coisa estou certa: a vida será sempre fonte de emoção.
Não é sem sol, hoje. Vi logo pela manhã qua havia azul lá em cima e o Sol estará por ali.
É um dia mais claro que, seja como for, me dá possibilidade de descobrir alguma coisa do que pretendo. E pensei ser uma ocasião melhor do que qualquer outra para encontrar “quem o outro é”.
Ao longo da manhã, esforcei-me. Havia algumas nuvens, mas brancas não muito espessas.
O que me permitiu chegar a algumas conclusões. Uma delas, a mais importante, é que o outro é indestrinçável e impossível de ser decifrado por outro ser humano.
Fiquei muito tranquila.
Então posso aceitá-lo como é.
E, do mesmo modo, como nunca descobri quem sou e como sou, devo aceitar-me como sou.
Eu também sou o outro.
Claramente o importante é que os outros me aceitem como sou. Na verdade, não sei se é o mais marcante, mas a ignorância disso dificulta o viver que é conviver, viver com os outros - um bando de desconhecidos.
O pretendermos sempre conviver, apesar das dificuldades, dá-nos esperança. Esperança de que isso signifique querer melhorar pessoalmente e melhorar o mundo, do mesmo passo. E também ter motivo, justificação, para viver.
Hoje despertei com a sensação de ter dado um mínimo contributo para tudo isto, com alguma boa-vontade e ainda melhor disposição.
Tentei contribuir para a construção do mundo tal como é hoje; bom e mau, é um mundo de outra maneira.
De uma coisa estou certa: a vida será sempre fonte de emoção.
Não estou a ver que o Sol vá sorrir para nós, ainda hoje. Para mim, devo dizer. O astro está cabisbaixo e não nos, me diz por quê. Terá muitos motivos, quando pode, esquece-os. Não aconteceu hoje.
Às vezes, é forte de mais, a mágoa ultrapassa a boa-vontade de esquecer. E então os sorrisos não vêm, escondem-se ou não existem.
Estou a reflectir sobre a natureza, tomando como modelo os problemas humanos e a forma de os entender que conheço, tal como fizeram os Gregos depois dos Egípcios.
Mas na verdade, que sei eu deles?
Queria ver sempre o Sol e a sua alegria, a iluminação, o seu brilho. Porque o seu é o meu brilho, a minha luminosidade e não sei viver sem ela e sem ele. Sem o calor que parece expandir generosamente (ou com algum interesse) e que faz nascer tudo o que é bom e de que necessito.
O frio não deve participar da minha vida. Nem a névoa. Nada que embacie, logo de manhã, a manhã, e me traga com uma luz indecisa, uma paisagem fosca e incompreensível.
Neste momento da minha vida, aprecio a luz sem véus, aquela que faça mais meus, os meus dias. Que são aqueles de que gosto, naturalmente.
De que me aproximo? pergunto neste momento.
Gostaria que as mínimas diferenças que ainda encontro nas minhas horas, seja o que levará o meu mundo à perfeição. Eu já o amo como ele se apresenta, mesmo quando é, como hoje, especialmente chuvoso, mal-encarado e triste; ventoso, desagradável, a empurrar grossas gotas de chuva para os meus vidros sujos e a silvar nas frinchas de forma exasperante.
Mas claro que o amaria mais se o Sol fulgurasse, pois que isso acrescentaria valor ao que vejo e talvez me levasse a descobrir espaços em branco misteriosos, tal como eu os penso.
São apenas propósitos.
Da minha vida, posso dizer, continuo a eliminar o supérfluo, as coisas essenciais bastam-me, não me inquieto que não seja por elas: a clareza é a principal.
No entanto, apreciaria viver doutra maneira, e parto do princípio de que a vida será sempre fonte de emoção.
Tão variado…
Logo de manhã, Centro de Saúde e compras indispensáveis. Regresso com os sacos pendurados em mim, vários. Nada se perdia, se tivesse mais ombros…
Má arrumação das coisas em casa.
Mudo de sapatos. Tenho almoço no Club com amigas planeado há muito para esta data.
À hora, lá estávamos.
Mas não sabia, não contava com o almoço de homens. (90% masculina a população na sala de jantar!) Era perdiz! Elas não querem apreciar o mesmo que eles?
O que me soube, foi rever a cidade depois, ao sair, em direcção ao rio. Soube-me bem? Fiquei muito surpreendida… tão velha, tão usada e desgastada, despedaçada. Alguém andou aos pontapés a ela! À cidade, naturalmente.
É uma tristeza!
Adoro-a, mas não tal qual. A rua dos Clérigos não melhorou nada com o passar do tempo. As lojas estão decrépitas, as fachadas malparecidas e sujas… Não é possível refazer aquilo com um ar mais moderno e asseado? Ou mesmo mais comercial? Nem nesta época festiva, as ruas têm um ar minimamente atraente.
Os turistas vão todos para a rua das Flores? Ou para Mouzinho da Silveira? Para onde?
A preferência dos turistas pela cidade não pode durar. Porque esta cidade não é esta cidade. Não é o que lhes disseram que era, com toda a certeza.
E da parte dos residentes, tem que haver uma atenção impiedosa para se não deixarem levar por não sei que entusiasmo. Por verborreias e coisas sem sentido.
Qual será o nosso critério de referência?
Deve haver belezas encapuçadas… A cidade encobre os seus mistérios, a sua magia? Somos habitantes de alguma miragem?
Qual é a sedução aqui? Não está no seu apregoado despojamento cativante afastado dos clarões das capitais, porque ele já não existe.
Há com certeza uma simplificação desconcertante quanto às predilecções dos visitantes.
Não consigo encontrar as diferenças que me fizeram noutro tempo apaixonar-me pela cidade.
Sinto-me… magoada.
(E é uma crítica complacente.)
Será apenas mais um dia? Não tenho obrigação de o fazer diferente?
Penso que tenho. Porque basicamente sou eu que faço o meu dia, cada dia.
Depende de mim se há sol ou chuva? Não, directamente, sim, desta maneira: sou afectada pela chuva ou pelo sol, mas não de modo marcante. Posso pegar num guarda-chuva ou guarda-sol, vestir roupa apropriada e sair e executar as minhas tarefas normalmente.
O estado do tempo atinge-me, mas de modo simples, tal como o calor ou o frio - não me impede de viver. Pode pôr-me de mau ou de bom humor (lá estarão as emoções a complicar, sem lógica talvez).
Dei um passeio a pé, comprei uns artigos na farmácia – para a enxaqueca, para os dentes. Fui ao Banco, transferi. Passei por diversas montras de lojas, nada atraente. Tanto faz ser Natal como nada. Depois de tantas repetições, tantos anos de repetições, nada, mesmo nada é já atraente.
O mundo é todo muito igual, por igual. Por igual, igual. Precisa de uma revolução séria. SÉRIA. REVOLUÇÂO. Não estou satisfeita, tenho dificuldade em aceitar usanças muito impostas.
O mar lá estava, satisfeito consigo, as árvores nada mal, as pessoas passeantes passeavam satisfatoriamente, sem problemas. E nada de vento.
Estamos em Dezembro, Portugal continua a ser o preferido de quem comanda estas coisas de clima. Devia ser Inverno ou haver chuva torrencial, frio e vento do norte. O que há é amenidade e um sol amoroso, não sei se sabem o que isso é, neste contexto.
O trânsito a essa hora era também prazenteiro e quase silencioso, não apavorava ninguém.
Enfim, o melhor dos mundos.
Entrei em casa e continuou a ser o melhor dos mundos.
Gostava que tivesse sido mais diverso.
(Museu de Arquitectura de Santo Tirso)
De há muito que, por hábito, me encontro comigo todos os fins de tarde ou começo de noite, nestes belos dias de Outono.
Descontraída, depois de um dia mais ou menos intenso, deitada já, olhos no tecto, faço para mim o resumo dos acontecimentos em meu redor nas últimas horas, dos pensamentos que suscitaram e das invenções possíveis e impossíveis a partir daí. E até das viagens que uma outra coisa lembra.
Raramente sonho desde há anos, quem me dera saber por quê, e desejava muito que acontecessem sonhos não românticos, daqueles em que as imagens são fulgurantes e inesquecíveis. Quero dizer, imagens que nos ficam de certas viagens.
Recordo concluir que afinal a minha vida era e é uma tremenda monotonia, tautológica ao infinito.
Desapareço então literalmente ou adormeço porque assim é que deve ser, chegado o momento.
Calculo bem que no dia seguinte, estarei lá à mesma hora, procedendo exactamente de idêntica maneira, pensando o mesmíssimo pensamento.
Fundamentalmente é essa a vida de todos nós e não deixa de ser enfadonha, uma repetição infinita.
Se eu tivesse saudade ou nostalgia do que quer que fosse, talvez de maneira aliciante sonhasse com isso, com essa coisa de que tinha saudades. Sonhos bonitos e diferentes de cada vez, cheios de imaginação, que dariam à vida a sua tonalidade fresca e moderna. Como isso não acontece, apetece-me por vezes dizer que a vida é muito estúpida.
Mas a vida não é estúpida nem pouco nem muito.
As nossas regras e tudo aquilo que inventamos é que pode ser adjectivado, qualificado. A vida não. A vida e tudo o que é natural - entenda-se não inventado pelos seres humanos - é o que é e mais nada.
A vida é a vida, porque vida é vida. Acabou.
O mau é o nosso cérebro. Não podemos acreditar nas conclusões que tira uma massa húmida, ensanguentada e nojenta, formada por tubos retorcidos ligados uns aos outros, e com ramificações. Na forma, lembra o miolo da noz, metade que, no entanto, é um fruto seco e gostoso e dizem ser muito nutritivo.
O cérebro ou «os miolos», como lhe chamava a minha avó, (que os mexia com limão e ovos para nos nutrir de fósforo e ficarmos inteligentes) não tem nenhum valor e quer governar o mundo, todo, todo o mundo.
(Sei que não excluo nada porque falo de Universo com maiúscula e o mais).
Talvez não devamos permitir que o cérebro governe o mundo”! Pensamos que ele o fará de forma excessivamente racional: “serve como uma estrutura física subjacente da mente” e é “gerador de comportamentos que promovem o bem-estar de um animal”. Controla o seu comportamento.
Está fechado num recinto duro, muito protegido, com algumas fissuras e buracos feios, é certo. O que sabe verdadeiramente do que se passa fora?
Bom, informações são lhe fornecidas pelos sentidos, combina-as com actuais necessidades do organismo e com a memória de circunstâncias idênticas passadas e decide que acção a desenvolver como resposta.
Saberá de emoções? Sabe. Mas há muitos mistérios.
Gostava ainda de perceber de que modo
as suas/nossas decisões devem ser tomadas para que vivamos todos felizes neste planeta.
De há muito que, por hábito, me encontro comigo todos os fins de tarde ou começo de noite, nestes belos dias de Outono.
Descontraída, depois de um dia mais ou menos intenso, deitada já, olhos no tecto, faço para mim o resumo dos acontecimentos em meu redor nas últimas horas, dos pensamentos que suscitaram e das invenções possíveis e impossíveis a partir daí. E até das viagens que uma outra coisa lembra.
Raramente sonho desde há anos, quem me dera saber por quê, e desejava muito que acontecessem sonhos não românticos, daqueles em que as imagens são fulgurantes e inesquecíveis. Quero dizer, imagens que nos ficam de certas viagens.
Recordo concluir que afinal a minha vida era e é uma tremenda monotonia, tautológica ao infinito.
Desapareço então literalmente ou adormeço porque assim é que deve ser, chegado o momento.
Calculo bem que no dia seguinte, estarei lá à mesma hora, procedendo exactamente de idêntica maneira, pensando o mesmíssimo pensamento.
Fundamentalmente é essa a vida de todos nós e não deixa de ser enfadonha, uma repetição infinita.
Se eu tivesse saudade ou nostalgia do que quer que fosse, talvez de maneira aliciante sonhasse com isso, com essa coisa de que tinha saudades. Sonhos bonitos e diferentes de cada vez, cheios de imaginação, que dariam à vida a sua tonalidade fresca e moderna. Como isso não acontece, apetece-me por vezes dizer que a vida é muito estúpida.
Mas a vida não é estúpida nem pouco nem muito.
As nossas regras e tudo aquilo que inventamos é que pode ser adjectivado, qualificado. A vida não. A vida e tudo o que é natural - entenda-se não inventado pelos seres humanos - é o que é e mais nada.
A vida é a vida, porque vida é vida. Acabou.
O mau é o nosso cérebro. Não podemos acreditar nas conclusões que tira uma massa húmida, ensanguentada e nojenta, formada por tubos retorcidos ligados uns aos outros, e com ramificações. Na forma, lembra o miolo da noz, metade que, no entanto, é um fruto seco e gostoso e dizem ser muito nutritivo.
O cérebro ou «os miolos», como lhe chamava a minha avó, (que os mexia com limão e ovos para nos nutrir de fósforo e ficarmos inteligentes) não tem nenhum valor e quer governar o mundo, todo, todo o mundo.
(Sei que não excluo nada porque falo de Universo com maiúscula e o mais).
Talvez não devamos permitir que o cérebro governe o mundo”! Pensamos que ele o fará de forma excessivamente racional: “serve como uma estrutura física subjacente da mente” e é “gerador de comportamentos que promovem o bem-estar de um animal”. Controla o seu comportamento.
Está fechado num recinto duro, muito protegido, com algumas fissuras e buracos feios, é certo. O que sabe verdadeiramente do que se passa fora?
Bom, informações são lhe fornecidas pelos sentidos, combina-as com actuais necessidades do organismo e com a memória de circunstâncias idênticas passadas e decide que acção a desenvolver como resposta.
Saberá de emoções? Sabe. Mas há muitos mistérios.
Gostava ainda de perceber de que modo
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