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No princípio era o caos, confuso, indistinto, desordenado, diziam os sábios clássicos tentando explicar a origem de todas as coisas. As coisas foram ganhando forma (eram matéria e força), foram-se separando e saindo do caos, puderam ser explicadas, fomos compreendendo…
A ordem no mundo foi sendo estabelecida e continuamos na imensa tarefa de ordenar o caos, de o transformar em cosmos. Convencemo-nos de que não podíamos viver sem lei nem ordem, e sem organização não sabemos raciocinar.
Até agora, continuamos a tentar conter o caos nos seus limites, sabendo que nos ameaça e a todo o momento está prestes a irromper e a baralhar o nosso mundo.
Em certo momento, percebemos que há ciclos e aquilo a que alguns chamam eterno retorno. É uma esperança?
Quando olho para alguns quadros de Pedro Amaral, como este no catálogo da Galeria Quadrado Azul, não posso deixar de lembrar estes Grandes Pensamentos.
É um quadro de enormes dimensões e, num primeiro momento de observação, é caótico – mistura culturas diferentes, espaços e épocas além de técnicas muito variadas. Usa fontes e referências próprias do cinema, da publicidade, da banda desenhada, da ilustração… e temáticas que são sobretudo crítica ao viver das sociedades contemporâneas.
Usa os ícones da política e da propaganda e o erotismo em imagens por demais conhecidas com novos significados. A aparente mistura, confusão e sobrecarga informativa pode ter como objectivo acentuar o sentido que lhe quer dar. E chamar a atenção para os problemas que nos devem preocupar: para os vícios da moda e da sedução, para o provisório, o entretenimento…
Se pretende atingir um equilíbrio formal em cada quadro, penso que conseguiu mais uma vez.
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