Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Procuro definir…
Para mim, no momento, resumem o mistério do mundo. Os mistérios que quero aclarar, que penso poderem estar ali, por inteiro, nos invisíveis espaços em branco.
A minha vida passou a ser, desde esse tempo próximo em que ouvi falar em certos termos desse “espaço”, um esforço para o explicar, para elucidar o lugar do segredo ou como se fosse esse o lugar do segredo, do enigma, do mistério. E fosse minha missão na Terra descobri-lo, esclarecê-lo.
É a realidade talvez.
Ou será o espaço em branco o vazio, o silêncio, o que nunca é dito, o que se esconde dos meus olhos…?
Faço uma pequena investigação entre pensadores e poetas. Estou muito mais embaraçada agora.
Lembro-me do romance de Agustina Os Espaços em Branco, que faz parte da trilogia “O Princípio da Incerteza”, e é sobretudo uma nova maneira de narrar em que o tratamento do tempo é feito de forma incerta, sem perspectiva infalível. Recordo que o romance termina assim “Camila disse:
Porto – Gólgota, 28 de Março de 2003”
É um grande espaço em branco e nunca saberemos o que Camila disse, naturalmente, mas… importa?
Talvez a realidade seja assim mesmo, incerta. E o espaço em branco o que nunca é dito, o que não chegou a dizer-se, o que não quer dizer-se, o que não quer dizer que não possa dizer-se, ou vir a dizer-se. Talvez seja o que está por vir, o futuro. E por pensar?
Penso nos espaços em branco de diversos modos.
Julgo que a realidade é também o que está escondido, não quer dizer que não exista. Será o que vemos e o que não vemos. Não é nada acabado, perfeito, sobre o que se podem contar longas histórias que abrangem gerações, as sagas familiares e que pareciam ter a intenção de serem perfeitas.
Não posso conceber extensas histórias com um fim, porque não é isso que acontece na realidade.
Por isso, actualmente em literatura são preferidos os fragmentos e os aforismos, os pequenos textos.
E em filosofia sempre houve os construtores de grandes sistemas e os que G. Steiner chama “técnicos do relâmpago” como Heraclito e Nietzsche a quem interessaria mais o resumo do que a enciclopédia.
Vou pensar como é em arte. E em política? E na publicidade? Sempre as coisas podem ser ditas de outra maneira… Há alguma verdade nesses discursos?
Continuo a investigar na certeza de que o vazio a que me refiro não é o nada.
E penso no silêncio que se impõe como o que mais se aproxima da verdade. Recordo: “O silêncio só pode ser verdadeiro já que é o que não pode ser dito doutra maneira”.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.