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Mais fragmentos - Pedro Amaral

por Zilda Cardoso, em 21.01.16

Pedro Amaral - Whaam.JPG

 

Vamos poder parar, parar o conflito, e gozar as belezas, as branduras e os carinhos deste mundo? Por que… o que sabemos acerca do que há noutro mundo qualquer? Ou sequer se há outro mundo? Se haverá outros mundos? Se vale a pena…?  (… usufruir este enquanto aqui estamos, já que não ficaremos nele para sempre…)

Neste caso… para qual mundo iremos? Em que companhia? Terá que haver uma escolha… de quem? Ficaremos aos gritos ou sorridentes? Sentir-nos-emos compensados pelas injustiças deste, desigualdades sociais e individuais... se viajarmos para um mundo onde não haja nada disso. Ou não haja nada do que queremos que não haja?

Talvez seja uma solução: ir para um mundo em que não haja nada do que não apreciamos. Haja em profusão aquilo que admiramos. E, por isso, estaremos felizes para sempre. Não precisaremos de nos preocupar tanto como Pedro Amaral com os problemas da democracia, com a ecologia, com o estado do País e do mundo… Com o esgotamento dos recursos e com o lixo em profusão. Não precisaremos de nos preocupar em todos os momentos com subversão e outros empreendimentos assim difíceis.

Permanentemente de armas na mão? As armas destroem mesmo quando querem compor. E afinal parece que gostamos de estar todos juntinhos no mesmo canto do mundo, na Europa.

Todavia, é muito eficaz a forma de Pedro Amaral pedir atenção para problemas graves; usa técnicas muito convincentes que têm resultado noutros contextos, sobretudo em cartazes e no cinema. E que resultarão aqui.

Compreendemos a intenção crítica, o seu desejo de pôr em causa a forma como vivemos, o fascinante sistema económico e político em que se baseia a nossa sociedade - tudo o que é amplamente questionável.

Porém, podemos baixar as armas e ir trabalhar um pouco, cada um à sua maneira, a seu gosto?

Se nos preocupamos com “o sentido da presença humana no mundo” como será o preocuparmo-nos com a presença humana em todos os vários mundos que talvez existam? Esse primeiro problema, sim, deixaria de ter sentido.

E claro a vetusta pergunta que nunca deixou de ser feita continua pertinente: de onde vimos, para onde vamos, quem somos?

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publicado às 18:30

Fragmentos de um discurso amoroso

por Zilda Cardoso, em 18.01.16

 

Há um trabalho de Agustina, até há pouco inédito, sem designação de género, apresentado recentemente como

Conjugation de Pedro Amaral (1).jpg

 

ópera com sucesso. É “Três Mulheres com Máscara de Ferro” que vi encantada em Lisboa em Outubro no âmbito do Congresso Internacional na Gulbenkian. Foi apresentado depois no Teatro Aberto.

É um diálogo dramático, entre mulheres que são personagens principais dos livros de Agustina, muito interessante e expressivo. São elas Quina, de A Sibila; Fanny,  de Fanny Owen e Ema ou Bovarinha, de Vale Abraão.

Gostei da peça em um acto que além do texto Agustiniano (um achado, o tema) dito com bela música de E. Carrapatoso por excelentes vozes, tem figurinos muito inspirados e cenário original.

Resultou um espectáculo surpreendente e extremamente contemporâneo, digo eu, se bem que a opera seja uma forma de arte com séculos em que cantores e músicos e escritores interagem na realização de um tema dramático.

Não há dúvida de que é muito difícil definir este tipo de obras em que são combinadas diversas formas de arte. Ou da mesma arte. Diversos estilos.

As artes interagem – a música, a dança, a expressão verbal … Os géneros híbridos serão os mais viáveis no presente, nada de filosofia nem de grande poesia – em que poderia a filosofia ajudar no presente? A investigar os fundamentos da matemática e das ciências? “. Talvez se deva dar lugar “ao palrar ininterrupto do quotidiano“, sempre em “tristes ruminações”e que Steiner detesta como grande pensador fora do seu tempo.

Pois, as artes interagem.Haverá daqui em diante sínteses de artes abstractas e de figurativas, de outras.

Será mesmo tempo de aventuras ao contrário do que dizem alguns políticos.

Volto ao pintor Pedro Amaral e ao trabalho dos dele que prefiro.

É uma obra tão comprometida como qualquer outra das que conheço, mas muito mais optimista.

Ele está permanentemente com armas na mão, a sua vontade é combater, é empenhar-se em todos os momentos da vida para que não se esgotem os recursos naturais nem caminhemos para uma terceira guerra mundial.

Mas quem sabe qual será o futuro da humanidade?

A desigualdade social, o estado do País... os temas políticos deverão ser temas de todos os dias?

A verdade é que neste quadro há uma figura lindíssima que pode representar a Primavera - jovem sedutora e florida, sorridente e cheia de sol.

É um quadro maravilhoso e leva-me a pensar que talvez afinal haja muito mais para além da guerra, muito mais do que pensa a nossa filosofia.

Devo analisá-lo em fragmentos para não ser muito antiquada. Amanhã é outro dia.

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publicado às 18:46

Novas aventuras

por Zilda Cardoso, em 17.01.16

pedroamaral.jpg

Penso que é fácil concordar com G. Steiner quando diz que os grandes sistemas filosóficos são coisas do passado. Assim como os grandes poemas. E talvez os grandes romances como os de Agustina que são mundos complexos e coerentes, embora já se digam inacabados.

Duvido que sejam construídos outros com idêntica inteligência - produto de reflexão silenciosa… Steiner afirma que há muito ruído, demasiado ruído dentro e fora das nossas cabeças imposto sobretudo por avançadas tecnologias de comunicação, E que essa falta de silêncio não é propícia à reflexão. Sabemos que não é.

Deverá poder pensar-se que a filosofia tem que fazer uma pausa ou acabará de vez!? Ou ressurgirá totalmente outra?

Acho que isso, essa nova filosofia, não começou a ser inventada ainda, mas o “passado histórico do Ocidente”, tal como o conhecemos, está a ser efectivamente rompido, fracturado, a favor da efemeridade, da interacção, dos géneros híbridos e da desordem. Qualquer um de nós, pode observar essa tendência na arte, na literatura, na vida.

Fala-se de sentido como jogo, de uma filosofia pós-textual, e de poesia como “happening colectivo”…

Não sei se compreendo o que o filósofo quer dizer com estes estranhos vaticínios.

Mas é notória uma mudança - o momentâneo, o transitório, o fragmentado têm o favor da maioria. E mesmo os fenómenos estéticos e intelectuais aceitariam e integrariam “ a rasura e a vassourada auto-destruidora da morte”. Já se não procura a imortalidade… que coisa!

Descobertas bioquímicas e neurológicas mostrarão em breve que os processos inventivos e cognitivos da psique humana serão de origem material. E mesmo a conjectura metafísica e o achado poético serão formas complexas de química molecular.

Que pena! Será uma novíssima aventura?

Por mim, vou estudar o que quer dizer o Pedro Amaral com a sua pintura fragmentada.

 

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publicado às 16:04

Como somos: bons ou maus?

por Zilda Cardoso, em 07.01.16

Nascemos todos bons – somos bons por natureza; ou nascemos todos maus - somos maus por natureza são duas afirmações fortes: qual delas se aproxima da verdade?

Eis a questão: dizer que somos bons por natureza difere muito de dizer que somos maus por natureza?

I don’t think so… e calculo que não levará a resultados diferentes.

Reparo que o que acontece é que temos em potência todas as qualidades possíveis que não são nada até que a educação, a relação social e as circunstâncias as incrementem.

As crianças têm um cérebro inacabado ou imaturo ainda no momento do nascimento que naturalmente funcionará depois de aprendizagem.

Porque passa a haver crescente necessidade de responder a estímulos do exterior e isso leva a que qualidades próprias e aptidões específicas se desenvolvam.

Aceita-se que é o cérebro que comanda essas operações de resposta a estímulos, é o órgão do pensamento, das relações sociais, da consciência. Do psiquismo, enfim, que na internet se define como conjunto de características psicológicas de um individuo ou conjunto de fenómenos psíquicos e processos mentais. É a personalidade que dá ao psiquismo a sua coesão.

Também li que a constituição química dos cromossomas do ovo dirige a construção do cérebro”.

Lembro que o córtex cerebral humano tem 14 biliões de células e conexões múltiplas, é um cérebro complexo que nos permite reagir e adaptarmo-nos às estimulações do meio ambiente das formas mais diversas.

O que levará a que nos comportemos de tão diferentes maneiras?

Há a personalidade de cada um, seja o temperamento, a sua constituição, as “marcas deixadas pela sua história individual”. Inclui o consciente e o inconsciente na sua relação com o mundo exterior, dizem os sábios.”É o nosso ser global”.

Assim cada individuo terá o seu modo habitual de reagir conforme a personalidade que arquitectou. E de acordo com o caracter que em parte herdou. (Aparentemente esta é uma porção muito pequena).

Por isso, posso dizer, nascer bom ou mau, não faz muita diferença. Tudo se pode modificar depois.

Sobre estes assuntos de Bem e de Mal vale a pena ler Daniel Goleman, “Uma força para o bem”,  que dá a visão actual do Dalai-Lama para o nosso mundo.

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publicado às 13:40




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