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Ler o mundo

por Zilda Cardoso, em 26.05.16

Durante anos, pensei ter obrigação de descobrir o que era o mundo (juro!), as razões e os porquês de quase tudo, incluindo, é claro, da minha existência.

Era isso que se esperava que eu fizesse, pensava. Por que haveria de ter ou por que haveriam os seres humanos de ter essa inteligência de que se orgulham e que os faz superiores aos outros seres se não fosse para descobrir as tais razões e causas do que acontece?

Eu não estava a cumprir, não estava a justificar-me. Nunca encontraria o meu lugar no mundo. E andei deprimida ou distraída a maior parte do meu tempo.

Admito que pensei que interessar-me e fazer sérias tentativas de pesquisa empenhada era uma boa forma de legitimar a existência e de agradecer as capacidades que me tinham sido atribuídas como humana.

Ou, por vezes, considerei que esses atributos me tinham sido dados não para me tornar melhor em mim, mas com um objectivo definido e prático, concreto e independente da minha vontade. Não havia nada para agradecer.

A verdade é que ao fim de dezenas de anos de pensamento sério, (terei aprendido a pensar?), não descobri um sentido que importe nem tenho em perspectiva qualquer achado prometedor.

Culpa minha? Talvez não.

Porventura, os dons não são muitos, não são suficientes, de qualquer modo.

A culpa não é minha. Lamento.

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publicado às 21:20

Desolação

por Zilda Cardoso, em 24.05.16

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Vem-me ao pensamento…

surge do nada, alta sobre o mar

ao meu encontro.

Vem vindo devagar, é transparente

límpida, cristalina, reluzente

como se trouxesse o sol.

 

E caminha para mim, alegremente.

Reconheço o pensamento

que será ideia brilhante num momento.

Ou que a traz consigo.

 

De súbito... cai no mar

a gota cai, sem ruído, tomba.

 

Dispersa-se em milhares de lágrimas

minúsculas, algumas inda com luz

daí a nada… imperceptíveis.

 

E tudo volta ao que antes foi.

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publicado às 19:14

Glicínias e Wharol

por Zilda Cardoso, em 20.05.16

 

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Fui ver as glicínias de Serralves.

Imaginei-me interessada no chá que servem na casa do jardim junto ao campo de ténis e ao roseiral, de modo que passeei lentamente até lá, antegozando o espectáculo das flores brancas longas, algumas lilases, delicadas, perfumadas, belíssimo design… Trepam e caem, fluidas, transparentes… às vezes penso que as sonhei. Não existem.

Mas, meu Deus, as glicínias tinham desaparecido!

Fiquei muito pesarosa. Fui perguntar por elas antes de pedir a infusão e explicaram-me que já tinham caído, as flores já tinham caído; tinha havido, sim.

Ora, eu esperara pela oportunidade que pensava ser esta, este momento. Fui de maquineta preparada para registar com minúcia e nada: só verdes, a cor de tijolo do chão do ténis e o sol a alagar tudo. Ah, o vento também… que abanava os arbustos fazendo cair as pétalas das rosas minúsculas e as pétalas de outras flores cor-de-rosa!

Recordo o festival de jazz, sempre o recordo, neste lugar. É hábito instalarem a plateia sobre o “court” e ao fundo o palco para a orquestra ou para os grupos que actuam. No momento, as árvores e os arbustos dançam com frenesi.

O jazz estava apenas na minha memória.

Os ramos frescos estão a ser estimulados por outro estilo de música. Isto não é jazz! Será rock, pop rock, post rock, punk, rock punk, reggae, hip hop/rap!? Diverti-me a tentar adivinhar qual seria, em termos humanos, o actual agitado ritmo deles. Mas, sim, pode ser… não me espanta que seja um jazz muito vigoroso. O que ainda há-de ser inventado.

Sei rigorosamente quando muda, quando acaba uma ária e começa outra, porque o enorme carvalho ali em frente rejubila de cada vez, vê-se, e sinto que se esmera na elegância do movimento e na energia do novo começo. É uma árvore gigantesca que quase cobre o céu esmaltado mas sem a estrela, calculo que sem a estrela que não é ainda hora dela.

Que bom estar ao sol, que salutar ter a frescura apesar do calor, que sadio ter a doce quietude a despeito do vento, que bom estar aqui. As árvores e os arbustos também apreciam a minha presença e companhia, pelo menos, tanto como me deleito com a deles.

Tentei esquecer a falta das glicínias pelas quais tinha ido. E a escassez dos cantos dos pássaros que não era decerto hora de cantarem as melodias brandas do meu contentamento. Resolvi alegrar-me com o que tinha e que era muito e valioso. Assim pude não escutar a “prosa do mundo” que usa política e seus desvarios, governo e “regoverno” (gostei), e relações entrelaçadas e difíceis para confundir. Não ouvi mais ecos nem excitação, nenhum pensamento me atormentou. Permaneci sorridente e conivente com a poesia florida do lugar dissolvida no chá perfumado de hortelã.

Esqueci-me de mim, o tempo voou. À saída, entrei na livraria e comprei um caderno de apontamentos capa dura com pintura pop, famosa, flores intensamente coloridas. Wharol, pela certa.

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publicado às 18:16

No dia do aniversário

por Zilda Cardoso, em 13.05.16

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A propósito dos contos de Mónica Baldaque recentemente editados e reunidos no volume A Raiz Vermelha do Amor em que o tema melancolia está tão presente como estava nalguns anteriormente publicados - Vinte Anos na Província ou Contos Sombrios - pensei o que diria um filósofo como George Steiner desta ligação tão funda da escritora a uma saudade, a uma certa tristeza, à melancolia que me parece coisa do passado.

Que diria ele de melancolia que avalio muito própria de gente do Sul, isto é, dos que dão mais importância ao coração do que à cabeça, ao sentimento do que à razão?

Ele surpreendeu-me. Vejam.

Cito-o: ”Schelling, entre outros, atribui à existência humana uma tristeza fundamental, inescapável. Mais particularmente, esta tristeza oferece o fundamento sombrio sobre o qual assentam a consciência e a cognição. Este fundamento sombrio deve, na verdade, ser a base de toda a percepção, de todo o processo mental. O pensamento é rigorosamente inseparável de uma “melancolia profunda e indestrutível”. A cosmologia actual oferece uma analogia à crença de Schelling. Aquela do “ruído de fundo”dos comprimentos de onda cósmica, esquivos mas inescapáveis, que são os vestígios do Big Bang, do surgimento do ser.”

Do livro de Steiner Dez razões (possíveis) para a Tristeza do Pensamento, Lisboa 2015.

E é também de Schelling, citado nesse livro:

“Tal é a tristeza inseparável de toda a vida finita, uma tristeza, porém, que nunca se torna realidade e serve tão-só para dar a alegria eterna de a superar. Dela vem o véu de pesar que se estende sobre toda a natureza, a melancolia profunda e indestrutível de toda a vida”.

São pensamentos de Schelling com os quais Steiner está sem dúvida muito de acordo. 

 

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publicado às 17:30

VALE A PENA?

por Zilda Cardoso, em 12.05.16

 

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Não parámos de pensar, não podemos, mas é possível, até certo ponto, disciplinar os pensamentos para que não nos inquietem… ou para que nos inquietem, conforme o que pretendemos.

Se quero pensar um tema, os meus pensamentos sobre ele não se desviam com precipitação, não se escapam facilmente. Vou buscar conteúdos aos meus conhecimentos, às minhas recordações, aos meus sentimentos, apelo por eles às vezes quase aos gritos e assim componho pensamentos. Posso elaborá-los de distintos modos, entrançá-los, tecê-los ou misturá-los de diferentes maneiras, a ver o que dá…

Por mim, vou assim até onde quero ir. Ou até onde as minhas capacidades me levam. Podem dar ideias brilhantes, quem sabe! Ou apenas mais inquietações.

Porém, se o meu pensamento é abstracto ou acerca do mundo, que é quase a mesma coisa, se não há um tema a orientar-me, por mais que me concentre em coisa nenhuma… não encontrarei o que pretendo. Sobretudo porque não procuro nada ou não sei o que procuro.

Isto, esta pesquisa, acontece quando o silêncio é profundo, com a noite silenciosa e com o sono mais pacato. Com o sonho talvez. Algum vazio os provocou; aprecio vivamente este tipo de pensamento que não é.

E começo a aprofundar, a especular.

Como se formaram os pensamentos na minha cabeça? Donde vieram? Qual a sua substância?

Por vezes, parecem acumular-se, emperram, não fluem. E eu fico a repetir os repetidos sem nenhum aprazimento. Quando fluem, sucedem-se uns aos outros facilmente, são intuições em momentos de inspiração e desejo que venham a ser excelentes ideias que significarão o que pareça ser importante.

Acontecerá isso mesmo quando os reconhecer como ideias, isto é, depois de os ter traduzido em palavras. Sabemos que nenhum pensamento tem existência e se consegue sequer formular, se não for transformado em linguagem. Não se pode pensar, como se poderia registar?

Além de que a linguagem da língua tem inúmeras dificuldades. A língua é uma coisa elaborada e muito antiga (conhecemos várias línguas de dupla articulação, semelhantes) que serve a grande comunidade dos homens desde há milhões de anos em princípio para que comuniquem entre si, para que se entendam.

Pego num lápis e num papel e tento registar, o quê? Só posso registar ideias… e escapam-se. Fico frustrada. Se descrevesse todo este movimento, o esforço para reter o que está antes do pensamento e lhe deu origem?! É o conteúdo das ideias que se perde seriamente num movimento muito incerto, nenhuma ideia nova me iluminará como antes parecia possível.

Devo tentar outro tipo de linguagem, não esta que é a que nos ensinam quando nascemos. A que temos obrigação de aprender, a que deve ser fácil já que podemos não saber mais nada e vivemos. E podemos não saber sequer pensar (com profundidade ou espessura), no bom sentido e vivemos.

Pouso o lápis, apago a luz, tento dormir. Está frio, tenho muito frio.

Daí a pouco, ergo-me outra vez. Inquieta, tento de novo, apressadamente, lápis na mão… Os pensamentos vêm em ondas, não sei donde, desenrolam e espalham-se, somem-se na areia. Somem-se. A areia fica molhada, mais nada resta.

As ideias que os pensamentos podiam trazer… não sei delas, não passaram de intuições. Chegaram a ser intuições, informuláveis. Pensamentos temo-los sem qualquer esforço, nem sequer podemos evitá-los, ideias são outra coisa. E o que importa são as ideias, naturalmente.

Este é, para mim, um difícil processo de as produzir.

Também acontece estar a contemplar uma belíssima paisagem e começar a interrogar-me sobre a origem daquele céu e por que razão é cinzento ou azul e não amarelo nem cor-de-rosa. Ou por que aquela água corre estreitamente lá ao longe entre montanhas socalcadas… E qual o motivo de estar aqui como pousada, nesta contemplação…

Onde é que isto me leva? A "ideia" escapa-se antes que a transforme em qualquer coisa com sentido. E calculo que não saberia agarrar o clarão se, em algum momento, ele se produzisse.

Como me permito então interrogar-me sem superficialidade sobre mim, donde vim, para onde vou, quem sou, quando devia simplesmente gozar a beleza do mundo e estar feliz?

Na verdade, as velhas questões põem-se como há milhares de anos, não sei de todo como responder.

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publicado às 20:02

Reflexões sem propósito

por Zilda Cardoso, em 07.05.16

 

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É interessante verificar até que ponto um dia cinzento como o de hoje NÃO é propício a uma reflexão de bom nível. Para mim, é favorável à solidão não ao silêncio e, por isso também, não à reflexão.

É propício à solidão. É assim que estou só sem ser obrigada a estar nem a prestar atenção, nem tão pouco a manter-me indiferente ao que me rodeia. Que é uma cortina espessa e triste de vagas tonalidades pardas e lilases, melancólicas como tudo e que são como cortinas de lágrimas sobrepostas. São mágoas, não é chuva.

Acho que ninguém precisa de ver e de viver isto… nem eu. Em certos momentos da minha vida, tive grande prazer em participar desta grande comunidade, destes sucessos, mas decerto tive mais ocasiões de dor.

Aprendi algumas coisas que serão de todo inúteis se não falar delas nem as escrever para que alguém leia um dia e aprenda, se quiser. Uma das noções mais importantes que adquiri ao longo da minha vida foi que tudo é relativo - uma fantasia assim comum e popular, um desafortunado cliché!

Vou fazer isso, vou escrever. E é por esta ideia que quero começar: tudo tão relativo, tão relativo que não pode haver nada absoluto. (É aqui que pergunto quem e em que momento alguém meteu esta ideia de absoluto na cabeça?!)

Se tivesse pensado há anos na total relatividade das coisas, não teria dado tanta importância à maior parte dos acontecimentos da minha vida. Porque não eram realmente importantes. E poderia dizer como Mia Couto que “a vida é tão simples que ninguém a entende”.

O ser simples não quer dizer que seja fácil de entender. Pois não.

Mas o que quero dizer a respeito de ideias impossíveis de conceber e de absoluto é que não abdico dele, de pensar nele, no absoluto, mesmo depois de o considerar de todo impossível de conceber e inexistente, naturalmente.

Este nevoeiro fecha-me num lugar muito limitado e dificilmente posso ver para o longe. E muito mais difícil será ver para além do que é normal ver e para além do que vejo do mundo aqui num dia claro e límpido.

Neste dia cinzento como nesse outro transparente, o que procuro é a origem das coisas, quero dizer como o Filósofo*, em que procuro “aquilo a partir do qual e através do qual uma coisa é o que é e como é”. Ele chama essência ao que uma coisa é como é.

Estou a imaginar ser este o pensamento dele para um dia tão fechado. Para mim, o mais fácil, se quero reflectir hoje sobre este hoje como se apresenta hoje, é considerar o que tenho na minha frente como uma obra de arte.

Que lhes parece? E então começo por considerá-lo coisa e depois outra coisa que é o que não aparece. E que nesta tarde cinzenta é muito maior e mais impenetrável do que num dia de sol resplandecente.

É isto que concluo: os meus esforços para pensar claro, para forçar o meu caminho para a luz, revelaram-se totalmente estéreis. Está cada vez mais espesso o cinzento, o ser, isto é, o mundo. Hoje.

 

*Refiro-me a Heidegger.

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publicado às 19:25

A realidade do mundo

por Zilda Cardoso, em 02.05.16

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Sei que não consigo realizar nada perfeito, apesar de ter ideia do que é perfeição, do que é  acabado, incontestável, não vulnerável à crítica…

Concebo o que é perfeito… senão como podia comparar e dizer este é… aquele não é? A menos que a minha razão seja desordenada.

Mas é-me impossível executar o que for, assim, perfeito, sem ajuda.

Ajuda de quem? De quê?

Deus, é o que vem à mente. Só pode ser Deus. Não posso dizer que não acredito em Deus, acho que nunca disse. Acredito, não no sentido de um Todo Poderoso que manda no mundo e que provavelmente se ri dos meus esforços (ou se entristece com eles), mas como o que me trouxe até aqui e não me leva mais longe porque não quer, decerto. E porque sabe que não tenho inteligência para ir mais longe, não me deu suficiente capacidade, neurónios e o mais que ele sabe que é preciso.

Terá que voltar atrás e construir-me de novo, desde o princípio. Ou reconstruir-me o cérebro com muito mais elementos fortes e mais complexos, bastante mais do que os habituais 86 biliões de neurónios com incrivelmente maior número de conexões.

Não creio que alguma vez chegue a compreender melhor seja o que for deveras importante se não houver essa reconstrução. Esperar que haja em mim faculdade de evoluir para melhor, quero dizer, para mais perspicaz… sem intervenção é… demorará milhões de anos. Possivelmente muitos milhões, mas é verdade que… qual é a pressa? Quem tem pressa?

A questão não é essa: uma evolução no mundo por processos mecânicos é sempre possível e pode persistir e ir acontecendo por todo o sempre. Mas algum dia chegarei a saber…?

Talvez a ideia tivesse sido ininterruptamente essa em relação a mundos a entender, terá sido sempre a de se ir evoluindo, progredindo, trocando, e não haja outra finalidade. O que não se compreende é o meu desejo permanente de assimilar mais e melhor, não somente ir mais além, mas ir ao fim. Alguns destes esforços têm sentido?

Há duas questões nesta minha preocupação: uma é o eu não ter capacidade para compreender, a outra é a própria realidade ser traiçoeira, escorregadia e e mesmo impenetrável.

Vou-me deixando enganar pelas minhas percepções erradas de uma realidade falhada.

Não obstante todo esse (re)conhecimento, o que preciso saber é quem deu o primeiro toque, empurrão ou não sei o quê para que este movimento do mundo principiasse a acontecer. E qual a origem desse quem. Preciso saber para acreditar nele, no seu poder e saber.

É este o grande mistério. Grande Grande Mistério: e chamo-lhe Deus.

A minha vontade é abandonar.

Pois não posso viver num mundo que leio como incerto, ondulante, escorregadio, assustador, quero dizer, sem conhecer verdadeiramente a realidade desse mundo e não acreditando na ordem ou na lógica da minha razão. No fundo, não sabendo nada de nada.

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publicado às 09:06




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