Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Somos seres frágeis e efémeros que sumirão em qualquer momento. Há toda uma história de gerações…
Isso acontece sem sombra de dúvida… pelo modo como somos constituídos. Sabemo-lo de ciência certa também por experiência, por verificação: não é uma ilusão ou um medo ou uma esperança. É um acontecimento que vem acontecendo a cada um de nós e a todos. Só não sabemos se será no momento que segue este ou daqui por dez anos. Ou por quantos.
Este conhecimento tão antigo devia estar sempre presente como tal no nosso pensamento. Como tal, quero dizer, como acontecimento real natural aceitável e inevitável.
Se assim pensássemos, deixaríamos talvez de tentar escapar-lhe, de todos os modos.
Por que razão fazemos disso um drama? Por que havemos de recear tanto o que está programado para cada um de nós desde sempre… de muito antes de nascermos?
E assim nos matamos a inventar coisas para prolongar a vida e o que inventamos…dizemos que vai eliminar a vida no planeta, vai acabar com tudo aquilo que é básico e de que precisamos absolutamente. Não vamos ter ar bom para respirar nem água potável para beber nem o que saudável comer. O nosso progresso, é sobretudo tecnológico e científico. E também arrasador.
No entanto, a população aumenta e adapta-se: à poluição, às alterações climáticas globais, ao urbanismo excessivo, ao desperdício e à competitividade: às alterações que aquele aperfeiçoamento torna inevitáveis.
É muito confuso.
Eu acho que vamos ter sempre o que comer mesmo que esteja cheio de químicos – é a minha convicção.
Pelo que parece, os químicos não nos fazem grande mal: vivemos cada vez mais tempo. Somos tão químicos! O que somos senão químicos para além de…
Somos imortais.
Não sabemos o que andamos para aqui a fazer. Não compreendemos nada. As questões velhas de milhares de anos que parecem fundamentais permanecem por responder: quem somos, como nos instalamos aqui, para onde vamos... Mas podemos encontrar essas explicações, esses sentidos, sabemo-lo agora.
Porque temos uma outra vida num mundo espiritual que talvez não estejamos a estimar devidamente.
Vamo-nos encontrar todos, depois, nesse mundo de procura que é de transcendência (cada um definirá transcendência como entender), onde todas as dificuldades de entendimento serão superadas.
Esse depois é para sempre, não precisamos de nos preocupar.
Temos tempo.
Somos imortais.
O calor explodiu na cidade como um grito matinal… E continuou o dia todo ecoando com intensidade mesmo na beira-mar, nas ruas sombrias e nos jardins normalmente húmidos. As pedras cinzentas aqueceram intensamente.
Ainda na manhã, estive no Jardim do Calem à beira rio, sentei-me num banco à sombra e tentei entender os brilhos da água que me seduziam e que registei.
Depois, tive a genial ideia de ir a Serralves, já de tarde, pensei justamente que com tantas árvores e arbustos, água correndo e lagos havia de ter um ambiente menos constrangedor.
Mas qual quê?
Não se podia estar em parte alguma com conforto, a Casa e o jardim eram quase desertos. Os nortenhos muito mais espertos do que eu, nortenha, nem sequer estavam na praia nem nas ruas onde não corria qualquer vento: tinham ficado em casa.
Há muito que fazer em casa, muito. A casa pode ser um turbilhão de acontecimentos. Ou não: pode ser um lugar de segredo. E de meditação. Ou de paciência.
Seja como for, hoje como ontem, é um bom lugar para estar.
De manhã, ao levantar, contemplo o céu
ele é claro e azul e nítido.
Quando me deito, é luminoso e azul.
É sempre dia, no Verão: ele...
simplesmente azul e brilhante.
Adormeço e penso/sonho com céus
luzentes e puros, azuis e vulneráveis.
Invento histórias para contar
gravando-as sobre este, transparente
descuidado de mitos e alto, camadas
e camadas de nada, cúpula
sobre que as construo sem aprofundar.
São histórias intensas
que não mudam o azul.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.